São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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TIM incorpora a Intelig e ganha fôlego

Negócio ficou emperrado por 8 meses devido a dívidas da operadora de longa distância controlada pelo Grupo Docas

Operação envolve apenas troca de ações; descontando endividamento, Intelig foi comprada por R$ 517 mi, 75% abaixo do valor inicial

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL

A TIM anunciou ontem a incorporação da Intelig, oito meses após fechar sua compra. A demora ocorreu devido às negociações em torno da dívida da operadora de telefonia de longa distância, controlada pelo Grupo Docas, de Nelson Tanure.
O empresário pedia R$ 2 bilhões à TIM, que não queria assumir o passivo da companhia. Na segunda-feira, o conselho da operadora móvel aprovou o acordo final: R$ 517 milhões, assumindo uma dívida de US$ 70 milhões da Intelig.
Não haverá desembolsos. Em troca do controle da Intelig, a TIM cede ao Grupo Docas 5,14% de participação na operadora móvel. Também houve um acerto com a Justiça do Trabalho em São Paulo, que exigia o empenho de R$ 200 milhões em ações da TIM pelas dívidas trabalhistas do jornal "Gazeta Mercantil", que foi controlado pelo Grupo Docas antes de seu fechamento. O valor foi reduzido para R$ 65 milhões, e a questão, encerrada.
O presidente da TIM, Luca Luciani, afirmou que a integração entre as companhias ocorrerá em até cem dias. Após o final do primeiro trimestre de 2010, quando esse processo deverá estar concluído, as sinergias (economias de custos geradas pela integração) chegarão a R$ 250 milhões por ano. "Essa economia ocorrerá porque deixaremos de pagar aluguéis de infraestrutura [rede] às operadoras de telefonia fixa", disse.
Segundo ele, os custos com esse tipo de aluguel eram de R$ 400 milhões, em 2007, saltaram para R$ 485 milhões, em 2008, e fecharão em R$ 515 milhões, em 2009. "Nesse ritmo, chegaríamos a R$ 1,3 bilhão, em três anos", disse. Hoje, nas chamadas de longa distância, os assinantes pagam até 10% a mais devido a esses encargos.
As concorrentes da TIM já vinham investindo pesado na construção de uma rede fixa destinada à transmissão de dados. O objetivo é o aumento da oferta de banda larga móvel, que apresentou um crescimento muito acima do previsto. Para isso, é preciso ter capacidade de transmissão de dados, melhorando a velocidade de navegação para o cliente.

Vantagens comerciais
A Intelig tem uma rede de 14,5 mil quilômetros (espinha dorsal), passando por 15 regiões metropolitanas, do Norte ao Sul. Nessas localidades, as redes somam outros 500 mil quilômetros de fibras óticas.
Com essa incorporação, a TIM ganha fôlego para atuar em outros segmentos com chances de ampliar sua receita. "Dos atuais R$ 50 bilhões [total do mercado em receitas de voz e dados] podemos passar para mais de R$ 100 bilhões em três anos", disse Luciani. "A economia de R$ 250 milhões será reinvestida em nossa rede. Vamos reforçar o 3G. Tínhamos dado dois passos atrás em um momento em que também nossos concorrentes tiraram o pé do acelerador porque a procura foi muito maior do que se esperava. A Intelig vai nos ajudar."
Na telefonia fixa, a meta da TIM para a Intelig é de 5% de crescimento ao ano, passando a triplicar sua receita para R$ 1,8 bilhão, elevando a rentabilidade para 20% ao ano. A marca será mantida definitivamente.


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