São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Varig e Justiça já negociam novo plano

Enquanto proposta de compra por funcionários enfrenta barreiras, crescem as chances de consórcio liderado pela TAP

Novo leilão é a alternativa em discussão para evitar a quebra da empresa, caso grupo de trabalhadores da aérea não encontre sócio


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Justiça do Rio e a direção da Varig já trabalham no fechamento de uma saída alternativa para a companhia aérea. Passados quase dez dias do leilão de venda da Varig, a NV Participações, empresa do TGV (Trabalhadores do Grupo Varig), ainda não conseguiu provar que tem recursos para viabilizar a compra. Os envolvidos no processo de recuperação discutem agora a proposta do consórcio TAP, Air Canada e Brookfield.
Marcelo Gomes, diretor da consultoria Alvarez & Marsal, que atua como reestruturadora da Varig, chegou a prometer uma "novidade boa" sobre a Varig até o fim do dia de ontem após sair da reunião. Enquanto a Deloitte, administradora judicial da Varig, o reestruturador e a Justiça discutiam a proposta da TAP, os dirigentes do TGV não foram convidados. A realização de um novo leilão é a alternativa em discussão para evitar a falência da empresa caso a proposta do TGV seja desqualificada.
Segundo o presidente da Varig, Marcelo Bottini, a reunião de ontem foi marcada para discutir a proposta de Fernando Pinto, presidente da TAP. "Torcemos para que dê tudo certo com a proposta do TGV, mas precisamos nos precaver." Segundo Bottini, as negociações deverão continuar hoje, dia em que a Varig completa um ano de recuperação judicial.
Para que a proposta da TAP se torne viável, será necessário que o Judiciário considere a do TGV inválida. O grupo de funcionários apresentou uma oferta de R$ 1,010 bilhão (US$ 449 milhões) pela Varig Operações, que reúne linhas domésticas e internacionais, e a proposta foi homologada com restrições. A principal delas era a comprovação da origem dos recursos.

Sem garantias
O TGV já sondou a LanChile, a própria TAP e desde o início da semana mantém conversas com a Syn Logística, do ex-presidente da Varig Log, José Carlos Rocha Lima. Quando apresentou sua proposta, Lima afirmou contar com recursos do fundo Carlyle, que administra mais de US$ 39 bilhões.
Ontem, o Carlyle negou vínculo com o negócio (leia à pág. B3). Segundo a assessoria do TGV, o grupo continua em negociação com Lima, mas até agora ele não apresentou carta de fiança de qualquer instituição financeira. Além de Lima, os funcionários afirmam que estão negociando com mais quatro investidores.
A Varig corre contra o tempo para levantar recursos para pagar a empresas de leasing. Na próxima semana, a companhia precisará convencer a Justiça americana a estender o prazo da liminar que protege seus aviões de arresto. A Varig esperava receber US$ 75 milhões do comprador da empresa três dias após o leilão, o que não ocorreu até agora.
A Infraero também decidiu adotar uma linha de negociação mais dura. No dia 24, a Varig completará dois meses sem repassar recursos das tarifas de embarque para a Infraero -R$ 35 milhões. A estatal vai informar direção da empresa de que pode passar a cobrar à vista.
O assunto será discutido na reunião do Conselho de Administração da Infraero, com a presença do ministro da Defesa, Waldir Pires. A estatal já considera o comportamento da Varig como apropriação indébita. Se o cerco à Varig for aprovado, a cobrança será feita antes do embarque dos passageiros. As dívidas com a Infraero já superam R$ 550 milhões.
Já a BR Distribuidora só fornecerá combustível à Varig até segunda, que é o prazo coberto pelos recebíveis negociados pela companhia.


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