São Paulo, terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

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TENSÃO PRÉ-COPOM

Desempenho da economia pode ser mais fraco no 1º trimestre

Mercado já espera queda menor dos juros em 2004

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A manutenção da Selic em 16,5% ao ano, no mês passado, e a expectativa de que o que o Banco Central repetirá a dose amanhã já fazem o mercado esperar uma queda menor na taxa de juros neste ano.
Pesquisa mensal feita pela Febraban (Federação Brasileira dos Bancos) revela que as instituições financeiras projetam, agora, que a taxa Selic fechará 2004 em 13,71% -antes, a previsão era de 13,62%. Além disso, a expectativa dos 53 bancos ouvidos é de uma taxa básica média de 14,96% em 2004, contra os 14,73% de janeiro.
Embora indiquem uma correção na tendência esperada, as mudanças são pequenas, segundo o economista-chefe da Febraban, Roberto Troster.
"O mercado antes esperava cortes dos juros nos primeiros dois, três meses do ano e agora conta com manutenção. Isso fez a média de 2004 subir automaticamente. Já a correção da taxa esperada para o fim do ano foi muito pequena", afirma Troster.
Segundo Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, esse movimento de correção das expectativas tende a ser freado tão logo a autoridade monetária retome a política de redução de juros.
"Isso não deve demorar a ocorrer. Se a aposta dos economistas estiver correta, a pressão de preços que vimos é temporária, até porque não há combustível de demanda para isso. Com isso, os juros devem voltar a cair", diz Maia.
O que já motiva discussão entre economistas são os possíveis impactos da política monetária mais conservadora do que o esperado nos primeiros meses do ano sobre a atividade econômica.
A pesquisa da Febraban revela que as projeções dos bancos para o PIB (Produto Interno Bruto) em 2004 recuaram, ainda que de forma bastante modesta, de 3,7% para 3,67% agora.
Analistas acreditam que é cedo para falar em comprometimento das expectativas de expansão econômica neste ano. Em parte, isso ocorre porque apenas por efeito estatístico o PIB deverá crescer em 2004. Afinal, a base de comparação, 2003, é fraca e a economia já vinha se recuperando num ritmo forte no fim do ano passado.
Economistas não descartam, no entanto, uma redução do ritmo dessa expansão que vinha sendo registrada no primeiro trimestre deste ano.
"O que pode ocorrer é um primeiro trimestre um pouco mais fraco", afirma Maia.
Segundo Fernando Montero, economista da consultoria Tendências, um arrefecimento da velocidade de recuperação agora é possível. Ele explica que a política monetária mais conservadora teve efeito não só nas expectativas do mercado, mas também nas de consumidores e comerciantes.
"Os últimos indicadores já revelam que os consumidores estão menos dispostos a gastar e parece que as encomendas pelo varejo também perderam um pouco de ritmo. Isso pode influenciar o desempenho da indústria em fevereiro", afirma.
No entanto, a possibilidade de um terceiro trimestre mais fraco não significa, na opinião de Montero, que o crescimento de 2004 será prejudicado pelos efeitos da política monetária neste início de ano. Isso porque o ritmo de recuperação da economia, até então, era forte e a tendência é que, tão logo os juros voltem a cair, a velocidade da retomada deverá ter nova aceleração.
"A recuperação vinha ocorrendo com um nível de estoques muito baixo. A recomposição deles pode ser adiada, mas não tem como ser evitada. Quando os juros voltarem a cair, deve ocorrer uma nova reação rápida da produção", diz o economista.


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