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Obama tenta barrar bônus milionário da AIG
Ele chama de "ultraje" pagamento de US$ 165 mi a funcionários da seguradora que obteve socorro de mais de US$ 170 bi
Governo dos EUA deve ter dificuldades para reverter pagamento, mas pode exigir que a AIG devolva valor
para receber nova injeção
DA REDAÇÃO
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que o pagamento pela seguradora AIG de
bônus de US$ 165 milhões aos
seus funcionários é um "ultraje
ao contribuinte americano" e
afirmou que o governo fará de
tudo para reverter a decisão.
"Essa não é apenas uma questão de dinheiro, é sobre valores
fundamentais."
"Por todo o país, existem pessoas que trabalham duro e
cumprem suas responsabilidades todos os dias, sem o benefício de resgates governamentais
ou bônus multimilionários. E
tudo o que eles pedem é que todo mundo, desde "Main Street"
(rua principal, uma referência à
economia real) até Wall Street
e Washington, jogue com as
mesmas regras. Essa é uma ética que nós temos que exigir."
Obama tem nas últimas semanas buscado se mostrar um
defensor da economia real, ao
mesmo tempo em que precisa
explicar por que mais bancos
precisam de ajuda dos EUA.
Uma pesquisa do "New York
Times" e da TV CBS constatou
em fevereiro que 83% dos entrevistados diziam acreditar
que o governo deveria limitar a
remuneração recebida por executivos de empresas que estão
recebendo assistência federal.
O governo americano vem
aumentando o tom contra a
AIG, especialmente depois da
revelação sobre os bônus pagos
a uma empresa que perdeu US$
99,3 bilhões no ano passado e
que mais da metade do dinheiro do socorro estatal acabou beneficiando grandes bancos
-alguns deles estrangeiros.
O principal assessor econômico de Obama, Lawrence
Summers, afirmou que o pagamento dos bônus é "ultrajante". Já o presidente do Fed (o
banco central americano), Ben
Bernanke, que foi nomeado por
George W. Bush, disse duas vezes neste mês que o auxílio à
AIG lhe deu "muita raiva".
A revolta do governo também cresceu depois que ficou
claro que funcionários da AIG
Financial Products, a unidade
que perdeu US$ 40,5 bilhões no
ano passado em apostas fracassadas no seguro de ativos lastreados em hipotecas e que foi a
principal responsável pelo prejuízo recorde, receberão bônus.
Nenhuma instituição recebeu um socorro maior do governo americano do que a AIG.
Desde setembro do ano passado, os EUA se comprometeram
a injetar mais de US$ 170 bilhões na seguradora. Em troca,
receberam participação de
79,9% na empresa.
Apesar da promessa de Obama de que pedirá ao secretário
do Tesouro, Timothy Geithner,
que busque todas as alternativas para bloquear o bônus, o governo deverá ter dificuldades
para reverter o pagamento dos
US$ 165 milhões, já que ele foi
acertado no início de 2008,
quando os EUA não tinham
participação na empresa. Mas o
Tesouro pode exigir que a AIG
pague esse montante para receber a injeção de US$ 30 bilhões
prometida no início do mês.
O presidente da AIG, Edward
Liddy, informou o governo no
final de semana que teria que
pagar até anteontem os bônus.
De acordo com a rede de TV
CNBC, o valor gira de US$
1.000 a US$ 6,5 milhões, com
sete funcionários recebendo
mais de US$ 3 milhões.
O procurador-geral de Nova
York, Andrew Cuomo, intimou
judicialmente a AIG para que
ela revela a lista dos empregados que receberam bônus, a
função deles e o desempenho.
"Você pode argumentar que, se
os contribuintes não tivessem
resgatado a AIG, os contratos
não valeriam o papel em que foram assinados."
Com o "New York Times" e agências internacionais
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