São Paulo, sábado, 17 de janeiro de 2009

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Bank of America recebe novo socorro; Citi é dividido em 2

Bank of America afirma que parte dos problemas foi causada pela aquisição do Merrill Lynch e que governo

EUA dão US$ 117 bi em injeção e garantias ao maior banco do país; Citi separa "parte ruim"

Toby Melville/Reuters
Unidade do Citigroup em Londres, banco terá reformulação

DA REDAÇÃO

A previsão do presidente do Fed (o banco central dos EUA), Ben Bernanke, de que as instituições financeiras do país precisariam de mais ajuda governamental precisou de três dias para se confirmar. Ontem, o Bank of America, o maior banco americano, recebeu uma ajuda de US$ 117,2 bilhões do Tesouro, somando injeção de capital e garantia de perdas. E, indicando a grave crise que vive o setor, o Citigroup, o terceiro maior, vai dividir suas operações em duas unidades.
Dizendo que os problemas do Merrill Lynch (o banco que ele adquiriu em setembro do ano passado) eram maiores do que imaginava, o Bank of America vai receber uma injeção de mais US$ 20 bilhões do governo dos EUA, além de uma garantia em caso de perdas em uma cesta de ativos de US$ 118 bilhões (a maioria deles pertencia ao Merrill Lynch). Em troca da injeção, o governo receberá ações da instituição financeira.
Como uma parte dos prejuízos terá que ser garantida pelo próprio banco, a ajuda do governo chega a US$ 117,2 bilhões (quase 9% do PIB brasileiro de 2007). E o número não leva em conta os US$ 25 bilhões que o Bank of America já havia recebido do pacote de US$ 700 bilhões de socorro aos bancos.
A ajuda agora seria uma espécie de compensação pelo fato de o Bank of America não ter desistido do negócio com o Merrill Lynch. Em 14 de setembro de 2008, em uma das semanas mais tensas da história dos mercados, ele comprou o Merrill Lynch por US$ 40 bilhões, mas agora afirma que a deterioração dos ativos do banco de investimento era "muito maior" do que imaginava e que tentou renegociar o acordo, o que foi vetado pelo governo dos EUA.
"O governo tinha a visão de que o afastamento [para renegociar o acordo] poderia causar preocupações significativas e danos sistêmicos sérios aos mercados financeiros", afirmou o presidente-executivo do Bank of America, Ken Lewis.
Naquela semana de setembro, o Lehman Brothers pediu concordata e a seguradora AIG recebeu um empréstimo bilionário do governo, o que foi o estopim para agravar a crise.
A aquisição da então terceira maior corretora americana permitiu ao Bank of America se tornar o maior banco dos Estados Unidos, mas também arranhou a imagem da instituição financeira que parecia ser uma das que estavam se saindo melhor na crise, aproveitando as oportunidades para crescer.
Mesmo sem contar o resultado do Merrill Lynch, o Bank of America perdeu US$ 1,79 bilhão entre outubro e dezembro do ano passado, no primeiro prejuízo trimestral da instituição em 17 anos. O prejuízo do Merrill Lynch foi muito maior, US$ 15,3 bilhões apenas no quarto trimestre, mostrando a gravidade dos problemas da instituição. O seu balanço não foi somado ao do Bank of America porque o negócio só foi fechado oficialmente neste mês.

Citigroup
O dia também foi de mudanças no Citigroup, que era, antes de setembro, o maior banco americano e hoje é o terceiro. Após dias de especulação, ele confirmou que será dividido em duas unidades, encerrando o modelo adotado desde 1998, em que o consumidor podia realizar todas as operações financeiras em um só banco.
Na primeira parte (a "boa"), chamada de Citicorp, ficaram as operações tradicionais (banco comercial e cartão de crédito, entre outras). Essa unidade terá ativos de US$ 1,1 trilhão (o PIB indiano, o 12º maior do mundo) e será comandada pelo atual presidente-executivo, Vikram Pandit. "Nós esperamos que o Citicorp seja um negócio de alto retorno e alto crescimento", disse o banco.
Na Citi Holdings, de "ativos arriscados", ficarão corretoras e financeiras, que posteriormente poderão ser vendidas.

Com agências internacionais


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