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Mulheres atuam 18 h em casa por semana; os homens, 5 h
Comparação leva em conta profissionais com jornada de trabalho acima de 40 h
Estudo mostra que 85% dos homens têm jornada no mercado de trabalho de 40 horas ou mais por semana; entre as mulheres, são 56%
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres com jornada semanal de 40 horas ou mais no
mercado de trabalho trabalham quase três vezes mais em
serviços domésticos do que homens que cumprem a mesma
jornada de trabalho. Enquanto
eles trabalham, em média, 5 horas semanais fazendo serviços
em casa, elas dedicam 18 horas
por semana às mesmas tarefas.
O resultado é apontado por
estudo do Ibmec São Paulo para avaliar as desigualdades entre homens e mulheres quanto
à participação no trabalho dentro e fora casa.
O levantamento foi feito a
partir de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios) de 2006, do IBGE,
e levou em conta informações
de 206,5 mil pessoas com renda
familiar média de R$ 1.634. A
idade média dos chefes de família e seus parceiros é de 46 e
41 anos, respectivamente.
Entre os homens, 85,06%
têm jornada de 40 horas ou
mais por semana. Na média
eles, dedicam 5 horas semanais
ao serviço doméstico.
O percentual de mulheres
que cumprem horário de 40
horas ou mais no trabalho é
menor: 56,29%. Entretanto,
elas dispensam 18 horas semanais para as tarefas domésticas.
"Comparando mulheres e
homens, casados ou não, a diferença persiste. A mulher trabalha em casa, no mínimo, o dobro do que o homem. Dependendo da jornada no mercado
de trabalho, essa diferença chega a três ou até quatro vezes",
diz Regina Madalozzo, pesquisadora do Ibmec e uma das autoras do estudo.
Renda, educação e idade são
três fatores que explicam, segundo ela, as desigualdades entre homens e mulheres ao cumprir jornada em casa.
"Quanto maior é a participação da mulher na renda da família, menos horas ela dedica
ao trabalho doméstico. Ela tem
mais poder para negociar as horas trabalhadas em casa. Se ganha mais, tem mais voz ativa",
afirma a pesquisadora.
Prova disso, segundo diz, é
que uma das variáveis do estudo mostra que, para cada ponto
percentual que a mulher aumenta sua participação na renda da família, diminui em cerca
de 8 horas o trabalho doméstico que ela executa por semana.
No caso dos homens, também há redução, mas a variação
é menor. A diminuição é de
duas horas semanais para cada
ponto percentual em que ele
aumenta a renda em relação à
familiar. "O que isso mostra é
que trabalhar em casa não é somente uma questão cultural e
social, mas também existe o aspecto econômico", diz.
No Sul do país, segundo com
o estudo, os homens dedicam
mais tempo aos serviços domésticos do que nas demais regiões. "Ele trabalha em casa
uma hora a mais do que um homem da região Sudeste. Esse
tempo chega a quase duas horas se comparado ao dispensado por um homem do Centro-Oeste ao trabalho doméstico."
Nesse caso, segundo ela, o que
pode explicar essa maior participação é a questão cultural. "A
região tem peculiaridades em
relação a colonização e costumes. No Sul, os homens têm o
hábito de cozinhar mais."
A redução da jornada de 44
para 40 horas semanais, reivindicada pela centrais sindicais,
não deve ter impacto, segundo
diz, nas desigualdades das jornada de homens e mulheres.
"Com o tempo, a tendência é
que os homens façam mais horas extras para incrementar a
renda e diminuam ainda mais o
pouco tempo que dedicam ao
trabalho doméstico."
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