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Venezuela pode "complicar" Mercosul, afirma Amorim
Chanceler defende entrada de país no bloco, mas cita possíveis dificuldades políticas
"A vida é assim: você
cria complicações e resolve outros problemas",
diz o ministro das
Relações Exteriores
FLÁVIA MARREIRO
DE BUENOS AIRES
O chanceler do Brasil, Celso
Amorim, fez ontem uma entusiasta defesa da entrada da Venezuela no Mercosul, mas admitiu que a adesão do país do
presidente Hugo Chávez ao
bloco pode trazer "complicações" políticas.
"A vida é assim: você cria
complicações e resolve outros
problemas", respondeu Amorim, questionado se a inclusão
de Chávez traria dificuldades
políticas para negociações do
bloco com os EUA.
"Claro que, quando você ampliou a União Européia, por
exemplo, criaram-se algumas
complicações, como de Orçamento e outras questões. É parte do processo. Os ganhos são
muito mais importantes do que
eventuais dificuldades."
Em reunião do Grupo de
Mercado Comum (GMC) em
Buenos Aires, Amorim assinou
com os colegas argentinos, paraguaios e uruguaios o protocolo de entrada da Venezuela no
Mercosul, com prazo máximo
de quatro anos para a adoção da
TEC (Tarifa Externa Comum).
Sem mencionar o discurso
antiamericano de Chávez,
Amorim afirmou que, com a
Venezuela no bloco, significa
"mais oportunidades de exercer persuasão naquilo que seja
necessário". "Nós concordamos com muita coisas da Venezuela, e discordamos em outras. Aliás, discordamos também dos EUA em algumas coisas. De qualquer maneira, a Venezuela estará conosco, e o fato
de podermos discutir os termos
entre nós nos dá até mais oportunidades de exercer persuasão
naquilo que seja necessário."
Para responder se era possível "administrar" Chávez no
Mercosul, Amorim brincou:
"Eu não tenho essa missão, para falar a verdade".
Preocupação
Ontem foi mais um dia de
rusgas na relação EUA e Venezuela. O Departamento de Estado americano afirmou ver
"com grande preocupação" os
planos de Chávez para comprar
aviões de combate e fabricar fuzis e informou que pedirá à
Rússia que não colabore com a
Venezuela.
Amorim fez uma defesa do
importância econômica da Venezuela no bloco. "Exportamos
US$ 3 bilhões para a Venezuela,
mais que para a França ou a Inglaterra." "A entrada da Venezuela no Mercosul cria uma
vértebra sul-americana de integração muito forte. Não somos mais um bloco do Cone
Sul. Somos um mercado comum na América do Sul."
A reunião do GMC em Buenos Aires foi preparatória para
a próxima cúpula de presidentes do Mercosul, em julho, na
cidade argentina de Córdoba.
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