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Explosão do 3G ameaça serviço de banda larga móvel
Venda de modems para acesso à internet rápida móvel cresceu 156% de outubro a abril; operadora vê risco de colapso em 2012
Tráfego de dados quase iguala o de telefonemas em SP e RJ; teles querem que Anatel libere frequências ociosas de TVs pagas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Até pouco tempo atrás, a expansão da rede 3G estava atrelada à venda de aparelhos celulares que permitiam acessar a
internet pela rede das operadoras móveis. Essa realidade mudou drasticamente com o surgimento dos chips que, acoplados aos computadores (PCs ou
notebooks), estabelecem a conexão à internet móvel.
Dados compilados pela consultoria Teleco, especializada
em telecomunicações, mostram que, entre dezembro de
2008 e março de 2009, a queda
na venda de telefones celulares
3G foi de 44,5%, passando para
1,48 milhão de unidades comercializadas. Em contrapartida, entre outubro de 2008 e
março de 2009, as vendas do
chip 3G de acesso à banda larga
móvel (modem) aumentaram
156%, atingindo 3,13 milhões
de unidades em uso.
Esse negócio deu tão certo
que as operadoras já planejam
vender em larga escala notebooks com chips 3G instalados
pelo fabricante a partir do segundo semestre deste ano (leia
texto abaixo).
As teles não contavam com
essa explosão em tão pouco
tempo. Tanto que chegou a faltar chip 3G no mercado no final
do ano passado. Por isso, elas
começaram a pressionar os fabricantes de chips e a apressar
os investimentos na ampliação
da cobertura, hoje presente em
8% do território nacional.
No primeiro trimestre de
2009, o crescimento do tráfego
de dados saltou em média 70%
nas operadoras, passando a representar 11% da receita de serviços. No final do ano passado
ele variava entre 7% e 8%.
Colapso do serviço
O presidente da Claro, João
Cox, acredita que há chances de
colapso do serviço, em 2012, caso esse ritmo de crescimento
seja mantido e a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não coloque mais faixas
de frequência em uso.
Os sinais 3G são emitidos em
uma determinada frequência
(em hertz) e há um limite definido de operação, do qual as
operadoras estariam se aproximando. Essa também é a posição da TIM. No Rio de Janeiro e
em São Paulo o tráfego de dados estaria se igualando ao de
telefonemas.
Por isso, desde o final de
2008, as teles, representadas
por sua associação (a Acel),
pressionam a Anatel pela liberação das frequências ociosas
das TVs pagas (apenas as que
operam com micro-ondas pela
tecnologia MMDS) para a banda larga móvel. A agência decidiu manter as frequências das
TVs, mas sinalizou que pode
mudar as regras se preciso.
Outra reivindicação das
companhias é a inclusão do
chip 3G de acesso à banda larga
na Lei de Informática. No caso
dos computadores e dos notebooks, a lei permitiu aos fabricantes redução de impostos. Isso fez os preços despencarem e
colocou o Brasil entre os maiores consumidores de PCs do
mundo em apenas quatro anos.
O chip (modem) é o item
mais caro para os assinantes na
hora de contratar um pacote de
dados. Mas, segundo Eduardo
Tude, presidente da Teleco, há
outros motivos para os preços
não caírem. "As operadoras
ainda estão investindo na expansão dessa rede", diz. Para
ele, essa é uma das razões pelas
quais não existe competição
nesse serviço, o que derrubaria
os preços dos pacotes.
A competição existe em lugares em que as redes estão estabelecidas, e os investimentos,
amortizados. Nesse ambiente,
novos investimentos acabam
tornando-se chamariz para os
clientes. Foi o que aconteceu na
Austrália, que possui um dos
pacotes mais baratos. Lá, a
Telstra perdia clientes até passar a oferecer pacotes com velocidade de 16 Mbps e pulou para a liderança.
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