JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central subiram mais uma vez a projeção para a inflação deste ano medida pelo IPCA -passou de 5,55% para 5,8%. O boletim Focus mostrou ontem que a expectativa de aumento de preços está mais próxima do teto da meta, de 6,5%. A projeção para 2009 também subiu pela segunda semana seguida e ficou acima do centro da meta, de 4,5%. Desta vez, os economistas esperam IPCA de 4,63% no ano que vem.
A maior surpresa na semana foi o aumento da projeção para o IGP-M deste ano, de 8,73% para 10%. O índice de preços da Fundação Getulio Vargas sofre mais influência dos aumentos das commodities por ter 60% de seu peso vindo dos preços do atacado.
Com a piora das expectativas de inflação, o mercado financeiro espera também que o BC aumente ainda mais a taxa básica de juros, a Selic. Pela pesquisa, a projeção é que os juros cheguem a 14,25% no fim do ano. Na semana anterior, estava ainda em 14%.
Luciano Costa, economista do Unibanco Asset Management, lembrou que, se a alta esperada para o IGP-M neste ano se concretizar, o BC terá mais trabalho para controlar a inflação de 2009. Isso porque o índice de preços é usado como referência para o reajuste das tarifas de energia e a maioria dos contratos de aluguel. "É um erro a economia brasileira ser tão indexada a um índice que sofre pressão maior das commodities", afirma o economista.
O analista da Itaú Corretora Maurício Oreng lembra que, quanto mais altas as projeções de mercado, maiores as chances de subirem, no ano que vem, os chamados preços livres -ou seja, os não-indexados, como os do setor de serviços.
Diante da piora das expectativas do mercado financeiro, o ministro Paulo Bernardo (Planejamento) criticou ontem a preocupação com as expectativas expressas no boletim Focus. O ministro disse que os analistas ouvidos pelo BC "sempre erram". E afirmou que não vê motivo de alarme na piora das expectativas do mercado financeiro.
"Se você fizer uma pesquisa sobre o Focus, você vai ver que o índice de acerto não é lá muito grande. Eles vão correndo atrás dos acontecimentos. Temos que ter atenção. Ficar sempre alerta com a inflação. O governo não acha razoável descuidar, mas também não achamos que é motivo para ficar alarmado", afirmou o ministro.
A pesquisa do BC traz a projeção do chamado "Top 5", as instituições financeiras que historicamente mais acertam suas projeções. Esses analistas já projetam IPCA de 6,2% neste ano e de 5% no ano que vem.
Paulo Bernardo evitou indicar qual será a meta de inflação para 2010, a qual o CMN (Conselho Monetário Nacional) divulgará até o final deste mês. O ministro citou, porém, que a projeção do governo feita no início do ano passado com a divulgação do PAC é inflação de 4,5% também em 2010.


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