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CRISE NO CAMPO
Em encontro com Lula, oito Estados pedem mais ajuda para setor; Rodrigues promete novas medidas dia 25
Governadores pedem R$ 17 bi para agricultura
FERNANDO ITOKAZU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um grupo de oito governadores
entregou ontem ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva uma lista
com 21 sugestões de medidas para
enfrentar a crise da agricultura. O
custo total dos pedidos chega a R$
17 bilhões, mas dificilmente o governo atenderá a todas as reivindicações.
O ministro Roberto Rodrigues
(Agricultura) disse que um grupo
interministerial (Agricultura, Fazenda, Planejamento e Casa Civil)
foi criado pelo governo e que no
próximo dia 25 anuncia o plano
de safra e medidas estruturais para o setor agrícola.
"O governo tem clara consciência de que a crise da agricultura
transcende a área rural", disse Rodrigues. "Há efeito dominó antes
e depois da porteira."
As alternativas propostas pelos
governadores para enfrentar a
crise estão divididas em três partes: emergenciais, de política agrícola e de renda e estruturais.
Entre os cinco itens das medidas emergenciais, os governadores pedem prorrogação de dívidas
com três anos de carência e suspensão por 120 dias de todos os
vencimentos de financiamentos e
dívidas rurais.
No mês passado, o governo
anunciou a primeira parte do pacote agrícola com medidas de
prorrogação de financiamentos.
Esta parte das medidas destinava
ao setor cerca de R$ 10 bilhões.
Sobre o assunto, o ministro reconheceu pela manhã, quando
participou de um seminário no
Senado, que as medidas tomadas
pelo governo eram "insuficientes". À tarde, após a reunião com
o presidente Lula, disse que a
questão pode voltar a ser estudada após o anúncio do plano de safra e das medidas estruturais.
A parte do documento entregue
a Lula sobre política agrícola e de
renda lista 11 pontos e pede, entre
outras coisas, recursos para o
cumprimento da PGPM (Política
de Garantia de Preços Mínimos) e
maior volume de recursos para o
custeio da safra.
A primeira parte do pacote,
anunciada no mês passado, destinava para a comercialização R$
6,9 bilhões. Além disso, o governo
anunciou na semana passada R$ 1
bilhão para apoiar a comercialização da soja, produto que não havia sido incluído nas medidas do
mês passado.
O problema é que, segundo os
produtores rurais, a liberação
desses recursos aconteceu muito
tarde. A comercialização do principal produto da balança comercial brasileira do agronegócio começa em fevereiro.
O governador Blairo Maggi
(MT), principal produtor de soja
do país, afirmou que a medida seria perfeita para a próxima safra,
pois grande parte dos sojicultores
já negociou sua produção.
Momento errado
Rodrigues reconheceu que a
medida não foi anunciada no momento correto, pois ele mesmo,
plantador de soja, já vendeu sua
produção. Mas negou a possibilidade de o governo compensar os
agricultores que não serão beneficiados com a medida, como foi
pleiteado por produtores.
Os pontos apontados pelos governadores que o governo federal
prometeu tratar são os estruturais. "As políticas definitivas são
aquelas ligadas à questão tributária, à questão fiscal, biodiesel e seguro rural. Quando essas coisas
todas forem resolvidas, nós teremos outra condição, muito mais
sustentável", disse Rodrigues.
Ele havia prometido anunciar
essas medidas estruturais no início do mês e disse que o atraso
aconteceu porque a crise ficou
mais complexa, pede soluções
mais abrangentes e era necessário
mais tempo. "Agora é uma decisão do presidente. Dia 25 de maio,
sai tudo, espero."
Maggi, líder da caravana dos governadores, disse ter saído satisfeito da reunião. "Pela primeira
vez nós ouvimos do presidente
que de fato existe uma grave crise
na agricultura com o ministro da
Fazenda presente", disse.
Enquanto os governadores negociavam com o governo, cerca
de 1.500 trabalhadores rurais ligados à Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) participavam, na Esplanada dos Ministérios, de manifestações do 12º Grito da Terra.
Entre as reivindicações listadas
pela Contag estão a garantia de
preços mínimos para os produtos
da agricultura familiar, a renegociação de dívidas rurais e a liberação de R$ 11 bilhões para o Pronaf
(Programa de Fortalecimento da
Agricultura Familiar).
Colaborou a Folha Online
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