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Recuperar Parmalat custou mais de R$ 10 mi
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos maiores problemas
no qual tropeçam as empresas
que entram em recuperação judicial são os custos desse processo. "Essa é uma lei cara",
afirma o juiz Alexandre Alves
Lazzarini, da 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais
de São Paulo.
Credores estimam que o processo da Parmalat Alimentos
custou mais de R$ 10 milhões
entre publicação de editais, pagamento de consultores e advogados e o administrador judicial. A empresa não revela o total desses gastos, que teriam sido pagos, em sua maioria, pela
matriz italiana.
A Folha apurou com participantes do comitê de credores
da empresa que só o custo do
administrador judicial é de R$
50 mil mensais. Em dois anos
-prazo total do processo- a
despesa totalizará R$ 1,2 milhão. Segundo esses credores,
os recursos saíam do caixa da
empresa.
"Empresas pequenas e médias não têm condições de suportar esse tipo de despesa",
diz Ernesto Antunes, advogado
do banco Itaú. O banco é credor em 128 casos de recuperação judicial em todo o país. Segundo Antunes, o aparato
montado para recuperar a Parmalat não se aplica aos pequenos negócios.
"A própria lei prevê uma espécie de plano padrão de recuperação, que permite pagar os
credores sem garantias em 36
meses, com outros seis de carência", diz. O problema é que,
por falta de conhecimento desse mecanismo, há poucas empresas pequenas em recuperação judicial.
Advogados da Parmalat e de
credores consideram o caso da
empresa um paradigma da eficácia da nova Lei de Falências.
"A Parmalat é uma prova de
que é possível alinhar os interesses dos credores, dos devedores e o de novos investidores", observa Tomas Felsberg,
advogado contratado pela Parmalat da Itália para assessorar
a recuperação judicial da Parmalat Alimentos.
Mágoas pelo caminho
O processo, entretanto, deixou mágoas ainda não curadas.
Mesmo tendo aprovado por
unanimidade a venda do controle da empresa, no final de
maio, e aceitado receber apenas 17% do valor dos seus créditos, alguns credores da empresa têm criticas ao processo.
Eles dizem que faltou transparência na apuração dos créditos, que a empresa não foi recuperada, mas vendida -e ainda está no vermelho-, e que teria havido um "golpe" contra
credores da holding que ficaram fora do acordo.
A dívida da holding é de mais
de R$ 4 bilhões, e esses credores nada receberão. Alguns relatam pressões para aprovar o
plano de recuperação, sob pena
de serem responsabilizados judicialmente pela falência da
companhia caso discordassem.
Nelson Bastos, sócio da consultoria Íntegra, que comandou
a Parmalat desde o início da recuperação judicial até sua venda à Latin America Equity Partners, nega todas as acusações.
"A Parmalat Alimentos não
aceitou créditos da holding que
não eram legítimos."
Segundo Bastos, o balanço da
empresa, após o aumento de
capital feito junto com a mudança do controle, é o de uma
empresa saneada.
(SB)
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