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CAPITALISMO VERMELHO
Hu Jintao inicia amanhã primeira visita oficial aos EUA, que pressionam pela valorização do yuan
China cresce 10,2% e tenta conter expansão
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias antes de iniciar sua
primeira visita oficial aos Estados
Unidos, o presidente da China,
Hu Jintao, anunciou ontem que
seu país cresceu 10,2% nos primeiros três meses do ano.
A expansão é semelhante aos
9,9% registrados em 2005 e aos
10,1% de 2004. Nos últimos dois
anos, o governo chinês vem tentando reduzir o ritmo de crescimento da economia, com adoção
de medidas administrativas que
restringem investimentos.
Na sexta-feira, o Conselho de
Estado (o gabinete chinês) se reuniu com o objetivo de discutir novas medidas que possam desacelerar a atividade econômica. Além
do risco de superaquecimento, o
governo está preocupado com a
forte demanda por produtos naturais e energia decorrente da expansão do PIB.
A China se tornou em 2004 o segundo maior importador de petróleo do mundo, atrás apenas
dos EUA, e é o principal consumidor de matérias-primas como minério de ferro, cobre e alumínio.
Entre as decisões do Conselho
de Estado estão a busca de maior
eficiência no consumo de energia
e matérias-primas e o controle do
aumento da capacidade de produção em setores já saturados.
"Falando francamente, nós não
queremos perseguir um crescimento econômico excessivamente rápido. Nós estamos buscando
desenvolvimento com eficiência e
qualidade, a mudança no modelo
de crescimento, a conservação de
recursos, a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade
de vida das pessoas", declarou Hu
depois de divulgar a estatística.
O comércio exterior continua a
ser um importante motor no desenvolvimento chinês. Nos três
primeiros meses do ano, as exportações tiveram alta de 26,6%,
enquanto as importações aumentaram 24,8%. O saldo comercial
em favor da China deu um salto
de 41,4% e atingiu o recorde de
US$ 23,3 bilhões para o período.
A questão comercial estará no
centro da discussão que Hu Jintao
e o presidente norte-americano,
George W. Bush, terão na quinta-feira. O presidente chinês chega
amanhã aos Estados Unidos, para
uma visita de quatro dias.
Os Estados Unidos pressionam
a China a valorizar sua moeda, o
yuan, em relação ao dólar. Os
norte-americanos consideram insuficiente a aprecisação de aproximadamente 3% registrada desde que a China abandonou, em
julho de 2005, o regime de câmbio
fixo que vigorou por uma década.
A manutenção do yuan em um
patamar artificialmente desvalorizado dá aos chineses uma vantagem desleal no comércio internacional, sustentam políticos e setores industriais norte-americanos.
No ano passado, os Estados
Unidos registrou déficit recorde
de US$ 200 bilhões no comércio
com a China.
Hu anunciou o crescimento de
10,2% do primeiro trimestre durante encontro com Lien Chan, líder do Partido Nacionalista de
Taiwan (Kuomintang). A situação da ilha é outro ponto de conflito na relação dos Estados Unidos com a China.
Os norte-americanos são o
principal aliado da ilha. Os Estados Unidos são contra a declaração formal de independência de
Taiwan, mas estão obrigados por
lei a defender a ilha no caso de
agressão externa. E isso é exatamente o que os chineses dizem
que farão, caso a ilha declare separação formal do continente.
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