São Paulo, sábado, 17 de junho de 2000


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AVIAÇÃO COMERCIAL
Empresa aérea com dívida de R$ 3,3 bilhões confirma, mas transação ainda está cercada de dúvidas
Canhedo negocia Vasp com evangélicos

LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O empresário Wagner Canhedo, dono da Vasp, deflagrou um processo para vender sua empresa, que tem uma dívida de R$ 3,3 bilhões, junto a grupos evangélicos.
Uma onda de boatos tomou conta ontem do mercado sobre vários igrejas envolvidas no negócio, mas apenas uma congregação de Assembléias de Deus admitiu abertamente a transação.
Trata-se da Convenção Nacional das Assembléias de Deus no Brasil e no Exterior (Confader). "Estamos em fase final de negociação, que começaram há três meses", declarou Nilson Peçanha, diretor-executivo da entidade.
Apesar de informações fornecidas pela Vasp e pela Confader coincidirem, como o número de fiéis da Assembléia de Deus no Brasil -seriam cerca de 40 milhões, apesar de dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) de 1991 apontarem 12 milhões-, a companhia aérea negou qualquer entendimento com a convenção.
Segundo a Vasp, os entendimentos estariam ocorrendo com a Convenção Geral das Assembléias de Deus, outra entidade que reúne fiéis dessa igreja.

Confusão
A história toda envolvendo a empresa do empresário Wagner Canhedo fica mais confusa porque representantes dessa convenção negam entendimentos.
"Nunca negociamos nada com a Vasp", declarou José Wellington Costa Júnior, filho do dirigente José Wellington, que não foi localizado.
A Vasp sustentou a história das negociações com Wellington e informou que a idéia era garantir descontos de até 40% para fiéis da igreja com poder aquisitivo, que girariam em torno de 1 milhão.
Além disso, a Vasp alegou que trabalha na criação de um cartão de fidelidade e de crédito para pessoas ligadas à Assembléia de Deus. Fechado o negócio, os representantes da convenção teriam direito a cerca de 1% da companhia.

Controle total
Os representantes da Confader afirmam, porém, que irão comprar 100% da empresa. Eles chegaram a convocar ontem uma coletiva para anunciar o negócio, que foi cancelada.
"Nós nos precipitamos no anúncio do acordo. Mas na próxima terça-feira daremos todas as informações ao lado de Canhedo", declarou Peçanha.
A Folha apurou que foi o próprio Canhedo que pediu que a coletiva de imprensa da Confader fosse cancelada.
As informações sobre o negócio eram tão desencontradas que até o vice-governador do Distrito Federal, Benedito Domingo, ele mesmo um evangélico, declarou que tinha ouvido boatos sobre o envolvimento da Igreja Renascer em Cristo na transação.



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