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TIM incorpora a Intelig e ganha fôlego
Negócio ficou emperrado por 8 meses devido a dívidas da operadora de longa distância controlada pelo Grupo Docas
Operação envolve apenas troca de ações; descontando endividamento, Intelig foi comprada por R$ 517 mi, 75% abaixo do valor inicial
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
A TIM anunciou ontem a incorporação da Intelig, oito meses após fechar sua compra. A
demora ocorreu devido às negociações em torno da dívida da
operadora de telefonia de longa
distância, controlada pelo Grupo Docas, de Nelson Tanure.
O empresário pedia R$ 2 bilhões à TIM, que não queria assumir o passivo da companhia.
Na segunda-feira, o conselho
da operadora móvel aprovou o
acordo final: R$ 517 milhões,
assumindo uma dívida de US$
70 milhões da Intelig.
Não haverá desembolsos. Em
troca do controle da Intelig, a
TIM cede ao Grupo Docas
5,14% de participação na operadora móvel. Também houve
um acerto com a Justiça do
Trabalho em São Paulo, que
exigia o empenho de R$ 200
milhões em ações da TIM pelas
dívidas trabalhistas do jornal
"Gazeta Mercantil", que foi
controlado pelo Grupo Docas
antes de seu fechamento. O valor foi reduzido para R$ 65 milhões, e a questão, encerrada.
O presidente da TIM, Luca
Luciani, afirmou que a integração entre as companhias ocorrerá em até cem dias. Após o final do primeiro trimestre de
2010, quando esse processo deverá estar concluído, as sinergias (economias de custos geradas pela integração) chegarão a
R$ 250 milhões por ano. "Essa
economia ocorrerá porque deixaremos de pagar aluguéis de
infraestrutura [rede] às operadoras de telefonia fixa", disse.
Segundo ele, os custos com
esse tipo de aluguel eram de R$
400 milhões, em 2007, saltaram para R$ 485 milhões, em
2008, e fecharão em R$ 515 milhões, em 2009. "Nesse ritmo,
chegaríamos a R$ 1,3 bilhão, em
três anos", disse. Hoje, nas chamadas de longa distância, os assinantes pagam até 10% a mais
devido a esses encargos.
As concorrentes da TIM já
vinham investindo pesado na
construção de uma rede fixa
destinada à transmissão de dados. O objetivo é o aumento da
oferta de banda larga móvel,
que apresentou um crescimento muito acima do previsto. Para isso, é preciso ter capacidade
de transmissão de dados, melhorando a velocidade de navegação para o cliente.
Vantagens comerciais
A Intelig tem uma rede de
14,5 mil quilômetros (espinha
dorsal), passando por 15 regiões metropolitanas, do Norte
ao Sul. Nessas localidades, as
redes somam outros 500 mil
quilômetros de fibras óticas.
Com essa incorporação, a
TIM ganha fôlego para atuar
em outros segmentos com
chances de ampliar sua receita.
"Dos atuais R$ 50 bilhões [total
do mercado em receitas de voz
e dados] podemos passar para
mais de R$ 100 bilhões em três
anos", disse Luciani. "A economia de R$ 250 milhões será
reinvestida em nossa rede. Vamos reforçar o 3G. Tínhamos
dado dois passos atrás em um
momento em que também nossos concorrentes tiraram o pé
do acelerador porque a procura
foi muito maior do que se esperava. A Intelig vai nos ajudar."
Na telefonia fixa, a meta da
TIM para a Intelig é de 5% de
crescimento ao ano, passando a
triplicar sua receita para R$ 1,8
bilhão, elevando a rentabilidade para 20% ao ano. A marca
será mantida definitivamente.
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