São Paulo, terça-feira, 17 de março de 2009

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Obama tenta barrar bônus milionário da AIG

Ele chama de "ultraje" pagamento de US$ 165 mi a funcionários da seguradora que obteve socorro de mais de US$ 170 bi

Governo dos EUA deve ter dificuldades para reverter pagamento, mas pode exigir que a AIG devolva valor para receber nova injeção

DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o pagamento pela seguradora AIG de bônus de US$ 165 milhões aos seus funcionários é um "ultraje ao contribuinte americano" e afirmou que o governo fará de tudo para reverter a decisão. "Essa não é apenas uma questão de dinheiro, é sobre valores fundamentais."
"Por todo o país, existem pessoas que trabalham duro e cumprem suas responsabilidades todos os dias, sem o benefício de resgates governamentais ou bônus multimilionários. E tudo o que eles pedem é que todo mundo, desde "Main Street" (rua principal, uma referência à economia real) até Wall Street e Washington, jogue com as mesmas regras. Essa é uma ética que nós temos que exigir."
Obama tem nas últimas semanas buscado se mostrar um defensor da economia real, ao mesmo tempo em que precisa explicar por que mais bancos precisam de ajuda dos EUA. Uma pesquisa do "New York Times" e da TV CBS constatou em fevereiro que 83% dos entrevistados diziam acreditar que o governo deveria limitar a remuneração recebida por executivos de empresas que estão recebendo assistência federal.
O governo americano vem aumentando o tom contra a AIG, especialmente depois da revelação sobre os bônus pagos a uma empresa que perdeu US$ 99,3 bilhões no ano passado e que mais da metade do dinheiro do socorro estatal acabou beneficiando grandes bancos -alguns deles estrangeiros.
O principal assessor econômico de Obama, Lawrence Summers, afirmou que o pagamento dos bônus é "ultrajante". Já o presidente do Fed (o banco central americano), Ben Bernanke, que foi nomeado por George W. Bush, disse duas vezes neste mês que o auxílio à AIG lhe deu "muita raiva".
A revolta do governo também cresceu depois que ficou claro que funcionários da AIG Financial Products, a unidade que perdeu US$ 40,5 bilhões no ano passado em apostas fracassadas no seguro de ativos lastreados em hipotecas e que foi a principal responsável pelo prejuízo recorde, receberão bônus.
Nenhuma instituição recebeu um socorro maior do governo americano do que a AIG. Desde setembro do ano passado, os EUA se comprometeram a injetar mais de US$ 170 bilhões na seguradora. Em troca, receberam participação de 79,9% na empresa.
Apesar da promessa de Obama de que pedirá ao secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que busque todas as alternativas para bloquear o bônus, o governo deverá ter dificuldades para reverter o pagamento dos US$ 165 milhões, já que ele foi acertado no início de 2008, quando os EUA não tinham participação na empresa. Mas o Tesouro pode exigir que a AIG pague esse montante para receber a injeção de US$ 30 bilhões prometida no início do mês.
O presidente da AIG, Edward Liddy, informou o governo no final de semana que teria que pagar até anteontem os bônus. De acordo com a rede de TV CNBC, o valor gira de US$ 1.000 a US$ 6,5 milhões, com sete funcionários recebendo mais de US$ 3 milhões.
O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, intimou judicialmente a AIG para que ela revela a lista dos empregados que receberam bônus, a função deles e o desempenho. "Você pode argumentar que, se os contribuintes não tivessem resgatado a AIG, os contratos não valeriam o papel em que foram assinados."

Com o "New York Times" e agências internacionais


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