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Relatora da Anatel quer restringir
Oi-BrT
Emília Ribeiro, que relata operação, quer dar poder de veto a BNDES e fundos de pensão diante de oferta de grupo estrangeiro
Governo mudou legislação para permitir compra sob alegação de que país precisa de grande tele contra concorrentes estrangeiros
Alan Marques - 20.ago.08/Folha Imagem
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Emília Ribeiro, relatora do processo de compra da BrT pela Oi na Anatel |
HUMBERTO MEDINA
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A relatora do processo de
compra da Brasil Telecom pela
Oi na Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações), Emília
Ribeiro, quer incluir como condicionante à realização do negócio uma cláusula que dê ao
BNDES e aos fundos de pensão
a chance de vetar a venda do
controle da nova empresa.
Ela diz temer que a nova tele,
que recebeu injeção de R$ 6,87
bilhões de dinheiro público e
foi beneficiada com uma mudança sob medida da lei, acabe
vendida a estrangeiros.
"A gente fez todo esse esforço
para ter uma empresa nacional
forte. Precisamos resguardar o
direito de veto do BNDES e dos
fundos", disse a conselheira.
Emília determinou que a
Procuradoria da agência analise de que forma a exigência
possa entrar como uma condição para a concessão da anuência prévia da operação. A Anatel
irá discutir o caso amanhã.
Conforme a Folha revelou
ontem, nada impede que a Oi-BrT seja vendida após sua
constituição para uma multinacional de fora do setor de telefonia fixa do país.
Até aqui, o discurso político
do governo ao defender a mudança legal que permitiu o negócio foi a suposta necessidade
de uma grande tele com controle nacional. Mas o decreto
editado pelo governo deu ao
BNDES e aos fundos apenas 45
dias para cobrir uma eventual
oferta estrangeira.
A imposição de restrições
para aprovar uma operação
não é novidade na Anatel. Em
outubro de 2007, ao analisar a
compra da Telecom Italia pela
espanhola Telefónica, ela estabeleceu uma série de condicionantes, inclusive alterações no
acordo de acionistas. O presidente da agência, Ronaldo Sardenberg, já expôs que a análise
da anuência prévia é o momento que o Estado tem para intervir em nome da sociedade.
O ministro Hélio Costa (Comunicações) tentou ontem minimizar o risco e disse que o
BNDES e os fundos poderiam
impedir a venda.
Costa, grande defensor da
formação da nova empresa,
ressaltou que a responsabilidade pelo acordo de acionistas é
do BNDES e que não leu o documento. "Pelo que me informaram, a cláusula 3 do acordo
impede que uma venda aconteça sem autorização do BNDES
e dos fundos", disse o ministro.
Na verdade, conforme a Folha publicou ontem, a cláusula
3 mencionada pelo ministro
não trata da venda das ações
hoje existentes do bloco de
controle da Telemar Participações (controladora da Oi), mas
do poder de veto do BNDES e
dos fundos de pensão em casos
como novas emissões de ações
que representem risco de perda
do controle da Oi-BrT.
O poder de veto não se estende a uma eventual oferta feita
por terceiros para comprar a
participação dos controladores
da Telemar Participações (grupos La Fonte e Andrade Gutierrez) no comando da nova tele.
Nesse caso, a forma de o
BNDES e os fundos de pensão
barrarem a venda da companhia seria cobrir a oferta recebida pelos sócios privados, com
base no direito de preferência.
O governo não conta, como
Costa chegou a defender em
2007, com uma "golden share":
uma classe especial de ação que
dá poderes de veto ao detentor
em certas circunstâncias, como
a que o governo tem na Vale.
Para barrar a transferência do
controle da mineradora para o
capital estrangeiro, basta o governo dizer não", ou seja, inexiste a necessidade de cobrir
eventual oferta de um terceiro
interessado na empresa.
O próprio BNDES reconhece
que o controle da tele pode ser
transferido para uma multinacional.
"Além do direito de preferência e do poder de veto acima referidos, ainda que venha a ocorrer a venda de participações
acionárias ou a entrada de empresa estrangeira no bloco de
controle da Telemar, obrigatoriamente seria necessária, nos
termos do acordo de acionistas,
a adesão do novo sócio a esse
instrumento", informou o banco à Folha na semana passada.
No decreto assinado pelo
presidente Lula no dia 20 do
mês passado, pelo qual foram
feitas as alterações no Plano
Geral de Outorgas que permitiram a compra da BrT pela Oi,
também não há restrição para
que uma companhia estrangeira de telefonia fixa que não
atue no Brasil compre no futuro a Oi-BrT.
Das dez maiores companhias
de telefonia do mundo (excluídas as duas estatais chinesas),
sete não operam no Brasil. A
esse número podem ser acrescidas Portugal Telecom e Telecom Italia, que não atuam em
telefonia fixa no país.
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