|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Critério de
classificação só
apura consumo
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
O Critério de Classificação Econômica Brasil é
um indicador de consumo
que visa estimar o poder
de compra das famílias.
Seu sistema de pontuação,
desenvolvido a partir de
um modelo estatístico pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), considera principalmente a posse e o número de bens no domicílio, além do grau de instrução do chefe de família.
A partir de janeiro, será
adotado um modelo revisado que, entre outras mudanças, aumenta a relação
entre a pontuação e a renda familiar e subdivide a
classe C, a mais numerosa,
em C1 e C2. A série de pesquisas do Datafolha usa o
critério em vigor até aqui.
Os contrastes por regiões mostrados pela pesquisa comprovam a validade discriminatória do
modelo. Como um indicador estritamente econômico, e não social, revela
um crescente acesso dos
mais pobres ao consumo
de bens e também aos crediários. Com o alongamento dos prazos de financiamento, a classe C
tem puxado o consumo -e
os endividamentos.
Esses mesmos entrevistados com acesso facilitado ao mundo das compras
mostram também os principais problemas do país:
saúde, segurança, emprego e educação. Saúde é
apontada, espontaneamente e sem estímulo, como o problema mais sério
por 1 em cada 5 brasileiros
(21%). Na mesma proporção, surge a falta de segurança. As menções ao desemprego somam 18%, e
educação é citada por 10%.
Necessidades nas áreas
de saúde e segurança pública são lembradas da
classe A à classe E praticamente na mesma proporção. Educação é mais citada pelos que compõem as
classes A e B. Desemprego
é problema mais disseminado nas classes D e E.
Por enquanto, os bens
recém-adquiridos pelas
famílias mais pobres entretêm os que não conseguem emprego, os que
moram em locais violentos ou os que aguardam
meses por atendimento
médico. Talvez o mesmo
número de meses oferecidos pelos crediários que
saltam da tela da nova TV.
Texto Anterior: Ainda há muito o que fazer, afirma operário Próximo Texto: Até 1.500 bolivianos chegam por mês Índice
|