|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Varig e Justiça já negociam novo plano
Enquanto proposta de compra por funcionários enfrenta barreiras, crescem as chances de consórcio liderado pela TAP
Novo leilão é a alternativa
em discussão para evitar a quebra da empresa, caso grupo de trabalhadores da aérea não encontre sócio
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A Justiça do Rio e a direção
da Varig já trabalham no fechamento de uma saída alternativa
para a companhia aérea. Passados quase dez dias do leilão de
venda da Varig, a NV Participações, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), ainda não conseguiu provar que
tem recursos para viabilizar a
compra. Os envolvidos no processo de recuperação discutem
agora a proposta do consórcio
TAP, Air Canada e Brookfield.
Marcelo Gomes, diretor da
consultoria Alvarez & Marsal,
que atua como reestruturadora
da Varig, chegou a prometer
uma "novidade boa" sobre a
Varig até o fim do dia de ontem
após sair da reunião. Enquanto
a Deloitte, administradora judicial da Varig, o reestruturador e a Justiça discutiam a proposta da TAP, os dirigentes do
TGV não foram convidados. A
realização de um novo leilão é a
alternativa em discussão para
evitar a falência da empresa caso a proposta do TGV seja desqualificada.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a reunião
de ontem foi marcada para discutir a proposta de Fernando
Pinto, presidente da TAP. "Torcemos para que dê tudo certo
com a proposta do TGV, mas
precisamos nos precaver." Segundo Bottini, as negociações
deverão continuar hoje, dia em
que a Varig completa um ano de
recuperação judicial.
Para que a proposta da TAP
se torne viável, será necessário
que o Judiciário considere a do
TGV inválida. O grupo de funcionários apresentou uma oferta de R$ 1,010 bilhão (US$ 449
milhões) pela Varig Operações,
que reúne linhas domésticas e
internacionais, e a proposta foi
homologada com restrições. A
principal delas era a comprovação da origem dos recursos.
Sem garantias
O TGV já sondou a LanChile,
a própria TAP e desde o início
da semana mantém conversas
com a Syn Logística, do ex-presidente da Varig Log, José Carlos Rocha Lima. Quando apresentou sua proposta, Lima afirmou contar com recursos do
fundo Carlyle, que administra
mais de US$ 39 bilhões.
Ontem, o Carlyle negou vínculo com o negócio (leia à pág.
B3). Segundo a assessoria do
TGV, o grupo continua em negociação com Lima, mas até
agora ele não apresentou carta
de fiança de qualquer instituição financeira. Além de Lima,
os funcionários afirmam que
estão negociando com mais
quatro investidores.
A Varig corre contra o tempo
para levantar recursos para pagar a empresas de leasing. Na
próxima semana, a companhia
precisará convencer a Justiça
americana a estender o prazo
da liminar que protege seus
aviões de arresto. A Varig esperava receber US$ 75 milhões do
comprador da empresa três
dias após o leilão, o que não
ocorreu até agora.
A Infraero também decidiu
adotar uma linha de negociação
mais dura. No dia 24, a Varig
completará dois meses sem repassar recursos das tarifas de
embarque para a Infraero -R$
35 milhões. A estatal vai informar direção da empresa de que
pode passar a cobrar à vista.
O assunto será discutido na
reunião do Conselho de Administração da Infraero, com a
presença do ministro da Defesa, Waldir Pires. A estatal já
considera o comportamento da
Varig como apropriação indébita. Se o cerco à Varig for aprovado, a cobrança será feita antes do embarque dos passageiros. As dívidas com a Infraero já
superam R$ 550 milhões.
Já a BR Distribuidora só fornecerá combustível à Varig até
segunda, que é o prazo coberto
pelos recebíveis negociados pela companhia.
Texto Anterior: Mercado Aberto Próximo Texto: Frase Índice
|