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País deixa de criar 1 milhão de vagas no ano
De janeiro a junho foram gerados 300 mil postos de trabalho formais, ante 1,36 milhão no mesmo período de 2008
Saldo é o mais baixo desde 1999; recuperação lenta na indústria, especialmente entre exportadoras, puxou o resultado para baixo
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O número de empregos criados no país no primeiro semestre deste ano ficou 1,06 milhão
abaixo do que foi registrado no
mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho, foram gerados 300 mil postos de
trabalho com carteira assinada,
ante 1,36 milhão nos primeiros
seis meses de 2008.
A queda, de 78%, foi puxada
pela piora no desempenho da
indústria e fez com que o saldo
apurado na primeira metade
deste ano fosse o mais baixo
desde 1999, quando começam
as estatísticas apuradas pelo
Ministério do Trabalho.
Os números fazem parte do
Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados),
sistema pelo qual as empresas
informam o governo sobre o
número de pessoas demitidas e
admitidas a cada mês. Em junho, o total de admissões superou as demissões em 119,5 mil.
Embora tenha sido o quinto
mês seguido de saldo positivo
nesse indicador, o desempenho
do mercado de trabalho formal
ficou abaixo do observado em
maio, quando foram criadas
131,6 mil vagas.
A queda ocorrida no mês passado surpreendeu o governo,
que esperava a continuidade da
melhora. Para o ministro Carlos Lupi (Trabalho), o recuo foi
consequência de um resultado
mais fraco da indústria, segmento mais afetado pela crise.
"O setor industrial é o que
mais demora a se recuperar
porque tem um foco muito forte no mercado externo", diz,
numa referência aos resultados
melhores nas empresas focadas
no mercado doméstico.
Em junho foram abertas
2.001 vagas formais na indústria de transformação. Com isso, o saldo acumulado no semestre ficou negativo em 144,5
mil. Em compensação, no setor
de serviços a criação de empregos ficou em 235,4 mil nos primeiros seis meses do ano.
Para o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, o resultado da indústria em junho
decepcionou, ficando abaixo da
média observada nesta década,
de 25,5 mil novas vagas abertas
a cada mês de junho. Isso mostra, diz, que a recuperação do
mercado de trabalho será mais
lenta do que o esperado.
Romão ressalta que os segmentos industriais que mais
têm tido dificuldade em voltar
a empregar -como nas áreas
de metalurgia, mecânica e
transportes- são os mais ligados à produção de bens de consumo duráveis. "São setores
que dependem muito de crédito e do nível de confiança dos
consumidores, que ainda não
se restabeleceram completamente", afirma.
Já para Ariadne Vitoriano, da
Tendências Consultoria, o número de vagas abertas pela indústria no mês passado é uma
notícia positiva, mesmo que o
resultado tenha sido baixo. "A
situação está melhorando, embora num ritmo lento."
Para Vitoriano, o nível de atividade continua fraco, o que
impede uma melhora mais
consistente do mercado de trabalho. A Tendências projeta
uma queda de 0,6% no Produto
Interno Bruto deste ano.
Por outro lado, tanto Vitoriano quanto Romão dizem não
acreditar que o país crie 1 milhão de empregos neste ano,
como diz o Ministério do Trabalho. O economista da LCA
diz que devem ser abertas 600
mil vagas. Em 2008, 1,452 milhão de postos foram criados.
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