São Paulo, sábado, 16 de dezembro de 2006

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Com deságio de 49%, Aneel leiloa dez linhas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

No segundo leilão do ano de linhas de transmissão, realizado ontem no Rio, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) assegurou a concessão de dez linhas e duas subestações, que irão gerar investimentos de R$ 680 milhões.
Em média, os lotes foram arrematados com um deságio de 49,37% sobre a tarifa máxima autorizada pela agência reguladora do setor.
Das seis empresas que levaram os lotes (compostos por linhas e subestações de uma mesma área), duas são espanholas -a Abengoa e a Isolux-, e uma, brasileira, a estatal federal Chesf.
A estatal arrematou o direito de concessão de linhas na região Nordeste, área de atuação da companhia. Já a Abengoa ficou com três lotes de linhas no Sul e em São Paulo. A Isolux, por sua vez, levou um lote em Minas Gerais. Ao todo, 1.014 quilômetros de linhas foram concedidos.
Pelo modelo adotado pela Aneel, vence a empresa que oferecer a menor tarifa de transmissão. Não há pagamento pela concessão. O objetivo é assegurar um preço mais baixo para a energia.
"Tivemos um deságio de quase 50%, sinal de que a competição é de interesse do consumidor. Quando ela existe, o preço cai no componente de transmissão, o que é é bom para o consumidor", afirmou Jerson Kelman, diretor-geral da Aneel.
No leilão, foi registrado o maior deságio de todas as ofertas já realizadas pela Aneel. A proposta feita pela espanhola Abengoa para o lote compostos por uma linha e uma subestação em Minas Gerais teve um deságio de 59,45%, o maior da história.
Todos os empreendimentos foram levados a leilão com uma tarifa máxima estimada pela Aneel de R$ 119,442 milhões ao ano. Com os deságios, a cifra baixou para R$ 60,471 milhões ao ano. Esse será o valor que as empresas receberão pela prestação do serviços.
Um dos segredos para baixar o custo está no financiamento. Todos os grupos pretendem buscar recursos no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O BNDES possui linhas de crédito especiais para a área de energia elétrica, com taxas bem mais baixas do que as praticadas no mercado.
Excluído o leilão de ontem, a Aneel havia concedido 30,5 mil quilômetros de linhas de transmissão desde 1998. Neste ano, está prevista a entrada em operação de mais 2.573 quilômetros de linhas.

Supremacia espanhola
É tônica nos leilões de linhas de transmissão da Aneel a forte presença de firmas espanholas, que já estão entre as maiores do setor no país.
A Abengoa possui uma rede de 3.200 quilômetros de linhas de transmissão no Brasil. A empresa diz que investiu R$ 2 bilhões para instalar a sua malha.
Já a Isolux estima ter aportado no país R$ 3 bilhões para construir uma rede também de 3.200 quilômetros de linhas de transmissão.


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