São Paulo, sábado, 17 de junho de 2000


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EMPRESAS
Financiamento do BNDES vai viabilizar a operação entre Vale e CSN
Crédito a Steinbruch deve sair logo

WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A novela em que se transformou a saída do empresário Benjamin Steinbruch da Companhia Vale do Rio Doce entrou nos capítulos finais. Até o fim da próxima semana, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve anunciar o valor do financiamento que concederá ao grupo Vicunha, de Steinbruch, para que ele aumente sua participação na Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e saia da Vale.
O financiamento vai permitir que a siderúrgica e a mineradora tenham controles independentes e, a partir disso, passem a adotar estratégias empresariais mais adequadas para cada negócio. Atualmente, a CSN detém 31% da Valepar, holding que controla a Vale. E a Vale, por sua vez, tem 10% da CSN.
O governo chegou à conclusão de que essa troca só seria viável com a participação do BNDES. A decisão de financiar a operação foi tomada na última quarta-feira, durante encontro do ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, com o presidente do BNDES, Francisco Gros.
Os dois discutiram valores para o financiamento, mas não bateram o martelo porque querem saber, com detalhes, qual é o limite de endividamento do grupo Vicunha. Gros e Tápias já haviam acertado que o BNDES não dará mais do que 50% do valor dessa operação, estimada em R$ 1,1 bilhão.
Segundo estimativas do mercado financeiro, o grupo de Steinbruch deve entre R$ 700 milhões e R$ 1 bilhão. Os técnicos do BNDES dizem que é preciso levantar com exatidão as dívidas da Vicunha para calcular o valor máximo do financiamento. A princípio, estuda-se algo em torno de R$ 300 milhões.
Se o grupo Vicunha adquirir os 10% que hoje são da Vale, sua participação na CSN vai subir para 26%. Seria uma situação mais compatível com o poder que Steinbruch já detém na empresa. Desde 93, ele comanda a CSN com base num acordo de acionistas, apesar de ter 16% das ações.
No mês passado, Steinbruch já foi beneficiado por uma decisão da Vale -na qual ele próprio teve participação- que impediu o ingresso de um novo sócio na CSN. O grupo luxemburguês Arbed tinha interesse em vender uma de suas mineradoras, a Samitri, e comprar a participação da Vale na CSN. Com o veto de Steinbruch, o Arbed acabou resumindo sua negociação à venda da Samitri e ficou sem a CSN.


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