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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Bancos pequenos sobreviverão, diz banqueiro
Desde que a crise se agravou,
muito se especulou sobre a sobrevivência dos pequenos e
médios bancos. O banqueiro
Luis Octavio Indio da Costa, 45,
presidente do banco Cruzeiro
do Sul, patrimônio líquido de
R$ 1,1 bilhão e especializado em
crédito consignado, afirma que
haverá espaço para os bancos
pequenos e médios.
O diferencial será a competência. "Não há mais espaço para amador", afirma.
Amanhã, o Cruzeiro do Sul
divulga o balanço referente ao
terceiro trimestre. O banco registrou um lucro recorrente de
R$ 36,7 milhões, 43,5% acima
do registrado no mesmo período do ano passado. Nos primeiros nove meses, o lucro foi de
R$ 174,1 milhões, 83,1% superior ao do ano passado.
FOLHA - Os bancos pequenos sobreviverão à crise?
LUIS OCTAVIO INDIO DA COSTA - Todos os bancos vão resistir à crise no Brasil. Eu vejo os pequenos e médios até em uma situação muito confortável. No momento em que você vê os grandes bancos se juntarem, sobra
mais espaço para os bancos pequenos e médios atuarem em
nichos específicos. Não vejo nenhum banco pequeno e médio
no Brasil em dificuldade. A
grande maioria se beneficiou
do crescimento do Brasil dos
últimos anos.
FOLHA - Os bancos pequenos e médios não foram pegos em cheio?
INDIO DA COSTA - De fato, isso
ocorreu, mas para todos os
bancos. A restrição ao crédito
atingiu todos os bancos em todas as esferas, mesmo os grandes bancos. Nós vivemos, a partir de agora, um novo Brasil.
Até seis meses atrás, a tônica do
mercado era produção, escala e
rentabilidade. Não é mais. Agora, a preocupação se chama liquidez. Os bancos irão apresentar resultados piores, lucros
menores do que antes da crise e
menos crédito, mas isso não inviabiliza nenhum dos bancos.
FOLHA - O Cruzeiro do Sul sentiu a
crise?
INDIO DA COSTA - Claro que sentiu. Tivemos uma fuga de captação de CDBs, e as linhas externas que ainda não venceram, mas que vão vencer ao
longo dos anos de 2009, 2010 e
2011, provavelmente não serão
renovadas ou serão renovadas
em números muito menores.
Qual é a grande vantagem do
Cruzeiro do Sul? É a especialização no crédito. O Cruzeiro do
Sul é um banco que tem 92%
dos ativos de crédito no consignado, que é um crédito de
maior liquidez. Se você olhar as
matérias dos jornais dos últimos meses você vai ver que todas as vendas de carteiras de
créditos para os grandes bancos foram de crédito consignado. O Cruzeiro do Sul vendeu
mais de R$ 1 bilhão em carteiras, em outubro, para vários
bancos. O foco foi reforçar o
caixa. Para nós, é evidente que a
crise é ruim, mas a nossa situação é relativamente confortável. Nós tínhamos ativos suficientes para vender, e ativos de
venda muito líquida.
FOLHA - O Cruzeiro do Sul recebeu
alguma sondagem de algum grande
banco?
INDIO DA COSTA - Não.
FOLHA - O banco está à venda?
INDIO DA COSTA - Não. O Cruzeiro do Sul começou suas operações em crédito consignado em
dezembro de 1993 com R$ 1 milhão de patrimônio. Depois de
15 anos, seu patrimônio subiu
para R$ 1,148 bilhão. Um banco
que tem uma capacidade de
crescimento como essa não
tem necessidade de ser vendido. Vamos continuar crescendo, mas focados no que conhecemos, que é o consignado.
FOLHA - A crise ainda é longa?
INDIO DA COSTA - É difícil dizer. A
crise teve o seu momento crítico, mas a melhora foi muito pequena até agora, e ainda devemos ficar um período estagnados. Uma melhora substancial
só acontecerá mesmo no segundo trimestre de 2009, depois de divulgados os balanços
dos bancos de 2008. Até lá, vamos continuar vivendo um período de solavancos. Vamos viver também uma disputa enorme entre os megabancos. Já
não são mais nem bancos grandes, mas bancos gigantes, mas
eles vão deixar espaço para
aqueles menores que forem
realmente competentes. A consolidação trará grandes oportunidades para os bancos médios
e pequenos que estejam, de fato, bem organizados. Haverá
espaço para um banco que tenha uma boa qualidade nos
seus ativos, que trabalhe bem e
que tenha uma boa governança
corporativa. Não há mais espaço para amador. A competência
fará a diferença.
Frases
"No momento
em que você vê os
grandes bancos se
juntarem, sobra mais
espaço para os bancos
pequenos e médios
atuarem em nichos
específicos"
"Os bancos irão apresentar resultados piores, lucros menores
do que antes da crise e
menos crédito, mas
isso não inviabiliza
nenhum dos bancos"
"Não há mais espaço
para amador. A competência fará a diferença"
LUIS OCTAVIO INDIO DA COSTA
presidente do Cruzeiro do Sul
NA CASA BRANCA
Um empresa brasileira, a companhia de peças de metais
prateados St. James, vai fornecer seus produtos para a cerimônia de posse de Barack Obama na Presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro. Quase 700 objetos como
jarras, samovares, bandejas, açucareiros e baixelas da marca
acabam de ser encomendados pela Casa Branca. Os produtos, segundo Ricardo Saad, sócio-diretor da empresa, são
moldados por artesãos e a empresa convidou Claudia Moreira Salles e Ari Lyra para desenvolverem peças da nova coleção da marca.
MARCA BRASIL
O Brasil está entre os
três países com maior potencial de exposição de
sua marca entre os turistas. O país perdeu apenas
para os EUA entre as
marcas que mais evoluíram na pesquisa da consultoria FutureBrand, que
avaliou a imagem dos países conforme critérios relevantes para o turismo.
O país, no entanto, não ficou entre os dez primeiros colocados no ranking
de países com marcas fortes, e a FutureBrand não
divulga a posição dos demais países. Nas listas por
indicadores, o Brasil está
entre os dez primeiros em
apenas 2 de um total de
30. O país ficou em segundo no critério "vida
noturna", e em décimo lugar no critério "praia". No
ranking anterior, ele apenas apareceu em terceiro
para "vida noturna". Apesar de o Brasil ainda não
se destacar no ranking,
Hélio Mariz de Carvalho,
sócio da FutureBrand,
atribui a evolução do país
à sua posição de emergente na economia. "Com o
Brasil nos Brics, sua marca tem mais relevância."
INVESTIMENTO
Em audiência com o presidente Lula, a Alusa anuncia
na quarta parceria com o STX
Corporation, um dos maiores
grupos econômicos da Coréia
do Sul, para desenvolver estudos para construir um estaleiro no Brasil. O objetivo é produzir sondas de perfuração
para a Petrobras. Se a crise
não atrapalhar, os planos podem ser mais ambiciosos. Há
projetos até de uma refinaria.
O STX desembarca no Brasil
na comitiva do presidente da
Coréia do Sul, Lee Myung-bak, que estará em visita ao
país nesta semana.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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