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GUERRA COMERCIAL
Entidades fazem manifesto conjunto em repúdio a ações contra o livre comércio; EUA seriam principal alvo
FMI, Bird e OMC condenam protecionismo
DA REDAÇÃO
As três principais organizações
econômica multilaterais -FMI
(Fundo Monetário Internacional), Bird (Banco Mundial) e
OMC (Organização Mundial do
Comércio)- uniram-se ontem,
em um gesto sem precedentes,
para condenar o protecionismo
comercial dos países ricos.
Apesar de os EUA não terem sido nomeados, o repúdio às medidas contra o livre comércio ocorre
em um momento em que o governo norte-americano eleva as taxas
de importação de aço e amplia os
subsídios agrícolas. Assinam o
documento Horst Köhler, diretor-gerente do FMI, James Wolfensohn, presidente do Bird, e Mike Moore, diretor-geral da OMC.
"Qualquer medida que aumente o protecionismo é nociva", afirma a declaração. "Tais ações reduzem as perspectivas de crescimento onde o crescimento é mais
necessário. Elas [as ações protecionistas" emitem o sinal errado,
ao restringir a capacidade de governantes conquistarem apoio
para as reformas orientadas pelo
livre mercado."
A declaração foi divulgada durante um encontro de ministros
de mais de 30 países, na sede da
OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), em Paris.
As autoridades que estiveram
no encontro foram unânimes em
atacar as recentes medidas de
George W. Bush. Embora se autoproclame defensor do livre comércio, o presidente norte-americano assinou recentemente projetos que fecham os EUA ao aço importado e lesam produtores agrícolas como o Brasil, ao aumentar
em 70% o subsídio ao setor rural.
Se os EUA são o alvo mais evidente do manifesto, as críticas valem também para a União Européia, cujos países relutam em se
abrir aos produtos agrícolas importados. A declaração pede ainda a abertura do setor têxtil, tema
sensível para os americanos.
"Como os líderes de países em
desenvolvimento podem defender a abertura econômica sem
que a liderança parta das nações
ricas?", indaga o documento.
Para a maioria dos ministros
presentes no encontro, as medidas de Bush representam uma séria ameaça à nova rodada de negociações sobre tarifas, lançada
em Doha, em novembro passado.
Moore, o diretor-geral da OMC,
afirmou que "nuvens negras" pariram sobre o comércio mundial.
Nem o Canadá, tradicional aliado dos EUA, poupou críticas.
Pierre Pettigrew, ministro do Comércio canadense, acusou os norte-americanos de destruir o sistema multilateral de comércio e disse que as conversas sobre a redução de barreiras estão em um
"momento bastante delicado".
"O recado, durante o encontro,
foi bastante claro", disse o primeiro-ministro belga, Guy Verhofstadt, que presidiu o encontro.
"Aqueles que precisavam escutá-lo certamente escutaram."
Os EUA negaram que suas
ações sejam protecionistas e reafirmaram o compromisso com o
livre comércio. Mas o país, ainda
que voto vencido, foi contra a inclusão da palavra "protecionismo" na declaração final do encontro da OCDE.
Com "Financial Times"
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