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LUÍS NASSIF
A volta do Refis
Não se tenha dúvida: o primeiro Refis foi aprovado e
teve apoio tão maciço no Congresso porque no meio do caminho grandes grupos pouco
transparentes pegaram carona
no projeto.
Mesmo assim, não reduz a sua
relevância. Viabilizou milhares
de empresas, que tinham sido
massacradas pela política de juros e câmbio, e permitiu dois tipos de ganho tributário para o
governo: o pagamento do Refis e
a regularização dos pagamentos
de tributos por quem se enquadrou nele. Mais que isso: deu
muito mais condições ao fisco
para executar as dívidas dos
inadimplentes. Portanto aderiu
quem agiu de boa-fé.
Quais foram os problemas enfrentados pelo Refis? O primeiro, o de a atividade econômica
não ter reagido. As empresas
que entraram no Refis passaram a pagar não apenas os tributos correntes como o refinanciamento -uma sobrecarga só
possível em ambiente de crescimento. Muitas não suportaram
a dupla carga, com a economia
a banho-maria.
O segundo, o boicote de escritórios de advocacia beneficiários da indústria das liminares
tributárias e que, para não perder o negócio, espalharam o terror entre clientes, reduzindo o
número de adesões ao programa, sob a complacência da Ordem dos Advogados do Brasil.
O terceiro, a própria burocracia da Receita, que eliminou
inúmeras empresas por problemas burocráticos ou pequenos
atrasos no pagamento e manteve grandes empresas inadimplentes.
A volta do Refis permitiria ao
governo atrair um contingente
muito maior de empresas, melhorar a arrecadação da Receita
e do INSS, além de receber diretamente do Refis. Para evitar
que grupos manjados se beneficiem do processo, definam-se limites de faturamento para as
empresas que queiram aderir ao
programa.
Mas não se pode fugir da lógica central do programa: atrelar
o pagamento à capacidade de
pagamento, ou seja, a um percentual do faturamento. Essa
idéia de fixar prazo máximo de
180 meses inviabiliza o programa, por uma questão aritmética. Os impostos atrasados foram
engordados com multas e correção pela TR, enquanto a maioria das empresas teve perda de
faturamento, em razão da própria crise da economia. A proporção entre dívida acumulada
e faturamento tornou-se tão
grande que prazos dessa ordem
jogarão para fora do Refis a
maioria das empresas que poderiam aderir e voltar a contribuir. Perdem todas as partes,
Receita, empresas e empregos.
Tecnologia
A séria de reportagens do "Valor" sobre o Ministério da Ciência e Tecnologia e o desenvolvimento do setor nos últimos anos
é definitiva. E comprova um fato relevante: o modelo montado
(e que está sendo destruído pela
atual gestão do MCT) era de
largo espectro. É importante que
seja preservado e que se mantenham centros de formulação,
como o Centro de Gestão.
A perna ineficiente e pouco
transparente do modelo foi a Finep, mesmo sob fiscalização da
Associação dos Funcionários.
E-mail - Luisnassif@uol.com.br
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