São Paulo, quarta-feira, 17 de agosto de 2005 |
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FMI vê pouco investimento no Iraque
DE WASHINGTON Ao analisar a recuperação da economia do Iraque dois anos após a invasão dos EUA, o FMI (Fundo Monetário Internacional) divulgou ontem seu parecer sobre o que está barrando o avanço do país: não há investimentos, pois falta segurança e a cada dia ocorrem atentados terroristas; e a legião de insurgentes tende a crescer, pois não há emprego ou investimento para alavancar a economia, criando uma bola de neve. "A persistência da violência continua a impedir uma recuperação social e econômica. Embora os ataques contra forças da coalizão tenham diminuído em alguma extensão, ataques contra civis iraquianos e forças de segurança e policiais sofrem uma escalada. A violência tem detido o comércio e o fluxo de investimento. A falta de um ambiente seguro também impediu a efetividade dos gastos de reconstrução com empresas informando que os gastos com seguro e segurança variam de 30 a 50% do total de custos", informa o relatório. Como exemplo, o relatório diz que nenhum dos bancos estrangeiros autorizados em 2003 a operar no Iraque começou a funcionar, justamente por receio da segurança de seus empregados. O relatório do fundo possui uma série de ressalvas sobre os bons indicadores e recomendações duras para os índices ruins: enquanto o PIB (Produto Interno Bruto) cresceu 50% em 2004, basicamente por conta da normalização na exportação de petróleo, o governo continua a prover subsídios significativos para a gasolina e o diesel consumidos internamente. A inflação anualizada em junho bateu os 37% e dificilmente cairá para os 15% previstos na AEPC (Assistência Emergencial Pós-Conflito), criada pelo FMI e pelo Banco Mundial em 2003. A decisão de ontem da Assembléia Geral, que adiou por sete dias a entrega do texto da Constituição, também é vista como fator que dificulta novos investimentos no país. "Os problemas na segurança e na economia alimentam um ao outro. Isso é um dos motivos pelos quais é tão importante que o texto da Constituição, isto é, a política, siga bem. Precisamos disso para ajudar a resgatar situação", avaliou Michael O'Hanlon, especialista em Iraque do Instituto Brookings, em Washington. Por outro lado, apenas segurança não tornará o Iraque um oásis de investimento e prosperidade no Oriente Médio. "Segurança não é suficiente, há diversos países seguros no mundo que permanecem pobres. Segurança é parte do contexto. Liberdade econômica é a outra parte. Significando que serão protegidos os direitos de propriedade, de realizar comércio interna e externamente, liberdade de escolha", diagnosticou Ian Vasquez, do conservador Instituto Cato, também sediado na capital dos EUA. Segundo Vasquez, o Iraque não conseguirá se desenvolver economicamente enquanto a exploração do petróleo estiver nas mãos do Estado, como ocorre na maioria dos países produtores no Oriente Médio. Em seu relatório, o FMI apresenta para o Iraque uma receita neoliberal como chave para destravar impedimentos na economia. "Os diretores ressaltaram às autoridades [iraquianas] a urgência em criar políticas monetárias mais adaptáveis variando o cardápio de instrumentos para gerenciar as condições de liqüidez", afirma o texto, acrescentando: "[O Fundo] enfatizou a necessidade de as autoridades focarem seus esforços de reforma estrutural em áreas como administração tributária, sistema de pagamentos, reestruturação de empresas estatais e governança e transparência do setor de petróleo". (ID) Texto Anterior: Gestor está mais otimista, diz Merrill Lynch Próximo Texto: Análise: Mundo terá novo choque do petróleo Índice |
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