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COMÉRCIO
Vendas de bens primários cresce 31% no ano; no total, expansão é de 16,4%
Básicos puxam alta das exportações
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
Os produtos básicos ditaram o
ritmo de crescimento das exportações brasileiras no primeiro trimestre deste ano.
Nos primeiros três meses de
2006, houve uma alta de 16,4%
nas vendas externas. Entre os
bens básicos, essa expansão foi de
30,9%, entre os semimanufaturados, de 3,2% e entre os manufaturados, de 12,8%, de acordo com
dados da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
Um recorte dos valores exportados mostra que a taxa de crescimento total das exportações nos
primeiros três meses deste ano
correspondeu a US$ 5 bilhões.
Desse total, o minério de ferro
contribuiu com US$ 850 milhões.
No caso do açúcar, essa participação foi de US$ 400 milhões.
A julgar pelo comportamento
deste primeiro trimestre, a projeção de analistas de comércio exterior é que esses bens menos elaborados continuem a impulsionar
as exportações. A apreciação do
real tem exercido um papel negativo na competitividade dos bens
manufaturados.
Segundo estudo da Funcex
(Fundação Centro de Estudos de
Comércio Exterior), há uma perda significativa de dinamismo do
"quantum" (quantidade exportada) em todas as classes de produtos, mas com maior intensidade
no grupo dos produtos manufaturados. No início de 2005, o volume exportado desses produtos
crescia a um ritmo superior a 25%
ao ano. Neste ano, entretanto, a
taxa está em torno de 8%.
Diante desse cenário, a AEB
projeta que a fatia de participação
de básicos da pauta de exportação
atinja 30% no final deste ano. Ao
término de 2005, ela era de 29,3%.
O ânimo que as exportações de
bens básicos tem dado ao comércio exterior tem sido possível por
causa da ainda forte demanda internacional, sobretudo chinesa,
por esse tipo de produto. "As
commodities passaram ao largo
do câmbio por causa do fator preço", avaliou José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB.
Cálculos elaborados pela entidade mostram o expressivo peso
do fator preço para as exportações nos últimos anos. Entre 2005
e 2002, enquanto o preço por tonelada de minério de ferro subiu
113,84%, a quantidade exportada
no mesmo período teve um acréscimo de 34,61%.
A elevação dos preços também
tem sido importante para o aumento da fatia das exportações
brasileiras no comércio mundial.
Segundo relatório da OMC (Organização Mundial do Comércio)
divulgado na semana passada, as
vendas externas brasileiras representaram 1,1% do total mundial
em 2005. No ano anterior, a participação era de 1,05%.
"Os ganhos recentes de "market
share" do país devem-se, em grande parte, a ganhos de preços, o
que deriva de uma conjuntura
mundial que tem incrementado
as cotações de produtos de grande importância na pauta brasileira de exportações -como minério de ferro, produtos de aço, petróleo, açúcar,álcool e café- a taxas bem superiores às dos demais
produtos", diz a Funcex.
Esse movimento traz dúvidas
quanto à sustentabilidade da
maior participação brasileira no
comércio internacional. Na avaliação da Funcex, "não é razoável
imaginar que nossos preços de
exportação continuarão crescendo mais rapidamente do que os
preços das importações mundiais
por um período muito longo".
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