São Paulo, domingo, 16 de dezembro de 2007

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Critério de classificação só apura consumo

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA

O Critério de Classificação Econômica Brasil é um indicador de consumo que visa estimar o poder de compra das famílias. Seu sistema de pontuação, desenvolvido a partir de um modelo estatístico pela Abep (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa), considera principalmente a posse e o número de bens no domicílio, além do grau de instrução do chefe de família.
A partir de janeiro, será adotado um modelo revisado que, entre outras mudanças, aumenta a relação entre a pontuação e a renda familiar e subdivide a classe C, a mais numerosa, em C1 e C2. A série de pesquisas do Datafolha usa o critério em vigor até aqui.
Os contrastes por regiões mostrados pela pesquisa comprovam a validade discriminatória do modelo. Como um indicador estritamente econômico, e não social, revela um crescente acesso dos mais pobres ao consumo de bens e também aos crediários. Com o alongamento dos prazos de financiamento, a classe C tem puxado o consumo -e os endividamentos.
Esses mesmos entrevistados com acesso facilitado ao mundo das compras mostram também os principais problemas do país: saúde, segurança, emprego e educação. Saúde é apontada, espontaneamente e sem estímulo, como o problema mais sério por 1 em cada 5 brasileiros (21%). Na mesma proporção, surge a falta de segurança. As menções ao desemprego somam 18%, e educação é citada por 10%.
Necessidades nas áreas de saúde e segurança pública são lembradas da classe A à classe E praticamente na mesma proporção. Educação é mais citada pelos que compõem as classes A e B. Desemprego é problema mais disseminado nas classes D e E.
Por enquanto, os bens recém-adquiridos pelas famílias mais pobres entretêm os que não conseguem emprego, os que moram em locais violentos ou os que aguardam meses por atendimento médico. Talvez o mesmo número de meses oferecidos pelos crediários que saltam da tela da nova TV.


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