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PF não enviou reforço no caso Petrobras
Superintendência da PF no Rio arquivou pedido de ajuda da delegada de Macaé para apurar roubo de dados da estatal
Ofício com solicitação de reforços chegou no dia 8, mas foi arquivado por delegado subordinado ao superintendente do Rio
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
A Superintendência da Polícia Federal do Rio arquivou o
ofício em que a presidente do
inquérito que apura o roubo de
material de informática com
dados secretos da Petrobras,
Carla de Melo Dolinski, pedia
reforço material e de pessoal
para as investigações.
O ofício foi encaminhado pela delegada, diretora interina
da Delegacia da PF em Macaé, à
Drex (Delegacia Regional Executiva), cujo titular, delegado
Marcos Fernandes, responde,
na hierarquia, apenas ao superintendente Jacinto Caetano.
Assim que abriu o inquérito,
no último dia 7, a delegada
constatou que, com a carência
de recursos e funcionários da
Delegacia da PF em Macaé, seria difícil avançar nas investigações de um caso complexo, com
suspeita de que tenha havido
espionagem industrial.
O ofício em que ela pedia reforço chegou à sede da PF no
Rio no último dia 8, um depois
da abertura de inquérito. Não
foi dado atenção ao documento. Por ordem de Fernandes, o
ofício foi arquivado, embora a
Petrobras já tivesse alertado a
PF sobre a presença de dados
estratégicos e sigilosos nos
equipamentos furtados.
O roubo do material, em um
contêiner que percorreu o trajeto entre a bacia de Santos e
Macaé, foi registrado na superintendência da PF no dia 1º, na
sede do Rio. Como era véspera
de Carnaval, ficou decidido que
a abertura de inquérito poderia
esperar um pouco. Ela aconteceu no dia 7, em Macaé.
Com o vazamento das informações sobre o furto na Petrobras, na última quinta (dia 14),
o diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, procurou saber
o que estava sendo feito e o estágio das investigações.
No dia seguinte, de manhã,
ele conversou por telefone com
o superintendente Caetano, de
quem ouviu que as apurações
estavam em uma espécie de estaca zero, mesmo após duas semanas do registro do roubo.
Corrêa exigiu providências
de Caetano, que entrou em
contato com a delegada. Ouviu
dela que tinha dificuldades em
investigar o caso por causa da
falta de pessoal e de recursos.
Falou que pedira reforço à
Drex, mas sem obter resposta.
O superintendente procurou
saber na Drex o que havia ocorrido. Descobriu que Fernandes,
seu homem de confiança, havia
vetado o pedido da presidente
do inquérito. Ao comunicar esse fato ao diretor-geral, ouviu
dele queixas a respeito da suposta inépcia da Drex e da superintendência no caso.
O diretor-geral da PF também determinou a Caetano que
proibisse a delegada de dar entrevistas, o que ela fizera na
véspera. E determinou a formação de um grupo de trabalho
de apoio aos investigadores em
Macaé. A ordem passou a ser
dar agilidade ao inquérito.
Em entrevista à Folha na
quinta, a delegada chegou a falar sobre a falta de pessoal, mas
preferiu não se aprofundar
quando questionada. "A gente
tem carência de pessoal", limitou-se a responder Dolinski.
A Folha tentou ontem, sem
sucesso, falar de novo com a
delegada. Tentou também contato com o superintendente da
PF no Rio e o delegado da Drex,
mas nenhum foi localizado.
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