São Paulo, quinta-feira, 17 de agosto de 2006

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análise

Juros nos EUA devem ficar inalterados

GILSON SCHWARTZ
ESPECIAL PARA A FOLHA

A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor dos EUA, ontem, confirma o cenário de pausa no ciclo de alta das taxas de juros adotado pelo Fed (banco central) na sua última decisão.
A notícia é boa para os países em desenvolvimento, mas não ótima, pois a causas da inflação baixa estão sobretudo no desaquecimento da maior economia do mundo. Cresce o número de analistas que apontam para o fim do ciclo de expansão dos últimos cinco anos, comparável apenas ao "boom" do início dos anos 70.
A inflação mais baixa para o consumidor, em nível inferior ao dos três meses anteriores, justifica a decisão de interromper a alta dos juros. Mas o mercado também interpreta essa decisão como resultado da competência do BC americano para avaliar de modo objetivo e rigoroso a trajetória da economia.
Embora novas altas não estejam descartadas, a firmeza das convicções do Fed também está sob avaliação. É muito baixa a probabilidade de uma nova alta em setembro ou mesmo outubro.
O indicador de preços na produção divulgado nessa semana também confirma o cenário benevolente para a inflação. A produção industrial está abaixo do esperado. O ritmo da construção civil é cada vez menos intenso.
O círculo virtuoso entre dados e expectativas de inflação é um fato. Se o cenário de longo prazo mais provável é o de uma inevitável desaceleração da economia dos EUA, não há porque temer sustos no CPI (inflação ao consumidor) ou mesmo pressões sobre a estrutura de produção. Portanto, uma nova alta dos juros é hipótese improvável, embora ela ainda não esteja descartada.
Para Stephen Rose, analista do Morgan Stanley sempre com um olho no longo prazo, o vigor da economia mundial, vitaminada pelos EUA, já virou um canto de sereia.
O crescimento do emprego nos últimos meses está cerca de 35% abaixo da média registrada desde 2004. Não há, na economia internacional, outro país em condições de funcionar como dínamo global. O emergente mais vigoroso, a China, enfrenta um desafio antípoda -precisa esfriar a sua economia.


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