São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005

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BALANÇOS

Papéis da empresa caem na Bovespa e no mercado norte-americano

Real forte segura ganho, diz Petrobras

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras atribuiu à valorização do real, somada a um efeito contábil, a reação negativa do mercado financeiro à divulgação de seu balanço -que registrou um lucro líquido recorde de R$ 9,9 bilhões no primeiro semestre.
"A valorização do real impôs uma redução no lucro líquido de cerca de R$ 1 bilhão", resumiu o diretor financeiro e de relações com investidores da Petrobras, Almir Barbassa.
Para justificar por que o mercado esperava um lucro líquido R$ 1 bilhão acima do divulgado, Barbassa explicou que a Petrobras é credora de subsidiárias no exterior e que a valorização do real gerou uma perda contábil, não identificada pelos investidores.
"Quando o real se valoriza -como aconteceu no trimestre, quando o real se valorizou mais que 11%-, os dólares a que a controladora tem direito a receber das subsidiárias passam a valer menos reais. E a controladora tem que reconhecer isso como perda."
O resultado da Petrobras não agradou ao mercado financeiro. Analistas projetavam que o lucro da petrolífera poderia ser maior. Por conta disso, as ações ordinárias da Petrobras caíram 1,99% na Bovespa, e as preferenciais perderam 1,69%. No mercado norte-americano, os ADRs (recibos de ações de empresas estrangeiras negociados nos EUA) da Petrobras recuaram 3,15%.
Apesar da reação negativa do mercado, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, destacou o bom desempenho, o aumento da produção, da receita, a gestão dos custos, a geração do caixa e o volume de investimentos de R$ 11 bilhões.
Barbassa afirmou que a meta da Petrobras é investir mais R$ 18 bilhões no segundo semestre. Ele ressaltou que o lucro líquido no semestre foi conseqüência dos recordes da produção, que fizeram crescer as exportações.
A produção nacional de óleo e gás natural cresceu 18,4% no segundo trimestre em relação a igual período de 2004. Segundo a Petrobras, esse foi um dos fatores que permitiu à empresa exportar 15% a mais no semestre.
"As exportações foram a grande estrela, que contribuiu com um superávit na balança comercial da Petrobras de US$ 900 milhões no segundo trimestre", disse Barbassa. Ele ressaltou ainda o crescimento de 10,9% no preço médio de realização no trimestre, que leva em consideração todos os combustíveis produzidos.
Sobre a possibilidade de um reajuste nos preços dos combustíveis -já que os praticados pela Petrobras estão defasados em relação ao preço do barril de petróleo no mercado internacional-, os dirigentes da Petrobras foram vagos. "O resultado é de janeiro a junho. Estamos em agosto", disse Gabrielli. "A companhia tem optado pelo ajuste de médio prazo", explicou Alípio Ferreira Pinto Júnior, gerente executivo de logística do abastecimento.
"Vamos acompanhar a tendência internacional, sem acatar os picos excessivos. Se [o preço] permanecer nos níveis de US$ 66, adotaremos um novo patamar", informou Raul Campos, gerente-executivo de relações com investidores, sem mais detalhes.
Barbassa informou que a companhia deve divulgar seu novo plano estratégico, com as previsões de negócios para o período 2006-2010 em 15 ou 20 dias.


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