São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 2006

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CAPITALISMO VERMELHO

Hu Jintao inicia amanhã primeira visita oficial aos EUA, que pressionam pela valorização do yuan

China cresce 10,2% e tenta conter expansão

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Dois dias antes de iniciar sua primeira visita oficial aos Estados Unidos, o presidente da China, Hu Jintao, anunciou ontem que seu país cresceu 10,2% nos primeiros três meses do ano.
A expansão é semelhante aos 9,9% registrados em 2005 e aos 10,1% de 2004. Nos últimos dois anos, o governo chinês vem tentando reduzir o ritmo de crescimento da economia, com adoção de medidas administrativas que restringem investimentos.
Na sexta-feira, o Conselho de Estado (o gabinete chinês) se reuniu com o objetivo de discutir novas medidas que possam desacelerar a atividade econômica. Além do risco de superaquecimento, o governo está preocupado com a forte demanda por produtos naturais e energia decorrente da expansão do PIB.
A China se tornou em 2004 o segundo maior importador de petróleo do mundo, atrás apenas dos EUA, e é o principal consumidor de matérias-primas como minério de ferro, cobre e alumínio.
Entre as decisões do Conselho de Estado estão a busca de maior eficiência no consumo de energia e matérias-primas e o controle do aumento da capacidade de produção em setores já saturados.
"Falando francamente, nós não queremos perseguir um crescimento econômico excessivamente rápido. Nós estamos buscando desenvolvimento com eficiência e qualidade, a mudança no modelo de crescimento, a conservação de recursos, a proteção do meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida das pessoas", declarou Hu depois de divulgar a estatística.
O comércio exterior continua a ser um importante motor no desenvolvimento chinês. Nos três primeiros meses do ano, as exportações tiveram alta de 26,6%, enquanto as importações aumentaram 24,8%. O saldo comercial em favor da China deu um salto de 41,4% e atingiu o recorde de US$ 23,3 bilhões para o período.
A questão comercial estará no centro da discussão que Hu Jintao e o presidente norte-americano, George W. Bush, terão na quinta-feira. O presidente chinês chega amanhã aos Estados Unidos, para uma visita de quatro dias.
Os Estados Unidos pressionam a China a valorizar sua moeda, o yuan, em relação ao dólar. Os norte-americanos consideram insuficiente a aprecisação de aproximadamente 3% registrada desde que a China abandonou, em julho de 2005, o regime de câmbio fixo que vigorou por uma década.
A manutenção do yuan em um patamar artificialmente desvalorizado dá aos chineses uma vantagem desleal no comércio internacional, sustentam políticos e setores industriais norte-americanos.
No ano passado, os Estados Unidos registrou déficit recorde de US$ 200 bilhões no comércio com a China.
Hu anunciou o crescimento de 10,2% do primeiro trimestre durante encontro com Lien Chan, líder do Partido Nacionalista de Taiwan (Kuomintang). A situação da ilha é outro ponto de conflito na relação dos Estados Unidos com a China.
Os norte-americanos são o principal aliado da ilha. Os Estados Unidos são contra a declaração formal de independência de Taiwan, mas estão obrigados por lei a defender a ilha no caso de agressão externa. E isso é exatamente o que os chineses dizem que farão, caso a ilha declare separação formal do continente.


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