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Velha Varig é mantida em recuperação judicial
Prazo se encerraria hoje; juiz diz que é preciso aprontar quadro de credores
Para Justiça, precisam ser cumpridas obrigações previstas no plano de recuperação da companhia; fundação critica a decisão
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O juiz Luiz Roberto Ayoub
determinou ontem que a velha
Varig continuará em recuperação judicial enquanto não forem cumpridas as obrigações
previstas no plano de recuperação da companhia. Inicialmente, os credores trabalhavam
com um prazo de dois anos, que
se encerraria hoje.
Na prática, o poder de decisão sobre os principais aspectos que envolvem a companhia
segue com a 1ª Vara Empresarial do Rio, onde corre o processo de recuperação. Na decisão,
o juiz contesta que se trate de
uma prorrogação do prazo.
O juiz negou ontem um pedido da FRB (Fundação Ruben
Berta), a dona da velha Varig,
para que fosse encerrado o processo de recuperação judicial. A
fundação foi afastada da gestão
da companhia por decisão judicial no fim de 2005.
O presidente do Conselho de
Curadores da FRB, Cesar Curi,
criticou a atuação do Judiciário
e disse que, após ter conhecimento dos detalhes da decisão,
tomará medidas cabíveis. Ele
não descartou a hipótese de recorrer da decisão.
Ontem, os credores da Varig
compareceram a uma assembléia para votar o texto das minutas de debêntures (títulos de
dívidas), o mecanismo encontrado no plano de recuperação
para administrar o pagamento
de dívidas. Os próprios credores sugeriram a suspensão da
assembléia porque ainda não
há um quadro geral de credores. Eles alegaram não poder
votar o mecanismo de pagamento sem saber o montante
que será destinado a cada um.
Justificativa
Na assembléia, o administrador judicial justificou a falta de
informações em razão dos diversos questionamentos feitos
na Justiça por credores. A decisão do juiz Ayoub não menciona um prazo para o fim da recuperação, mas a assembléia foi
suspensa com nova data de reunião prevista para daqui a 90
dias, com possibilidade de
prorrogação por mais 90 dias.
Para a presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários,
Selma Balbino, a decisão não
muda a situação dos trabalhadores. "Para nós, isso não
acrescenta ou diminui nada
porque ainda não recebemos. É
grave o quadro de credores não
estar pronto após dois anos."
Na semana passada, a Justiça
anunciou a liberação de R$ 47,5
milhões para os trabalhadores
que aderiram ao plano, com um
limite de cinco salários mínimos para cada um.
Na decisão, o juiz Ayoub cita
o caso Parmalat, presidido pelo
juiz Alexandre Lazarinni, de
São Paulo, como referência.
"Lá, o monitoramento também
está em curso. Aguarda-se, da
mesma forma, o integral cumprimento das obrigações pactuadas no plano de recuperação
judicial, em especial a formação do quadro de credores",
disse, na decisão.
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