São Paulo, sexta-feira, 16 de outubro de 2009

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BB quer comprar Instituto de Resseguros do Brasil

Estatal conta com 90% do mercado no país e teve imagem abalada no mensalão

Governo acredita que, com resseguradora forte, poderá fazer deslanchar obras do PAC; BB busca aumentar presença no setor de seguros

SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na tentativa de driblar a concorrência e avançar na área de seguros, o Banco do Brasil anunciou, ontem, mais uma ofensiva: quer comprar o IRB-Brasil Re (Instituto de Resseguros do Brasil), uma espécie de seguradora das seguradoras.
A proposta, acertada com o Ministério da Fazenda, agrada ao governo como um todo por resolver vários problemas de uma única vez. De um lado, o BB, controlado pela União, vê no setor de seguros uma fonte de lucros significativos nos próximos anos, já que é um mercado em expansão e possibilitará à instituição entrar num novo segmento.
Especificamente no caso do resseguros, o banco corre atrás da concorrência, que já tem participação no instituto.
Segundo dados da equipe econômica, o Bradesco tem 21% do IRB, e o Itaú, cerca de 17%, enquanto a participação do BB é de só 1%.
Do outro lado, a equipe econômica acredita que poderá finalmente se livrar de duas grandes pendengas.
A primeira é reestruturar o IRB, que ficou com sua imagem abalada depois do envolvimento no escândalo de pagamento de propinas do mensalão.
A outra é que, com um instituto de resseguro forte, o governo poderá fazer deslanchar financiamentos para obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O resseguro é uma operação em que é feito um "seguro do seguro".
Quando uma seguradora faz um contrato superior à sua capacidade financeira, no caso de uma plataforma de petróleo ou uma usina, por exemplo, ela repassa parte desse risco a uma resseguradora, que divide a conta caso algo dê errado.
Os técnicos da Fazenda têm defendido dentro e fora do governo que a execução de grandes projetos de infraestrutura -como as usinas de Jirau, Santo Antonio, Belo Monte e o trem-bala- aumenta a procura por "seguros de performance" e garantias dessas operações.
Como são obras que movimentam uma quantidade significativa de dinheiro, avalia-se que é preciso uma ação do governo nessa área.
O anúncio oficializado em comunicado ao mercado, ontem, pelo banco, vai nessa direção. O IRB é uma empresa estatal federal que tem hoje cerca de 90% do mercado de resseguros no Brasil e é líder dessa área na América Latina.
Até 2008, esse setor era um monopólio no país. Mesmo com a abertura desse mercado, o IRB tem ainda a maior fatia.
A companhia foi criada em 1939, pelo presidente Getúlio Vargas. A União tem 100% das ações ordinárias (com direito a voto) do IRB e 50% do capital total da empresa.
A expectativa é que o BB compre apenas uma fatia desse controle. Os sócios privados da empresa são, na maioria, empresas seguradoras e bancos.
Não há informações, ainda, sobre valores. A empresa tem atualmente R$ 10,4 bilhões em ativos, o que representa cerca de 2% dos ativos do BB, maior banco do país. O IRB acumula, até julho deste ano, lucro de R$ 82 milhões.
O anúncio de que pretende comprar o IRB é a segunda ofensiva recente do BB no mercado de seguros. No início do mês, o banco, presidido por Aldemir Bendine, divulgou parceria com a Mapfre e que quer adquirir parte da SulAmérica.


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