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Mineiro vira rei da água de coco nos EUA
Sociedade com a Pepsi faz empresário conquistar liderança na venda da bebida, com receita de US$ 20 mi
João Wainer/Folha Imagem
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O empresário brasileiro Rodrigo Veloso, dono da empresa ONE, que vende água de coco nos EUA
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
As aulas de luta greco-romana, nos EUA, ajudaram o economista mineiro Rodrigo Veloso, 29, a vencer desafios comerciais "peso-pesado". "Meu treinador vivia repetindo: "There's
no place but number one" [só há
lugar para o número um]", diz.
"Fiquei com aquele "one" [um]
na cabeça até sair da faculdade
e montar meu negócio."
Hoje, a ONE, iniciais de One
Natural Experience [Uma Experiência Natural], fatura US$
20 milhões por ano com a venda de água de coco e outras bebidas à base de frutas tropicais
nos EUA e no Canadá.
Em menos de quatro anos, a
empresa conquistou a liderança desse mercado que, nos
EUA, movimenta cerca de US$
50 milhões por ano. É o único
segmento de bebidas que cresce no país, segundo consultorias especializadas.
Em setembro de 2009, Veloso ganhou como sócios um fundo americano de investimento
e a Pepsi, que também adquiriu
os direitos de distribuição dos
produtos do brasileiro. O objetivo agora é vendê-los em todos
os países. A seguir, trechos da
entrevista.
FOLHA - Com a Pepsi, sua empresa
se prepara para ganhar o mundo. A
vinda ao Brasil tem a ver com isso?
RODRIGO VELOSO - Com a entrada da Pepsi no negócio, meu objetivo inicial de distribuir nossos produtos globalmente ganhou força. Tive muita sorte
porque, em 2008, eu negociava
a venda de uma parte da ONE
para o Pepsi Bottling Group,
engarrafadora e distribuidora
da Pepsi. Depois que fechamos
o negócio, em setembro de
2009, a Pepsi comprou o Pepsi
Bottling e, de quebra, a Amacoco, no Brasil.
Numa tacada só,
passamos a contar com um dos
maiores distribuidores do
mundo e com o maior fornecedor de matéria-prima.
A Amacoco detém 80% de
participação das vendas de
água de coco no Brasil e responde por 80% do nosso fornecimento de água de coco. Outros 20% vêm de parceria com
produtores da Indonésia.
Não
que esteja faltando coco, mas,
para continuarmos dobrando
nosso faturamento e operando
em escala global, precisamos
garantir que haverá oferta
constante de matéria-prima.
FOLHA - Então você veio comprar
alguma empresa no Brasil?
VELOSO - Vim atrás de oportunidades no agronegócio. Existem empresas extremamente
interessantes no Brasil e estamos atentos a todas as oportunidades. A Coca-Cola comprou
duas [a Mais e a Del Valle]. Há
diversas outras de médio porte,
algumas regionais, mas prefiro
não citar os nomes.
FOLHA - Por que você escolheu os
EUA para se estabelecer?
VELOSO - Fui para lá fazer intercâmbio e, no final do curso,
fiquei interessado por uma universidade com que minha escola tinha parceria, na Suécia. Estudei sueco e fui aceito na Stockholm School of Economics. Lá
montei uma importadora de
café brasileiro com minha marca, a Unik!.
Quando me formei, vendi a
empresa e vim para o Brasil fazer MBA [Master of Business
Administration] na Fundação
Getulio Vargas, em São Paulo.
Concluí o curso em 2005 já
com um plano de negócio vencedor em uma competição da
faculdade. Depois, ganhei a etapa da América Latina e, por isso, fui à final nos EUA. Não venci, mas tive acesso aos investidores que procuram sempre
novas oportunidades.
FOLHA - Quando você abriu a ONE?
VELOSO - Naquele concurso,
conheci um investidor da Califórnia que gostou da minha
ideia. Eu me transferi para lá e
montei a empresa em duas semanas, com os US$ 350 mil que
eu tinha no bolso. O investidor
desistiu, mas eu não. Comecei a
buscar no Google outros investidores do ramo. Naquele momento, eu já tinha tudo pronto
para a importação da água de
coco embalada em Tetra Pak.
Só precisava de um "microcaso
de sucesso de vendas".
Depois de insistir com o responsável pela regional da maior
rede de produtos naturais dos
EUA, na Califórnia, consegui
que ele passasse a vender meus
produtos. Várias estrelas de
Hollywood foram fotografadas
por paparazzi bebendo minha
água de coco. Começou então
uma propaganda boca a boca.
Em 2007, já estava vendendo
quase US$ 1 milhão. Hoje, com
a Pepsi, já estamos em 65 mil
locais de venda.
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