São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

Próximo Texto | Índice

MERCADO ABERTO

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Inflação provoca retração do consumo, afirma LatinPanel

Apesar do aumento recorde de 10,6% registrado pelo IBGE nas vendas do varejo no primeiro semestre, os brasileiros já começaram a diminuir a variedade de itens que põem no carrinho no supermercado.
É o que indica um estudo da LatinPanel, que acompanha semanalmente 8.200 domicílios no país e analisa 67 categorias das cestas de alimentos, bebidas, higiene pessoal e limpeza.
Segundo o levantamento, os preços médios dessas cestas subiram 7% de janeiro a junho. Alimentos, bebidas e itens para limpeza foram os que tiveram maior aumento do preço médio, com 8%, 9% e 4%, respectivamente. No período, a inflação foi de 3,64%, segundo o IPCA.
A LatinPanel mostra que houve retração de 2% no volume de compras no primeiro semestre neste ano. Os consumidores passaram a diminuir a compra de produtos de maior valor agregado. Leite de saquinho, farinha de trigo, sorvete, bolo pronto e polpa e purê de tomate foram os produtos que sofreram as maiores quedas -24%, 15%, 14%, 13% e 12%, nessa ordem.
"O consumidor ficou mais seletivo porque sua renda média não teve muitos ganhos reais. Ele precisou reduzir a quantidade de produtos comprados ou migrar para opções mais baratas", diz Fatima Merlin, diretora de varejo da empresa.
As famílias de todas as faixas de renda diminuíram o número de produtos que levam para casa. No total, passaram de 30 categorias nos seis primeiros meses de 2007 para 28 no semestre passado. As classes D e E foram as que mais restringiram a variedade -de 24 para 22.
Fatima Merlin afirma que, mesmo que o consumo tenha se retraído, as famílias não frearam bruscamente as compras. "Os brasileiros passaram por um longo período de limitação. Agora que a cesta de produtos que eles compram se sofisticou, a tendência é que façam esforço para continuar consumindo."
Mesmo com a retração, a maior parte dos analistas concorda que a queda não será suficiente para brecar o aumento dos juros que o Banco Central fará para conter a inflação.

ALBATROZ

A Helibras (Helicópteros do Brasil S/A), que fabrica helicópteros há 30 anos, atingiu US$ 105 milhões até junho em encomendas. "O resultado foi puxado pelo mercado interno", diz Julien Négrel, diretor-comercial da companhia. De 2005 até o ano passado, as vendas anuais da empresa passaram de cerca de 40 para 100 aeronaves.

ARREMATE
A galeria Bolsa de Arte fará, em São Paulo, em 6 de setembro, um leilão de fotos -será o primeiro já feito no país. "A fotografia terá status de obra-de-arte aqui", diz Jones Bergamin, dono da casa, que faz o primeiro leilão fora do Copacabana Palace. Serão vendidas obras do século 19 que retratam o Rio de Janeiro, cenas dos movimentos estudantis dos anos 60 e fotos de Vik Muniz, brasileiro radicado em Nova York -o lance inicial de uma foto do artista será de R$ 150 mil, o mais caro do leilão. Há montagens de José Oiticica e trabalhos de Alair Gomes, que fotografava rapazes nas praias do Rio na década de 1960. Uma das fotos de Gomes, que mostra um pênis em close, terá lance mínimo de R$ 5.000.

DOMINÓ

As obras da CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), no Rio, já consumiram quase 26 mil estacas. Se fossem enfileiradas, formariam uma linha de 900 quilômetros. A previsão é instalar um total de 36 mil estacas no complexo siderúrgico, todas produzidas pela CSA. O investimento total dos acionistas -a produtora de aço alemã ThyssenKrupp Steel (90%) e a Vale (10%)- é de 4,5 bilhões.

POR ENCOMENDA

João Crestana (Secovi) e Mauricio Linn Bianch (SindusCon-SP) afirmam que o aquecimento da construção civil tem provocado falta momentânea de insumos -por dias ou semanas, em geral. Como a indústria opera com cerca de 87% de sua capacidade, a oferta se reajusta e não há desabastecimento. Para Bianch, a escassez ocorre pela falta de planejamento e contribui para a importação de insumos.

CLORO

No primeiro semestre deste ano, a produção de cloro cresceu 3,2% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados. Comparado com os últimos 12 meses, o avanço foi de 1,7%. De acordo com a associação, na média, a taxa de utilização da capacidade instalada no setor foi de 90% do total de janeiro a junho de 2008.

Custo elevado afeta produtor de laticínios

O primeiro semestre não foi bom para os produtores de leite, afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite, Jorge Rubez. Segundo ele, a produção cresceu 10% no período, mas a demanda caiu, o que provocou queda de preço ao produtor.
"Já consumimos 149 litros per capita de leite por ano no país e hoje esse volume deve estar em 139 litros," disse. Para ele, a queda da demanda foi impulsionada pela alta no preço dos alimentos, que obrigou as famílias a reduzir o consumo de laticínios, priorizando produtos como arroz e feijão.
Apesar do aumento no preço do leite no varejo neste ano, os custos para o produtor cresceram em proporção maior. Na região de Campinas (SP), por exemplo, enquanto o custo do farelo de soja cresceu 7% entre maio e junho deste ano, o preço do leite ao produtor paulista aumentou 3,52%, segundo dados do Cepea.

PESQUISA

EXECUTIVO SOFRE COM INSÔNIA E COLESTEROL
O percentual de executivos brasileiros que se alimentam mal passou de 80% em 1990 para 58% neste ano, segundo pesquisa da clínica Med-Rio Check-Up. O levantamento foi feito com base em exames médicos de 32 mil executivos de 30 a 75 anos. Se, por um lado, os executivos se preocupam mais com alimentação e forma física, o nível de estresse se mantém em 70% há 18 anos. O percentual dos que sofrem com insônia passou de 16% para 23% e o colesterol, que atingia 25% dos executivos, agora alcança metade deles.


Próximo Texto: Teles ferem regra no preço da banda larga
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.