São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 1998.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ENERGIA
David Zylbersztajn, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, criticou o monopólio estatal no setor
Instalação da ANP tira poder da Petrobrás

FERNANDO GODINHO
da Sucursal de Brasília

A instalação da ANP (Agência Nacional de Petróleo), que aconteceu ontem no Ministério de Minas e Energia, marcou a redução de poder e prestígio da Petrobrás. Nos últimos 45 anos, a estatal vem exercendo o monopólio da exploração e da produção de petróleo e seus derivados no país.
"Quero dizer para a sociedade que o petróleo é vosso. A sociedade quer mais óleo e menos monopólio", afirmou o diretor-geral da ANP, David Zylbersztajn, ao encerrar seu discurso de posse.
O presidente da Petrobrás, Joel Rennó, participou da solenidade. Mas ele não integrou a mesa dos convidados especiais -o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), o deputado Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), o governador Marcello Alencar (RJ) e os ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Reinhold Stephanes (Previdência).
O nome de Rennó nem sequer foi citado por Zylbersztajn ou pelo ministro Raimundo Brito (Minas e Energia), que também discursou durante a solenidade.
Sentada na primeira filha do auditório, dona Ruth Cardoso (mulher do presidente Fernando Henrique Cardoso e sogra de Zylbersztajn) foi citada pelo diretor-geral da ANP e pelo ministro Brito.
Ao final da solenidade, Rennó deixou a segunda fila do auditório sem participar dos cumprimentos oficiais.
Antes de sair, ele não quis responder diretamente a uma pergunta sobre a perda de poder da Petrobrás no governo com a instalação da ANP. "Vocês conhecem muito bem a função de uma e de outra (ANP e Petrobrás). E isso será cumprido", afirmou.
Rennó disse que a estatal continuará sendo uma companhia "industrial, comercial e de operação".
Zylbersztajn reafirmou que a Petrobrás terá que comprovar capacidade técnica e financeira para produzir petróleo nas novas áreas requisitadas por ela no último mês de outubro (cerca de 12% das bacias sedimentares do país que ainda não foram exploradas).
Ele deixou claro que a ANP não pretende ratificar todas as áreas requisitadas pela estatal.
"Se o papel da ANP fosse só o de ratificar, ela não precisaria existir", disse.
Editais
Definidos as áreas de atuação da Petrobrás, o que deverá ocorrer em cerca de dois meses, a ANP irá iniciar o lançamento de editais de concessão para novas explorações do produto.
O presidente da Petrobrás afirmou que a estatal poderá disputar áreas eventualmente não confirmadas pela ANP.
"Se elas ainda interessarem à Petrobrás, vamos disputar a licitação", disse.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.