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TENSÃO PRÉ-COPOM
Desempenho da economia pode ser mais fraco no 1º trimestre
Mercado já espera queda menor dos juros em 2004
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A manutenção da Selic em
16,5% ao ano, no mês passado, e a
expectativa de que o que o Banco
Central repetirá a dose amanhã já
fazem o mercado esperar uma
queda menor na taxa de juros
neste ano.
Pesquisa mensal feita pela Febraban (Federação Brasileira dos
Bancos) revela que as instituições
financeiras projetam, agora, que a
taxa Selic fechará 2004 em 13,71%
-antes, a previsão era de 13,62%.
Além disso, a expectativa dos 53
bancos ouvidos é de uma taxa básica média de 14,96% em 2004,
contra os 14,73% de janeiro.
Embora indiquem uma correção na tendência esperada, as mudanças são pequenas, segundo o
economista-chefe da Febraban,
Roberto Troster.
"O mercado antes esperava cortes dos juros nos primeiros dois,
três meses do ano e agora conta
com manutenção. Isso fez a média de 2004 subir automaticamente. Já a correção da taxa esperada
para o fim do ano foi muito pequena", afirma Troster.
Segundo Alexandre Maia, economista-chefe da Gap Asset Management, esse movimento de
correção das expectativas tende a
ser freado tão logo a autoridade
monetária retome a política de redução de juros.
"Isso não deve demorar a ocorrer. Se a aposta dos economistas
estiver correta, a pressão de preços que vimos é temporária, até
porque não há combustível de demanda para isso. Com isso, os juros devem voltar a cair", diz Maia.
O que já motiva discussão entre
economistas são os possíveis impactos da política monetária mais
conservadora do que o esperado
nos primeiros meses do ano sobre
a atividade econômica.
A pesquisa da Febraban revela
que as projeções dos bancos para
o PIB (Produto Interno Bruto) em
2004 recuaram, ainda que de forma bastante modesta, de 3,7% para 3,67% agora.
Analistas acreditam que é cedo
para falar em comprometimento
das expectativas de expansão econômica neste ano. Em parte, isso
ocorre porque apenas por efeito
estatístico o PIB deverá crescer
em 2004. Afinal, a base de comparação, 2003, é fraca e a economia
já vinha se recuperando num ritmo forte no fim do ano passado.
Economistas não descartam, no
entanto, uma redução do ritmo
dessa expansão que vinha sendo
registrada no primeiro trimestre
deste ano.
"O que pode ocorrer é um primeiro trimestre um pouco mais
fraco", afirma Maia.
Segundo Fernando Montero,
economista da consultoria Tendências, um arrefecimento da velocidade de recuperação agora é
possível. Ele explica que a política
monetária mais conservadora teve efeito não só nas expectativas
do mercado, mas também nas de
consumidores e comerciantes.
"Os últimos indicadores já revelam que os consumidores estão
menos dispostos a gastar e parece
que as encomendas pelo varejo
também perderam um pouco de
ritmo. Isso pode influenciar o desempenho da indústria em fevereiro", afirma.
No entanto, a possibilidade de
um terceiro trimestre mais fraco
não significa, na opinião de Montero, que o crescimento de 2004
será prejudicado pelos efeitos da
política monetária neste início de
ano. Isso porque o ritmo de recuperação da economia, até então,
era forte e a tendência é que, tão
logo os juros voltem a cair, a velocidade da retomada deverá ter
nova aceleração.
"A recuperação vinha ocorrendo com um nível de estoques
muito baixo. A recomposição deles pode ser adiada, mas não tem
como ser evitada. Quando os juros voltarem a cair, deve ocorrer
uma nova reação rápida da produção", diz o economista.
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