|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Lula quer desonerar novos investimentos
Intenção do presidente, que também planeja mais cortes de tributos para a construção civil, fortalece posição do ministro Furlan
Para acelerar obras, governo fez lista com 60 projetos prioritários, dos quais 95% estão em atraso devido a problemas ambientais
VALDO CRUZ
LEANDRA PERES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer que o pacote de
cortes de tributos inclua a desoneração de novos investimentos produtivos e do setor
de construção civil. Esse foi um
dos principais motivos que levaram o presidente a classificar
como "tímido" o pacote apresentado a ele pela equipe econômica na terça-feira.
A crítica direta do presidente
Lula às propostas da equipe do
ministro Guido Mantega (Fazenda) faz com que o ministro
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) ganhe força nas
discussões internas do governo, especialmente porque a
equipe do Desenvolvimento
havia defendido a inclusão de
medidas nessas áreas.
"A gente não perde o que não
tem", disse o presidente, recomendando isentar as empresas
na hora de investir e cobrar impostos depois, na produção.
Ao final do encontro, Lula
determinou a Mantega que se
reúna com a equipe de Furlan
para elaborar proposta conjunta de desoneração, a ser discutida na próxima reunião.
Durante todo o primeiro
mandato, Furlan travou uma
batalha com a Fazenda para
cortar impostos das empresas.
Conseguiu adotar algumas medidas, como a MP do Bem, que
desonerou produtos da construção civil. Agora, Lula quer
adotar isenções para toda a cadeia da construção civil, desde a
compra de insumos até investimentos na aquisição de máquinas e equipamentos, proposta
levada ao governo também pelo
ministro Paulo Bernardo (Planejamento), que apóia um corte de impostos nos novos investimentos produtivos.
Na reunião com ministros,
Lula disse compreender as limitações para desonerar empresas, mas pediu criatividade.
Sinalizou que, se não é possível
conceder tudo de uma vez, que
seja então adotado um plano
gradual, mas que comece agora.
Além da isenção a novos investimentos em construção civil, outras propostas de Furlan
não foram contempladas pela
Fazenda, como a idéia de ampliar o corte de impostos nos
produtos da cesta básica e no
setor de inovação tecnológica.
No caso da construção civil,
os defensores da proposta argumentam que o setor é responsável por cerca de 60% da
formação de investimentos no
país. Daí que estimular esse setor seria fundamental para incentivar o crescimento.
Mesmice
Lula falou na reunião após a
apresentação de sua equipe
econômica. Manifestou sua insatisfação com as medidas, disse que não mexerá na política
econômica, mas afirmou que
não deseja ficar na "mesmice"
de sempre. "Eu sei que não é fácil, sei que temos limitações,
mas vamos ousar, ser criativos
e gerenciar melhor o governo."
O presidente avisou sua equipe que vai usar o restante de
seu primeiro mandato para fechar o programa do próximo.
Segundo ele, quando começar o
segundo mandato, quer que todas as medidas já estejam encaminhadas, algumas adotadas e
outras enviadas ao Congresso.
Queixou-se também dos entraves, principalmente ambientais, de projetos do governo. "Precisamos desobstruir o
país", disse. Segundo levantamento de sua equipe, cerca de
95% de uma lista de 60 obras
estão atrasados por causa de
problemas ambientais.
Lula quer priorizar o acompanhamento e a liberação de
verba para esse grupo de obras,
consideradas prioritárias. Ao
tratar do tema, chegou a dizer
que "tem hora que alguém tem
de dar um murro na mesa".
A avaliação do governo é que,
além dos entraves ambientais,
há problemas sérios de gestão.
Muitos projetos não conseguem sequer gastar toda a verba orçamentária. A proposta é
que esses investimentos sejam
gerenciados por um comitê de
ministros e que os problemas
que apareçam sejam resolvidos
diretamente pelo primeiro escalão.
Texto Anterior: Paulo Nogueira Batista Jr.: "Se ousares, ousa!" Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Governo desorientado e impostos Índice
|