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Greve reduz produção de autopeça
Paralisação dos auditores da Receita obriga fabricantes a suspender produção em algumas linhas
Indústrias começam a exportar por via aérea, com
custo 20% maior, e Anfavea já vê risco de o Brasil
perder mercado externo
CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
A greve dos auditores da Receita Federal começa a interferir na produção do setor automotivo. Os primeiros a sentir
os efeitos da greve foram os fabricantes de autopeças, que dependem de componentes importados em sua produção.
"Há multinacionais de grande porte com algumas de suas
linhas paradas e outras indústrias na iminência de parar",
disse Paulo Butori, presidente
do Sindipeças (Sindicato da Indústria de Componentes para
Veículos Automotores), sem
dizer o nome dessas empresas.
"Nossa estimativa de crescimento para este ano poderá
não acontecer se a situação perdurar por muito tempo."
Nas montadoras, o cenário
também preocupa. Jackson
Schneider, presidente da Anfavea (Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores), disse ontem que a
greve coloca em risco não só as
linhas de produção no Brasil
como as do exterior, que dependem de peças brasileiras.
"A greve prejudica tanto a
importação quanto a exportação", afirma Schneider. "Esses
mercados não vão ficar nos esperando: vão buscar recursos
em outros lugares e trocar a
produção brasileira."
Biela no avião
Para evitar esse cenário, alguns fabricantes de autopeças
estão exportando por via aérea
em vez da marítima. Apesar de
garantir as exportações em situação de emergência, os custos da indústria com esse de
transporte aumentam em 20%.
"Isso quando se consegue encontrar vôos disponíveis, porque todas as áreas, não apenas
as autopeças, estão recorrendo
a esse serviço", diz Butori.
Segundo ele, a greve é um
golpe a mais na competitividade do setor, que sofre com a
majoração de 38,7% do real
frente ao dólar e de 33,67% nos
salários nos últimos quatro
anos. "Perdemos competitividade, e esse tipo de situação
prejudica ainda mais o cenário
e afasta investimentos de forma brutal", diz Butori.
Para tentar encontrar uma
solução para o problema,
Schneider e Antônio Meduna,
vice-presidente do Sindipeças,
reuniram-se ontem com o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior). "Há pelo menos cinco anos os fiscais da Receita fazem greves, todos os anos", diz
Butori. "Não defendemos nenhum dos lados, mas é preciso
encontrar uma solução de longo prazo para o problema."
Ontem, o Sindipeças divulgou o balanço do setor referente ao primeiro trimestre de
2008. Pela primeira vez nos últimos meses, o crescimento
percentual caiu, em relação ao
mesmo período do ano passado. Isso porque as vendas do
início de 2007 estavam fracas e,
a partir de março, as bases de
comparação são maiores.
No trimestre, as vendas de
autopeças cresceram 12,7%
comparadas ao mesmo período
do ano anterior. No primeiro
bimestre de 2008, a alta tinha
sido de 18,1%.
A expectativa de vendas, para
2008, é alcançar US$ 44 bilhões
em faturamento, com crescimento de 22,7% sobre o ano
passado. Já em reais, a estimativa é de crescimento de 9,6%,
atingindo R$ 76,7 bilhões.
Os investimentos deverão
aumentar em 18,5%, alcançando o R$ 1,6 bilhão e o déficit da
balança deve crescer 15%.
Com a Folha Online, de Brasília
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