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ENERGIA
David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, criticou o monopólio estatal no setor
Instalação da ANP tira poder da Petrobrás
FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília
A instalação da ANP (Agência
Nacional de Petróleo), que aconteceu ontem no Ministério de Minas
e Energia, marcou a redução de
poder e prestígio da Petrobrás.
Nos últimos 45 anos, a estatal vem
exercendo o monopólio da exploração e da produção de petróleo e
seus derivados no país.
"Quero dizer para a sociedade
que o petróleo é vosso. A sociedade
quer mais óleo e menos monopólio", afirmou o diretor-geral da
ANP, David Zylbersztajn, ao encerrar seu discurso de posse.
O presidente da Petrobrás, Joel
Rennó, participou da solenidade.
Mas ele não integrou a mesa dos
convidados especiais -o senador
Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA), o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o governador Marcello Alencar (RJ) e os
ministros Clóvis Carvalho (Casa
Civil) e Reinhold Stephanes (Previdência).
O nome de Rennó nem sequer foi
citado por Zylbersztajn ou pelo
ministro Raimundo Brito (Minas e
Energia), que também discursou
durante a solenidade.
Sentada na primeira filha do auditório, dona Ruth Cardoso (mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso e sogra de Zylbersztajn) foi citada pelo diretor-geral
da ANP e pelo ministro Brito.
Ao final da solenidade, Rennó
deixou a segunda fila do auditório
sem participar dos cumprimentos
oficiais.
Antes de sair, ele não quis responder diretamente a uma pergunta sobre a perda de poder da
Petrobrás no governo com a instalação da ANP. "Vocês conhecem
muito bem a função de uma e de
outra (ANP e Petrobrás). E isso será cumprido", afirmou.
Rennó disse que a estatal continuará sendo uma companhia "industrial, comercial e de operação".
Zylbersztajn reafirmou que a Petrobrás terá que comprovar capacidade técnica e financeira para
produzir petróleo nas novas áreas
requisitadas por ela no último mês
de outubro (cerca de 12% das bacias sedimentares do país que ainda não foram exploradas).
Ele deixou claro que a ANP não
pretende ratificar todas as áreas requisitadas pela estatal.
"Se o papel da ANP fosse só o de
ratificar, ela não precisaria existir", disse.
Editais
Definidos as áreas de atuação da
Petrobrás, o que deverá ocorrer
em cerca de dois meses, a ANP irá
iniciar o lançamento de editais de
concessão para novas explorações
do produto.
O presidente da Petrobrás afirmou que a estatal poderá disputar
áreas eventualmente não confirmadas pela ANP.
"Se elas ainda interessarem à Petrobrás, vamos disputar a licitação", disse.
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