Mesmo com a forte desaceleração da economia nos Estados Unidos, o Brasil ainda deve crescer 4,8% em 2008. No ano passado, a expansão deve ter ficado em 5,4%, segundo projeções do Goldman Sachs, uma das instituições menos atingidas com a crise.
Essa previsão para o Brasil foi feita com base em uma aposta de os Estados Unidos crescerem 2,2% em 2007 e 0,8% neste ano. O Goldman Sachs prevê que a taxa básica de juro nos EUA feche o ano em 2,5%. Atualmente, encontra-se em 4,25%.
Segundo Paulo Leme, diretor para países emergentes do Goldman Sachs, uma boa parte dessa previsão de crescimento para o Brasil em 2008 se deve ao fato de o país já iniciar o ano em ritmo forte de expansão.
O país já tem garantida uma expansão para este ano de 2,4%, que é o chamado "carry over", o efeito estatístico do crescimento de um ano para o outro.
"Mesmo que a economia não cresça, ainda assim o PIB se expandirá em 2,4%", diz. "Não deixa de ser efeito estatístico."
O crescimento no Brasil segue em ritmo acelerado. Segundo o IBGE, as vendas no varejo cresceram 1,6%, em novembro, e 12%, na taxa anualizada. O crédito se expande a taxas acima de 30%, os salários estão em alta, o governo vai conceder aumento do salário mínimo, a indústria trabalha a pleno vapor e os juros caíram em 2007.
Tudo isso ajuda o mercado interno, que tem sido o grande responsável pelos altos índices de crescimento da economia.
A má notícia, no entanto, segundo Paulo Leme, é que a taxa de inflação continua em alta. O economista acha que o maior risco para o Brasil não é o cenário externo, e sim o interno, em razão do aumento da inflação.
"A inflação está aumentando o risco de uma elevação dos juros", diz Leme.
O Goldman Sachs trabalha com a probabilidade de 40% de aumento dos juros neste ano, mas a tendência é que esse número aumente. O país cresce a um ritmo mais acelerado em relação ao período quando foi traçado esse cenário.
De qualquer forma, Leme acredita que o Brasil está atualmente bem posicionado para enfrentar a crise de desaceleração econômica nos Estados Unidos. A seu ver, poderia, no entanto, estar em melhor situação, caso tivesse priorizado o corte de gastos e feito algumas reformas, mesmo pequenas, que poderiam ter contribuído bastante para o processo de estabilização da economia.
"Dez tiros de estilingue bem pensados poderiam ter um efeito muito maior do que uma bomba atômica em matéria de reformas", diz Leme.

Frase

"A alta de inflação no Brasil me preocupa mais do que os efeitos da desaceleração nos Estados Unidos"
PAULO LEME
diretor para países emergentes do Goldman Sachs

VERNISSAGE
A alta do IOF e da CSLL para o setor financeiro para compensar o fim da CPMF deve aumentar os processos de direito tributário, segundo Rogério Lessa, CEO do Demarest e Almeida Advogados. Outras áreas que devem continuar fortes são imobiliário, fusões e aquisições, societário e mercado de capitais, esta última um pouco menos que em 2007, já que o número de IPOs deve ficar menor. O escritório faz hoje 60 anos com festa na Pinacoteca, em SP, e uma mostra de obras de Tarsila do Amaral.

INTERNAUTA
Washington Theotonio e Celso Dossi, da "boutique" de comunicação interativa WC Social, especializaram-se em criar ferramentas para chamar a atenção dos internautas e aumentar os acessos. A empresa atende clientes diretamente ou em parceria com agências como F/Nazca e DM9DDB. O próximo projeto é um jogo interativo para sites de celebridades no Carnaval, que disfarçará pessoas famosas com máscaras. A expectativa da empresa é crescer 20% em 2008. "Hoje, algumas peças que são criadas para a internet acabam se transformando na campanha global", diz Theotonio.

TIJOLO: EMPREGO NA CONSTRUÇÃO CIVIL NÃO TEVE QUEDA NO FIM DO ANO
O nível de emprego na construção civil brasileira cresceu no último mês de novembro, diferentemente de anos anteriores, em que começa a cair a partir de novembro com a conclusão de obras. Segundo o SindusCon-SP e a FGV Projetos, a alta no mês foi de 0,61%, equivalente a 10,8 mil empregos. No fim do mês, havia um novo recorde de empregados, 1,79 milhão de trabalhadores, 12,3% superior a novembro de 2006. No Estado de São Paulo, a alta foi de 1,13%, também um recorde, de 510 mil empregados. Em 12 meses, o nível de emprego da construção civil paulista cresceu 18%.

CLIMA
No dia 23 ocorre na Fiesp o primeiro relato público sobre a Conferência da ONU sobre Mudança Climática, em Bali, em dezembro, quando se falou em criar um protocolo mais ambicioso do que o de Kyoto. Marco Fujihara, do IPCC e do Conselho de Meio Ambiente da Fiesp, fará palestra.

BAGAGEM
A OceanAir oferecerá a seus passageiros que viajarem ao México desembarque em outras cidades, além da Cidade do México. Na lista, estão Acapulco, Cancún, Guadalajara, Mérida, Monterrey, Vera Cruz, Villa Hermoza, e outras. A ação resulta de acordo firmado com a empresa aérea Mexicana.

EM FAMÍLIA
O Family Workshop, evento feito pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, em sua quarta edição, de 24 a 27 deste mês, reunirá 200 CEOs e suas famílias, totalizando cerca de 550 participantes -crescimento de 25% ante 2007. Em quatro anos, subiu de 16 para 69 o número de patrocinadores.

PROTESTOS
Em dezembro de 2007, a apresentação de títulos no Serviço Central de Protesto de Títulos voltou a cair. Foram 171.885 títulos, contra 197.591 em novembro, segundo pesquisa do Instituto de Estudos de Protesto de Títulos da Seção São Paulo com os dez tabeliães de protesto da capital de São Paulo.

SAÚDE
Entre os dias 28 e 31, a Abimo, em parceria com a Apex-Brasil, levará 38 empresas brasileiras do setor de produtos médico-hospitalares à Feira Arab Health, em Dubai. A entidade espera realizar mais de 2.600 contatos comerciais.

NA REDE
A Petrobras lança no dia 23 o seu site global www.petrobras.com.

AO TRABALHO
Mais de 37 mil brasileiros começam 2008 com emprego novo. Eles representam 35% das pessoas que fizeram trabalho temporário no Natal e depois foram contratadas. A tendência deve se repetir na Páscoa, segundo a Assertem (associação de empresas de serviços terceirizáveis e trabalho temporário), que prevê a abertura de 55 mil vagas para atender a demanda da indústria e das vendas de chocolate.