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Lojas oferecem de hímen artificial a anão gigante
DO ENVIADO A YIWU
O governo chinês -oficialmente comunista e ateu-
construiu há cinco anos uma
mesquita para que os comerciantes muçulmanos "sintam-se em casa", como diz uma das
propagandas de Yiwu.
Placas em inglês e árabe são
vistas pela cidade inteira. Restaurantes com kebab e comida
muçulmana se espalharam.
Chineses da minoria muçulmana hui, que falam árabe, foram
contratados pelas maiores lojas
para atender os clientes do
Oriente Médio.
Vendedoras perguntam ao
repórter da Folha: "Você é muçulmano?", enquanto distribuem propaganda sobre o "hímen industrial", vendido por
uma loja de Yiwu às mulheres
muçulmanas que precisam
aparentar virgindade.
O panfleto do produto, que
mostra uma mulher de braços
abertos cercada por pombas
brancas e girassóis, anuncia
uma "membrana transparente
e vermelha escura, que se dissolve facilmente, antialérgica e
sem contraindicações, testada
por médicos".
Lojas vizinhas oferecem diversos tipos de narguilés, o tradicional cachimbo d'água dos
países árabes, tapetes persas
"made in China", alguns com a
imagem de Meca bordada e o
audiobook do Corão.
Yiwu tenta atender a todos
os mercados possíveis com
uma variedade de produtos
customizados.
Nas 300 lojas de artigos de
Natal há árvores de todos os tipos e tamanhos, Papais Noéis
infláveis, que tocam saxofone
ou que cantam.
Várias lojinhas vendem crucifixos e imagens de Cristo
também adaptadas aos destinos finais -umas têm a imagem da mexicana Virgem de
Guadalupe ao fundo, outras, da
portuguesa Fátima.
Há 20 lojas especializadas
em artigos de Carnaval, de
máscaras e colares de flores artificiais a confetes coloridos e
serpentinas.
Anões de jardim gigantes
com placas de "bem-vindo" em
vários idiomas e que, provavelmente, serão colocados como
objetos de decoração em restaurantes, lojas e hotéis de todo
o mundo estão em alta -e custam o equivalente a R$ 400.
Pirataria
Skates e scooters utilizam
personagens de mangás japoneses como marcas. "Os compradores brasileiros começaram a aparecer muito no último semestre", diz a vendedora
Ma Guilin.
"Eles adoram esses desenhos
japoneses", afirma a moça. As
marcas são pirateadas.
"Há muita pirataria aqui, então o comprador deve ter bastante cuidado, senão a compra
é apreendida no Brasil", afirma
o paulistano João Sena.
Com exceção de algumas empresas coreanas, que vendem
produtos para bebê -carrinhos, cadeirinha para carro,
berços-, a maioria das fábricas
representadas no centro atacadista é da própria região, da
Província de Zhejiang.
"No futuro, queremos ser
plataforma para empresas estrangeiras que queiram mostrar seus produtos aqui, vendendo para a China ou para outros mercados", diz o gerente
do Centro, Hu Yanhu.
Cerca de 400 mil comerciantes estrangeiros visitaram Yiwu no ano passado, 20% a mais
que no ano anterior.
"Em tempos de crise, nossa
vantagem em preços baixos é
imbatível", afirma o gerente.
Apesar dos cursos gratuitos
de inglês, espanhol e árabe ministrados pela manhã aos vendedores, poucos conseguem falar inglês -os compradores andam com intérpretes.
(RJL)
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