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SDE abre processo sobre atuação da Redecard
Associação Brasileira de Internet denuncia suposto contrato abusivo imposto a empresas de pagamento on-line; companhia não comenta
Secretaria vai avaliar se a empresa do setor de cartões tenta estender ao comércio virtual a dominância que
possui no varejo tradicional
MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Direito Econômico (SDE) abriu ontem
processo administrativo para
apurar eventual infração à ordem econômica praticada no
âmbito do comércio eletrônico
pela Redecard, uma das duas
companhias que dominam o
setor de cartões no Brasil.
O processo aberto pela SDE
resulta de denúncia oferecida
pela Associação Brasileira de
Internet. Segundo essa denúncia, a Redecard estaria impondo um novo contrato, com termos abusivos, às empresas que
viabilizam pagamentos on-line
(chamadas de facilitadores).
Por meio desse novo contrato, a Redecard estaria tentando
estrangular a concorrência e
estender, ao comércio virtual,
sua dominância verificada no
comércio tradicional. As vendas virtuais devem movimentar R$ 10 bilhões neste ano, valor 22% maior do que o negociado no ano passado.
O processo administrativo
foi aberto por Ana Paula Martinez, diretora do Departamento
de Proteção e Defesa Econômica da SDE. Procurada pela Folha, a Redecard não quis se manifestar.
Medidas preventivas
A SDE recebeu a denúncia e
adotou cinco medidas preventivas de efeito imediato, enquanto o processo caminha. A
Redecard está proibida de 1)
exigir dos facilitadores a sua lista de clientes; 2) determinar
que as transações feitas via facilitadores sejam liquidadas pelo
sistema Redecard; 3) impor a
utilização de sua própria plataforma para que as vendas on-line sejam liquidadas; 4) exigir
que os clientes das facilitadoras
sejam credenciados diretamente ao sistema RedeCard; e
5) descredenciar ou desconectar facilitadores que decidam
não aderir ao novo contrato.
Facilitadores são agentes que
operam no comércio eletrônico. De um lado, eles oferecem
que usuários cadastrados realizem transações eletrônicas
sem precisar repassar às lojas
virtuais suas informações financeiras. De outro, permitem
aos fornecedores receber pagamentos sem se registrar junto a
diferentes credenciadoras de
cartões de crédito.
Entre os grandes facilitadores no mercado brasileiro de
comércio eletrônico estão o
Paypal (Ebay), o MercadoPago
(Mercado Livre) e o PagSeguro
(do UOL, ligado ao Grupo Folha).
Concentração
A investigação da SDE contra
a Redecard é só o mais recente
atrito entre empresas de cartões e os órgãos de defesa da
concorrência no Brasil.
Há três meses o governo divulgou estudo apontando que o
mercado nacional de cartões de
pagamento é concentrado, impede a entrada de novos participantes e precisa ser reformulado para beneficiar os lojistas.
Há duas semanas, a Associação Brasileira das Empresas de
Cartões de Crédito e Serviços
divulgou resposta ao estudo.
Nela, a entidade critica medidas de força sugeridas pelo governo, mas admite o fim da exclusividade que as principais
companhias do setor, a VisaNet
e a Redecard, possuem na exploração das bandeiras Visa e
MasterCard, respectivamente.
A Redecard é controlada pelo
Itaú Unibanco (50,1%). A margem Ebitda da companhia, indicador de sua lucratividade,
foi de 68,03% em 2008. A da VisaNet, de 62,3%
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