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Serra anuncia banda larga para baixa renda
Governo paulista assina decreto que isenta do ICMS os planos de até R$ 29,80; Telefônica é a primeira a aderir ao programa
Isenção vale apenas para velocidades entre 200 Kbps e 1 Mbps; surpreendidas, operadoras tentam fechar conta para lançar planos
ELVIRA LOBATO
EM SÃO PAULO
JULIO WIZIACK
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governador de São Paulo,
José Serra, anunciou ontem
isenção da alíquota de 25% do
ICMS para os planos de banda
larga destinados à baixa renda.
A assinatura deverá custar até
R$ 29,80 para velocidade mínima de 200 Kbps e máxima de 1
Mbps. A isenção só vale para
novos clientes. Quem decidir
migrar de um plano mais caro
para o "pacote popular" pagará
taxa de R$ 100.
O preço da internet de baixa
renda inclui o modem (equipamento que permite a conexão à
rede via cabo telefônico), a instalação e o serviço do provedor
de acesso. Para chegar a esse
valor, Serra disse que o Estado
abriu mão de R$ 10, e as operadoras, de outros R$ 10. Segundo
ele, o preço mínimo de mercado era R$ 50.
O secretário da Fazenda de
São Paulo, Mauro Ricardo, afirmou que todas as companhias
mantiveram conversas com o
governo. Mas só a Telefônica
aderiu ao programa. A partir de
9 de novembro, ela passa a vender 250 Kbps por R$ 29,80.
A Folha apurou que, diferentemente da Telefônica, as demais operadoras não tiveram
acesso ao decreto, contendo os
detalhes finais, incluindo o
preço. A Net, principal concorrente da Telefônica em São
Paulo, foi uma delas.
Na hora em que Serra anunciava o teor do decreto, o vice-presidente da Net, Eduardo Aspesi, pedia à sua equipe, por telefone, que descobrisse uma
forma de baixar o preço, porque a Telmex (controladora da
empresa) iria pressioná-lo
após o anúncio da Telefônica.
Aspesi afirmou em seguida à
Folha que desconhecia o decreto. A empresa confirmou,
em nota, que não teve acesso ao
documento e que, a partir de
agora, estudará as condições
para aderir ao programa.
O presidente da Oi, Luiz
Eduardo Falco, também disse
que não conhecia o decreto.
"Não sei o que vai ser regulado,
mas não vendemos equipamentos [referindo-se à entrega
do modem]." Após o anúncio,
Falco disse que estudará uma
estratégia para oferecer o produto gratuitamente por um período, em vez de entregar o modem, como exige o decreto.
Cálculos do governo paulista
indicam que existam pelo menos 2,5 milhões de residências
potenciais a aderir ao programa. Serra acredita que pelo menos metade deverá adquirir o
plano de R$ 29,80.
A perda de arrecadação será
de, no máximo, R$ 100 milhões,
contando com os clientes que
pagariam R$ 100 para mudar
de um plano tradicional da operadora pelo "popular". "Seria
um "downgrade" [retrocesso] da
banda larga e não acreditamos
que isso vá ocorrer", disse Ricardo. Por ano, a internet rende
R$ 534 milhões em ICMS aos
cofres estaduais.
Mais difícil
As novas regras também valem para as operadoras móveis,
mas a Fazenda disse que elas
não tiveram interesse.
A Vivo negou e disse que a
operadora deve aderir ao programa antes do Natal. "A gente
forneceria a R$ 50", diz seu presidente, Roberto Lima. "Nosso
desafio é fornecer o modem
gratuitamente."
Diferentemente das operadoras fixas, a maioria dos modems da banda larga móvel é
importada e chega ao país custando cerca de R$ 300, incluindo os impostos.
Devido a esses custos, as operadoras móveis pediram à Anatel que ela permitisse contratos
de fidelização de dois anos. Hoje, o limite é de um ano. "Seria
uma forma de amortizar", diz
Lima. Não deu certo.
Desde então, elas enviam
propostas à Fazenda para viabilizar sua entrada no programa. Uma das ideias apresentadas foi a concessão de linha de
crédito especial com juros mais
baixos para que o consumidor
pudesse adquirir o modem na
hora de comprar o plano.
Outra possibilidade seria a
venda de notebooks (que já
usufruem dos descontos de
ICMS concedido por lei federal) com modems de internet
móvel pré-instalados. O modem passaria a usufruir dos
mesmos benefícios dos computadores. Nenhuma dessas propostas avançou na Fazenda,
que tenta forçar as operadoras
a discutirem custos com seus
fornecedores.
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