São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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Toshiba desiste de fábrica de chip, diz Cabral

Governador do Rio afirma que Dilma Rousseff está frustrada pela falta de contrapartida para TV digital

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

Em visita oficial ao Japão, o governador do Estado do Rio, Sérgio Cabral (PSDB), disse ter sido informado pela direção da Toshiba de que a empresa desistiu de implantar a fábrica de semicondutores no Brasil.
A fábrica foi anunciada pelo governo Lula, em 2006, como contrapartida pela escolha do padrão japonês de TV digital. Mas o governo japonês nunca se comprometeu, efetivamente, com a viabilização do projeto, alegando que apoiava a iniciativa, mas que a decisão caberia às empresas.
O presidente Lula oficializou a escolha do padrão japonês em junho de 2006, encerrando uma discussão que durava mais de dez anos. Dois meses antes, o governo enviou uma missão ao Japão para assinar um acordo com o governo local e com a Toshiba, no qual foram detalhadas as contrapartidas para a adoção do sistema japonês de TV digital no Brasil. No documento, o governo japonês apenas prometeu colaborar com o governo brasileiro na elaboração de um plano estratégico para desenvolver a indústria de semicondutores no país.
A Toshiba chegou a enviar técnicos ao Brasil para estudar a viabilidade da construção da fábrica, em 2006. Segundo a assessoria da empresa, os estudos indicaram que o país ainda não tem mercado suficiente para viabilizar a fabricação de semicondutores, mas, até agora, a matriz japonesa não havia, oficialmente, descartado a idéia de montar a fábrica.
Em entrevista à Folha, por telefone, de Tóquio, Cabral disse que saiu frustrado da reunião com o vice-presidente da Toshiba, Yoshiaki Sato, na quarta-feira passada.
Indagado se o executivo havia sido explícito em relação à desistência da fábrica, Cabral afirmou: "Os japoneses nunca dizem "sim" nem "não", mas não senti garantia no investimento, o que é frustrante". O Palácio da Guanabara, porém, divulgou texto em que o governador declara que dirigentes da Toshiba "confirmaram a desistência".
O governador disse à Folha que a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, "compartilha" do seu sentimento de frustração pela desistência dos japoneses em montar a fábrica no Brasil. Ele disse ter relatado a Dilma o encontro que teve com as autoridades e empresas japonesas. Segundo ele, a ministra irá ao Japão em abril e insistirá na cobrança das contrapartidas.
"A escolha do padrão japonês foi uma decisão difícil para o Brasil, porque havia outros dois padrões de TV digital em jogo, igualmente reconhecidos, o europeu e o norte-americano, que também ofereciam contrapartidas em investimentos. Daí nossa frustração", prosseguiu Cabral.
Na ocasião, europeus e norte-americanos reclamaram de que o governo rendeu-se ao interesse dos radiodifusores, defensores do padrão japonês.
O Ministério das Comunicações contesta a informação de Sérgio Cabral de que a Toshiba teria abandonado a idéia de implantar a fábrica no Brasil.
Segundo a assessoria do ministro Hélio Costa, o projeto da Toshiba "continua de pé, e sua implantação é questão apenas de tempo".


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