São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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Jeb Bush ironiza ataques de críticos ao álcool e prevê redução de tarifa nos EUA

MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO

O ex-governador da Flórida Jeb Bush, irmão mais novo do presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem em visita a São Paulo que as críticas e a oposição de Venezuela e Cuba ao uso crescente do álcool não têm nenhum impacto sobre o plano de criar um mercado mundial do combustível.
O americano veio ao país para promover o álcool. Ele comanda, com o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues e o presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), o colombiano Luís Alberto Moreno, a Comissão Interamericana do Etanol, criada em dezembro com esse fim.
Em palestra a uma platéia com empresários sucroalcooleiros e do agronegócio, Bush ironizou declarações recentes do ditador cubano, Fidel Castro, e do presidente Hugo Chávez, da Venezuela. Eles têm criticado a expansão das plantações de cana-de-açúcar e milho para a produção de álcool, dizendo que serviria só aos interesses dos países ricos.
"Há um mês, misteriosamente, por razões que não posso explicar, eles mudaram completamente de opinião", disse Bush, em referência à ausência de críticas dos dois líderes antes do anúncio do acordo entre os governos de Brasil e EUA para fomentar tal mercado.
O memorando de entendimento entre os dois países na área foi assinado no início de março, durante a visita de George W. Bush ao Brasil.
O ex-governador da Flórida repetiu sua oposição à tarifa que os EUA impõem ao álcool importado, que, segundo ele, atrasa o desenvolvimento do mercado de etanol naquele país. Até o fim de 2008 vigora a tarifa de US$ 0,14 por litro de álcool brasileiro vendido ao mercado americano, além de 2,5% sobre o preço de importação. A decisão sobre renová-la caberá ao Congresso dos EUA.
Bush disse acreditar, porém, que a tarifa poderá ser reduzida nos próximos anos. Segundo ele, gradualmente congressistas são convencidos dos benefícios do álcool para o país.
Ele voltou a citar a importância de os EUA não dependerem tanto na questão energética de governos instáveis ou inimigos e a preocupação crescente com as mudanças climáticas como razões para apostar no etanol. Disse, por exemplo, já existir "consenso amplo sobre a relevância da questão ambiental, que deve vir à tona nas eleições [americanas] de 2008".
Segundo ele, o mercado mundial de álcool, incluindo produção e consumo, deve no mínimo dobrar de tamanho em um período de cinco anos.
Questionado sobre as precárias condições trabalhistas em alguns canaviais no Brasil e na América Central, Bush disse que o desenvolvimento da indústria vai gerar oportunidades e benefícios aos trabalhadores.


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