São Paulo, sábado, 17 de junho de 2006

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Venezuela pode "complicar" Mercosul, afirma Amorim

Chanceler defende entrada de país no bloco, mas cita possíveis dificuldades políticas

"A vida é assim: você cria complicações e resolve outros problemas", diz o ministro das Relações Exteriores


FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES

O chanceler do Brasil, Celso Amorim, fez ontem uma entusiasta defesa da entrada da Venezuela no Mercosul, mas admitiu que a adesão do país do presidente Hugo Chávez ao bloco pode trazer "complicações" políticas.
"A vida é assim: você cria complicações e resolve outros problemas", respondeu Amorim, questionado se a inclusão de Chávez traria dificuldades políticas para negociações do bloco com os EUA.
"Claro que, quando você ampliou a União Européia, por exemplo, criaram-se algumas complicações, como de Orçamento e outras questões. É parte do processo. Os ganhos são muito mais importantes do que eventuais dificuldades."
Em reunião do Grupo de Mercado Comum (GMC) em Buenos Aires, Amorim assinou com os colegas argentinos, paraguaios e uruguaios o protocolo de entrada da Venezuela no Mercosul, com prazo máximo de quatro anos para a adoção da TEC (Tarifa Externa Comum).
Sem mencionar o discurso antiamericano de Chávez, Amorim afirmou que, com a Venezuela no bloco, significa "mais oportunidades de exercer persuasão naquilo que seja necessário". "Nós concordamos com muita coisas da Venezuela, e discordamos em outras. Aliás, discordamos também dos EUA em algumas coisas. De qualquer maneira, a Venezuela estará conosco, e o fato de podermos discutir os termos entre nós nos dá até mais oportunidades de exercer persuasão naquilo que seja necessário."
Para responder se era possível "administrar" Chávez no Mercosul, Amorim brincou: "Eu não tenho essa missão, para falar a verdade".

Preocupação
Ontem foi mais um dia de rusgas na relação EUA e Venezuela. O Departamento de Estado americano afirmou ver "com grande preocupação" os planos de Chávez para comprar aviões de combate e fabricar fuzis e informou que pedirá à Rússia que não colabore com a Venezuela.
Amorim fez uma defesa do importância econômica da Venezuela no bloco. "Exportamos US$ 3 bilhões para a Venezuela, mais que para a França ou a Inglaterra." "A entrada da Venezuela no Mercosul cria uma vértebra sul-americana de integração muito forte. Não somos mais um bloco do Cone Sul. Somos um mercado comum na América do Sul."
A reunião do GMC em Buenos Aires foi preparatória para a próxima cúpula de presidentes do Mercosul, em julho, na cidade argentina de Córdoba.


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