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AVIAÇÃO COMERCIAL
Empresa aérea com dívida de R$ 3,3 bilhões confirma, mas transação ainda está cercada de dúvidas
Canhedo negocia Vasp com evangélicos
LÁSZLÓ VARGA
DA REPORTAGEM LOCAL
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Wagner Canhedo, dono da Vasp, deflagrou um
processo para vender sua empresa, que tem uma dívida de R$ 3,3
bilhões, junto a grupos evangélicos.
Uma onda de boatos tomou
conta ontem do mercado sobre
vários igrejas envolvidas no negócio, mas apenas uma congregação
de Assembléias de Deus admitiu
abertamente a transação.
Trata-se da Convenção Nacional das Assembléias de Deus no
Brasil e no Exterior (Confader).
"Estamos em fase final de negociação, que começaram há três
meses", declarou Nilson Peçanha,
diretor-executivo da entidade.
Apesar de informações fornecidas pela Vasp e pela Confader
coincidirem, como o número de
fiéis da Assembléia de Deus no
Brasil -seriam cerca de 40 milhões, apesar de dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas) de 1991 apontarem
12 milhões-, a companhia aérea
negou qualquer entendimento
com a convenção.
Segundo a Vasp, os entendimentos estariam ocorrendo com
a Convenção Geral das Assembléias de Deus, outra entidade que
reúne fiéis dessa igreja.
Confusão
A história toda envolvendo a
empresa do empresário Wagner
Canhedo fica mais confusa porque representantes dessa convenção negam entendimentos.
"Nunca negociamos nada com
a Vasp", declarou José Wellington
Costa Júnior, filho do dirigente
José Wellington, que não foi localizado.
A Vasp sustentou a história das
negociações com Wellington e informou que a idéia era garantir
descontos de até 40% para fiéis da
igreja com poder aquisitivo, que
girariam em torno de 1 milhão.
Além disso, a Vasp alegou que
trabalha na criação de um cartão
de fidelidade e de crédito para
pessoas ligadas à Assembléia de
Deus. Fechado o negócio, os representantes da convenção teriam direito a cerca de 1% da
companhia.
Controle total
Os representantes da Confader
afirmam, porém, que irão comprar 100% da empresa. Eles chegaram a convocar ontem uma coletiva para anunciar o negócio,
que foi cancelada.
"Nós nos precipitamos no
anúncio do acordo. Mas na próxima terça-feira daremos todas as
informações ao lado de Canhedo", declarou Peçanha.
A Folha apurou que foi o próprio Canhedo que pediu que a coletiva de imprensa da Confader
fosse cancelada.
As informações sobre o negócio
eram tão desencontradas que até
o vice-governador do Distrito Federal, Benedito Domingo, ele
mesmo um evangélico, declarou
que tinha ouvido boatos sobre o
envolvimento da Igreja Renascer
em Cristo na transação.
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