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BB quer comprar Instituto de Resseguros do Brasil
Estatal conta com 90% do mercado no país e teve imagem abalada no mensalão
Governo acredita que, com
resseguradora forte, poderá
fazer deslanchar obras do
PAC; BB busca aumentar
presença no setor de seguros
SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na tentativa de driblar a concorrência e avançar na área de
seguros, o Banco do Brasil
anunciou, ontem, mais uma
ofensiva: quer comprar o IRB-Brasil Re (Instituto de Resseguros do Brasil), uma espécie
de seguradora das seguradoras.
A proposta, acertada com o
Ministério da Fazenda, agrada
ao governo como um todo por
resolver vários problemas de
uma única vez. De um lado, o
BB, controlado pela União, vê
no setor de seguros uma fonte
de lucros significativos nos
próximos anos, já que é um
mercado em expansão e possibilitará à instituição entrar
num novo segmento.
Especificamente no caso do
resseguros, o banco corre atrás
da concorrência, que já tem
participação no instituto.
Segundo dados da equipe
econômica, o Bradesco tem
21% do IRB, e o Itaú, cerca de
17%, enquanto a participação
do BB é de só 1%.
Do outro lado, a equipe econômica acredita que poderá finalmente se livrar de duas
grandes pendengas.
A primeira é reestruturar o
IRB, que ficou com sua imagem
abalada depois do envolvimento no escândalo de pagamento
de propinas do mensalão.
A outra é que, com um instituto de resseguro forte, o governo poderá fazer deslanchar
financiamentos para obras do
PAC (Programa de Aceleração
do Crescimento). O resseguro é
uma operação em que é feito
um "seguro do seguro".
Quando uma seguradora faz
um contrato superior à sua capacidade financeira, no caso de
uma plataforma de petróleo ou
uma usina, por exemplo, ela repassa parte desse risco a uma
resseguradora, que divide a
conta caso algo dê errado.
Os técnicos da Fazenda têm
defendido dentro e fora do governo que a execução de grandes projetos de infraestrutura
-como as usinas de Jirau, Santo Antonio, Belo Monte e o
trem-bala- aumenta a procura
por "seguros de performance" e
garantias dessas operações.
Como são obras que movimentam uma quantidade significativa de dinheiro, avalia-se
que é preciso uma ação do governo nessa área.
O anúncio oficializado em
comunicado ao mercado, ontem, pelo banco, vai nessa direção. O IRB é uma empresa estatal federal que tem hoje cerca
de 90% do mercado de resseguros no Brasil e é líder dessa área
na América Latina.
Até 2008, esse setor era um
monopólio no país. Mesmo
com a abertura desse mercado,
o IRB tem ainda a maior fatia.
A companhia foi criada em
1939, pelo presidente Getúlio
Vargas. A União tem 100% das
ações ordinárias (com direito a
voto) do IRB e 50% do capital
total da empresa.
A expectativa é que o BB
compre apenas uma fatia desse
controle. Os sócios privados da
empresa são, na maioria, empresas seguradoras e bancos.
Não há informações, ainda,
sobre valores. A empresa tem
atualmente R$ 10,4 bilhões em
ativos, o que representa cerca
de 2% dos ativos do BB, maior
banco do país. O IRB acumula,
até julho deste ano, lucro de R$
82 milhões.
O anúncio de que pretende
comprar o IRB é a segunda
ofensiva recente do BB no mercado de seguros. No início do
mês, o banco, presidido por Aldemir Bendine, divulgou parceria com a Mapfre e que quer
adquirir parte da SulAmérica.
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