São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Ainda há muito o que fazer, afirma operário

Trabalhadores comemoram, mas querem registro

VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Trabalhadores que conseguiram emprego com carteira assinada ou que puderam contratar um plano de saúde pela primeira vez na vida. Ou ainda quem finalmente conseguiu investir em formação profissional ou quitar as dívidas. Cleber, César, Susi e Sílvio são exemplos de quem melhorou de vida neste ano. Porém, apesar da comemoração- às vezes até tímida-, todos dizem que ainda há muito o que melhorar.
Cleber Wilson de Paula Oliveira, 25, agora pertence à classe C, em que 100% das pessoas têm televisão, a maioria tem rádio e 89% já compraram DVD. Neste ano, ele adquiriu um aparelho de DVD e, depois de ter trabalhado 14 anos sem registro, viu a primeira assinatura na carteira profissional ao conseguir emprego na construção civil em São Paulo.
Ele acha que a vida ainda não melhorou o suficiente. "Com o salário que a gente recebe, ainda tem de mudar muita coisa. Recebo hoje e, quando chego à esquina, o dinheiro já acabou", brinca o trabalhador.
O operário Rafael Oliveira, 19, também encontrou emprego neste ano, mas ainda não conseguiu registro em carteira. "Minha carteira está mais branca do que esse papel em que você está escrevendo", disse, enquanto falava à repórter. Rafael ganha R$ 20 por dia para trabalhar em uma obra na região dos Jardins, zona oeste de São Paulo, e tem contrato temporário. "Trabalho neste mês e, depois, quem sabe é Deus."
Silvio Cerri, 24, instrutor de informática, é mais otimista que os trabalhadores da construção civil. "Quero aumentar minha renda mensal em R$ 500 a cada seis meses", planeja.
Cerri trabalha há quatro meses com carteira assinada e recebe 55% mais que no emprego anterior. Com salário de R$ 570 e comissão de cerca de R$ 300, neste ano ele comprou computador, celular e juntou dinheiro para fazer um curso técnico de informática e melhorar as perspectivas de emprego.
Susi Souza, 41, funcionária pública, também faz planos para o futuro. Com aumento de R$ 300 neste ano e salário de R$ 1.500, comprou fogão, DVD e quer uma TV nova. Para 2008, seu sonho é matricular o filho em uma escola particular.
O técnico de telefone César Gusman, 32, fala com entusiasmo das mudanças no padrão de vida. Diz, orgulhoso, que comprou uma TV de plasma (em 12 parcelas) e que pôde pagar o parto da filha, hoje com quatro meses, em hospital particular -o plano de saúde foi um de seus primeiros investimentos.
Aprendeu a consertar tocadores de MP3 e, prestando serviço a uma loja no centro de São Paulo e fazendo bicos, diz que consegue R$ 2.500 por mês.


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