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Ainda há muito o que
fazer, afirma operário
Trabalhadores comemoram, mas querem registro
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Trabalhadores que conseguiram emprego com carteira assinada ou que puderam contratar um plano de saúde pela primeira vez na vida. Ou ainda
quem finalmente conseguiu investir em formação profissional ou quitar as dívidas. Cleber,
César, Susi e Sílvio são exemplos de quem melhorou de vida
neste ano. Porém, apesar da comemoração- às vezes até tímida-, todos dizem que ainda há
muito o que melhorar.
Cleber Wilson de Paula Oliveira, 25, agora pertence à classe C, em que 100% das pessoas
têm televisão, a maioria tem rádio e 89% já compraram DVD.
Neste ano, ele adquiriu um aparelho de DVD e, depois de ter
trabalhado 14 anos sem registro, viu a primeira assinatura
na carteira profissional ao conseguir emprego na construção
civil em São Paulo.
Ele acha que a vida ainda não
melhorou o suficiente. "Com o
salário que a gente recebe, ainda tem de mudar muita coisa.
Recebo hoje e, quando chego à
esquina, o dinheiro já acabou",
brinca o trabalhador.
O operário Rafael Oliveira,
19, também encontrou emprego neste ano, mas ainda não
conseguiu registro em carteira.
"Minha carteira está mais
branca do que esse papel em
que você está escrevendo", disse, enquanto falava à repórter.
Rafael ganha R$ 20 por dia para
trabalhar em uma obra na região dos Jardins, zona oeste de
São Paulo, e tem contrato temporário. "Trabalho neste mês e,
depois, quem sabe é Deus."
Silvio Cerri, 24, instrutor de
informática, é mais otimista
que os trabalhadores da construção civil. "Quero aumentar
minha renda mensal em R$
500 a cada seis meses", planeja.
Cerri trabalha há quatro meses com carteira assinada e recebe 55% mais que no emprego
anterior. Com salário de R$ 570
e comissão de cerca de R$ 300,
neste ano ele comprou computador, celular e juntou dinheiro
para fazer um curso técnico de
informática e melhorar as perspectivas de emprego.
Susi Souza, 41, funcionária
pública, também faz planos para o futuro. Com aumento de
R$ 300 neste ano e salário de
R$ 1.500, comprou fogão, DVD
e quer uma TV nova. Para
2008, seu sonho é matricular o
filho em uma escola particular.
O técnico de telefone César
Gusman, 32, fala com entusiasmo das mudanças no padrão de
vida. Diz, orgulhoso, que comprou uma TV de plasma (em 12
parcelas) e que pôde pagar o
parto da filha, hoje com quatro
meses, em hospital particular
-o plano de saúde foi um de
seus primeiros investimentos.
Aprendeu a consertar tocadores de MP3 e, prestando serviço a uma loja no centro de São
Paulo e fazendo bicos, diz que
consegue R$ 2.500 por mês.
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