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Cabral interrompe obras do PAC para engrossar protesto
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Na tentativa de engrossar a
passeata de protesto contra a
emenda Ibsen, que modifica a
distribuição de royalties do
pré-sal e desfavorece Estados e
municípios produtores, o governador Sérgio Cabral Filho
(PMDB) interromperá às 12h
de hoje as obras do PAC em
quatro comunidades carentes.
A ordem para a suspensão
chegou ontem aos canteiros da
Emop (Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro) nas favelas da Rocinha
(zona sul) e Manguinhos (zona
norte) e nos complexos do Alemão (zona norte) e Pavão-Pavãozinho/Cantagalo (zona sul).
O plano do governador é levar ao menos 150 mil pessoas
ao ato, a partir das 16h, no centro, e, para tal, usa o peso da
máquina do Estado: ponto facultativo para o funcionalismo,
número máximo de composições do metrô em direção ao local da passeata, barca especial
de transporte para quem vem
de Niterói, grupos com camisetas fazendo publicidade pelas
ruas e apresentação de artistas
durante o protesto.
Para lotar a passeata, Cabral
investe no funcionalismo e na
vinda ao Rio de pessoas convocadas pelas prefeituras interioranas. O funcionalismo estadual estará dispensado do serviço a partir das 15h.
O ponto facultativo também
foi decretado pelo prefeito do
Rio, Eduardo Paes (PMDB). A
mesma medida vigorará em
municípios vizinhos, mesmo os
comandados por adversários
de Cabral, como Duque de Caxias, cujo prefeito é do PSDB.
A emenda, dos deputados Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) e
Humberto Souto (PPS-RJ), deve tirar cerca de R$ 7,5 bilhões
de receita do Estado do Rio.
Como forma de reagir ao que
chamou ontem de agressão "ao
Estado democrático de direito"
e "ao preceito constitucional",
o governador convocou a passeata entre a Candelária e a Cinelândia, onde ocorrerá ato público e espetáculo com Sapão,
grupos Molejo, Pixote, Hawaianos e Revelação, Leandro Sapucahy, Fernanda Abreu, Gustavo
Lins, Alcione e a dupla Sany
Pitbull & Paula Sued.
Na Câmara de Vereadores,
foi cassada ontem, por unanimidade, a medalha Pedro Ernesto -maior comenda do Legislativo carioca- que foi concedida a Ibsen Pinheiro em
1993. O requerimento foi apresentado pelo vereador Carlos
Bencardino (PRTB), para
quem Ibsen, "na verdade, é um
inimigo do Rio". Em ato de protesto no plenário da Assembleia Legislativa, à tarde, o governador disse que a emenda
Ibsen representa "um linchamento" para o Estado.
O governador saiu sem dizer
quanto o ato de hoje custará aos
cofres públicos. O vice Luiz
Fernando Pezão afirmou não
saber o valor. A assessoria do
governador informou que os
custos serão pagos pelo gabinete de Cabral.
O vice-governador disse que
espera a chegada de cerca de
mil ônibus vindos do interior,
com 50 mil pessoas.
A pedido do governo estadual, a concessionária Barcas
S.A., que explora as rotas marítimas na baía de Guanabara,
realizará uma travessia exclusiva e gratuita de Niterói para o
Rio, às 15h. Os bilhetes para retorno serão entregues na ida.
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