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Meirelles vê o crédito quase normalizado; Setubal diz a Lula que conte com os bancos
DE NOVA YORK
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem que tanto as linhas
externas de financiamento para a rolagem de dívidas de empresas quanto as destinadas ao
comércio exterior estão se normalizando no Brasil.
Segundo Meirelles, passada a
fase mais aguda da crise, o nível
de rolagem das dívidas de empresas passou de 20% em outubro para 70% hoje. Já o financiamento à exportação em fevereiro teria atingido 95% das
necessidades.
Em seminário sobre o Brasil
em Nova York, Meirelles disse
que todas as intervenções já
realizadas pelo BC para fornecer liquidez e suprir a necessidade de dólares no mercado teriam custado US$ 26 bilhões.
Desse total, apenas US$ 14
bilhões afetaram as reservas internacionais (o resto será devolvido por bancos que tomaram empréstimos ou referem-se a operações que não acarretam desembolso de dólares).
As reservas internacionais do
país, que eram de US$ 205 bilhões em setembro, estariam
hoje em cerca de US$ 200 bilhões -já que, apesar dos gastos efetivos, houve valorização
das reservas no período.
Meirelles afirmou que o
principal aspecto positivo do
Brasil nesta crise é que o mercado interno segue como principal carro-chefe do crescimento. "Não precisamos criar
demanda interna para substituir a queda das exportações."
As exportações brasileiras
equivalem a apenas 14% do
PIB. China e Alemanha (exportações de 40% do PIB), por
exemplo, são muito mais dependentes do mercado externo
para manter suas economias
aquecidas.
No mesmo encontro, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que o Brasil ainda tem
"bala na agulha" para enfrentar
a crise. "Ao contrário de outros
países, que já usaram quase todos os seus instrumentos."
Mantega citou especificamente "as reservas em reais" e
os "juros ainda elevados".
As reservas em reais são o
compulsório que os bancos têm
de recolher no BC. Desde o início da crise, cerca de R$ 100 bilhões foram liberados para injetar liquidez no mercado. Há
outros R$ 160 bilhões que ainda podem ser usados.
No caso dos juros, o Brasil
ainda tem uma das maiores taxas do mundo, de 11,25% ao
ano. Ela pode ser reduzida tanto para baratear o custo do dinheiro na economia quanto para abrir mais espaço para gastos
em investimentos públicos (já
que, com juros menores, o governo pagaria menos sobre seu
endividamento).
Roberto Setubal, presidente
do Itau Unibanco, afirmou que
um fator "muito ruim" do passado da economia brasileira, "a
alta volatilidade", exigiu que
empresários e banqueiros se
adaptassem para sobreviver.
Dirigindo-se a Lula, Setubal
afirmou: "O presidente pode
contar com os bancos no Brasil.
Eles são parte da solução. Não
do problema".
Para o chairman do Citigroup, William Rhodes, "o Brasil é um dos países mais bem
preparados na América Latina
e ao redor do mundo para enfrentar a atual crise".
(FCZ e AM)
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