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TENSÃO PRÉ-COPOM
Pesquisa do BC mostra que não é esperado corte na taxa na reunião que começa hoje
Para bancos, juros só caem em março
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central não deve reduzir os juros básicos da economia
neste mês, mas somente em março, segundo pesquisa feita pela
entidade entre cem bancos e empresas de consultoria. Hoje e
amanhã, o Copom (Comitê de
Política Monetária do BC) se reúne para decidir se mexe na taxa
Selic, que está em 16,5% ao ano.
No mês passado, o Copom surpreendeu ao interromper uma seqüência de sete cortes consecutivos nos juros. Na ocasião, a pesquisa feita pelo BC mostrava que a
expectativa era de uma redução
de 0,5 ponto percentual na taxa.
A justificativa apresentada para
a manutenção dos juros foi a aceleração da inflação ocorrida em
janeiro. Embora uma alta mais
forte dos preços costume ocorrer
com freqüência no início de cada
ano, o BC disse ver sinais de que
esses reajustes não sejam um fenômeno temporário -daí a necessidade de manter uma política
monetária mais apertada.
Além disso, segundo o BC, seria
recomendável uma interrupção
na tendência de queda dos juros,
para verificar com maior precisão
os efeitos que os cortes ocorridos
no ano passado teriam sobre a
economia. Entre junho e dezembro de 2003, a taxa caiu dez pontos percentuais.
A pesquisa feita pelo BC mostra
que o mercado espera um queda
de 0,25 ponto percentual na taxa
de juros somente na reunião de
março do Copom. Segundo os
analistas consultados pelo BC, a
taxa de juros deverá fechar dezembro em 13,8% ao ano.
A explicação divide analistas. O
economista Juarez Rizzieri, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da
USP), diz apostar na manutenção
dos juros, embora afirme haver
condições para um corte na taxa.
"Não há nenhum sinal de inflação. É falta de coragem [do BC].
Como vai ter inflação se não tem
crescimento?", questiona.
Juros mais elevados tendem a
desestimular os investimentos e o
consumo e, com isso, reduzir a
atividade econômica. Esse cenário de desaceleração faz com que
as empresas tenham dificuldade
em reajustar preços. Ou seja, colabora para o controle da inflação.
Já Alexandre Lintz, economista-chefe do banco BNP Paribas, diz
que "as incertezas em relação à
persistência da inflação continuam". Para ele, os preços ao consumidor apresentaram alta maior
do que o esperado em janeiro, o
que justificaria a cautela do BC.
Alexandre Mathias, economista-chefe do Unibanco Asset Management, também diz esperar a
manutenção da taxa em 16,5% ao
ano. "Após todos os cortes do ano
passado, manter os juros agora
não traz muito impacto sobre o
nível de atividade econômica."
Segundo a pesquisa de mercado
feita pelo BC, a economia deve
crescer 3,68% neste ano.
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