São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Pesquisa do BC mostra que não é esperado corte na taxa na reunião que começa hoje

Para bancos, juros só caem em março

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central não deve reduzir os juros básicos da economia neste mês, mas somente em março, segundo pesquisa feita pela entidade entre cem bancos e empresas de consultoria. Hoje e amanhã, o Copom (Comitê de Política Monetária do BC) se reúne para decidir se mexe na taxa Selic, que está em 16,5% ao ano.
No mês passado, o Copom surpreendeu ao interromper uma seqüência de sete cortes consecutivos nos juros. Na ocasião, a pesquisa feita pelo BC mostrava que a expectativa era de uma redução de 0,5 ponto percentual na taxa.
A justificativa apresentada para a manutenção dos juros foi a aceleração da inflação ocorrida em janeiro. Embora uma alta mais forte dos preços costume ocorrer com freqüência no início de cada ano, o BC disse ver sinais de que esses reajustes não sejam um fenômeno temporário -daí a necessidade de manter uma política monetária mais apertada.
Além disso, segundo o BC, seria recomendável uma interrupção na tendência de queda dos juros, para verificar com maior precisão os efeitos que os cortes ocorridos no ano passado teriam sobre a economia. Entre junho e dezembro de 2003, a taxa caiu dez pontos percentuais.
A pesquisa feita pelo BC mostra que o mercado espera um queda de 0,25 ponto percentual na taxa de juros somente na reunião de março do Copom. Segundo os analistas consultados pelo BC, a taxa de juros deverá fechar dezembro em 13,8% ao ano.
A explicação divide analistas. O economista Juarez Rizzieri, pesquisador da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP), diz apostar na manutenção dos juros, embora afirme haver condições para um corte na taxa. "Não há nenhum sinal de inflação. É falta de coragem [do BC]. Como vai ter inflação se não tem crescimento?", questiona.
Juros mais elevados tendem a desestimular os investimentos e o consumo e, com isso, reduzir a atividade econômica. Esse cenário de desaceleração faz com que as empresas tenham dificuldade em reajustar preços. Ou seja, colabora para o controle da inflação.
Já Alexandre Lintz, economista-chefe do banco BNP Paribas, diz que "as incertezas em relação à persistência da inflação continuam". Para ele, os preços ao consumidor apresentaram alta maior do que o esperado em janeiro, o que justificaria a cautela do BC.
Alexandre Mathias, economista-chefe do Unibanco Asset Management, também diz esperar a manutenção da taxa em 16,5% ao ano. "Após todos os cortes do ano passado, manter os juros agora não traz muito impacto sobre o nível de atividade econômica."
Segundo a pesquisa de mercado feita pelo BC, a economia deve crescer 3,68% neste ano.


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