São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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COMÉRCIO

Vendas de bens primários cresce 31% no ano; no total, expansão é de 16,4%

Básicos puxam alta das exportações

CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os produtos básicos ditaram o ritmo de crescimento das exportações brasileiras no primeiro trimestre deste ano.
Nos primeiros três meses de 2006, houve uma alta de 16,4% nas vendas externas. Entre os bens básicos, essa expansão foi de 30,9%, entre os semimanufaturados, de 3,2% e entre os manufaturados, de 12,8%, de acordo com dados da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Um recorte dos valores exportados mostra que a taxa de crescimento total das exportações nos primeiros três meses deste ano correspondeu a US$ 5 bilhões. Desse total, o minério de ferro contribuiu com US$ 850 milhões. No caso do açúcar, essa participação foi de US$ 400 milhões.
A julgar pelo comportamento deste primeiro trimestre, a projeção de analistas de comércio exterior é que esses bens menos elaborados continuem a impulsionar as exportações. A apreciação do real tem exercido um papel negativo na competitividade dos bens manufaturados.
Segundo estudo da Funcex (Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior), há uma perda significativa de dinamismo do "quantum" (quantidade exportada) em todas as classes de produtos, mas com maior intensidade no grupo dos produtos manufaturados. No início de 2005, o volume exportado desses produtos crescia a um ritmo superior a 25% ao ano. Neste ano, entretanto, a taxa está em torno de 8%.
Diante desse cenário, a AEB projeta que a fatia de participação de básicos da pauta de exportação atinja 30% no final deste ano. Ao término de 2005, ela era de 29,3%.
O ânimo que as exportações de bens básicos tem dado ao comércio exterior tem sido possível por causa da ainda forte demanda internacional, sobretudo chinesa, por esse tipo de produto. "As commodities passaram ao largo do câmbio por causa do fator preço", avaliou José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB.
Cálculos elaborados pela entidade mostram o expressivo peso do fator preço para as exportações nos últimos anos. Entre 2005 e 2002, enquanto o preço por tonelada de minério de ferro subiu 113,84%, a quantidade exportada no mesmo período teve um acréscimo de 34,61%.
A elevação dos preços também tem sido importante para o aumento da fatia das exportações brasileiras no comércio mundial. Segundo relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio) divulgado na semana passada, as vendas externas brasileiras representaram 1,1% do total mundial em 2005. No ano anterior, a participação era de 1,05%.
"Os ganhos recentes de "market share" do país devem-se, em grande parte, a ganhos de preços, o que deriva de uma conjuntura mundial que tem incrementado as cotações de produtos de grande importância na pauta brasileira de exportações -como minério de ferro, produtos de aço, petróleo, açúcar,álcool e café- a taxas bem superiores às dos demais produtos", diz a Funcex.
Esse movimento traz dúvidas quanto à sustentabilidade da maior participação brasileira no comércio internacional. Na avaliação da Funcex, "não é razoável imaginar que nossos preços de exportação continuarão crescendo mais rapidamente do que os preços das importações mundiais por um período muito longo".


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