São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pescador e cortador de cana viram operários

DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)

A construção de um estaleiro no litoral de Pernambuco transformou pescadores, cortadores de cana-de-açúcar e sacoleiras da região de Ipojuca (a 57 km de Recife, PE) em operários da indústria naval.
Atraídos pelos benefícios da carteira de trabalho assinada, eles trocaram a informalidade por um salário fixo e a chance de ascensão profissional.
A remuneração, em alguns casos, é até inferior ao que recebiam como autônomos. Mas a incerteza sobre o futuro, dizem, pesou na escolha.
É o caso da operadora de maçaricos Mazilda de Souza, 36. Ex-sacoleira, ela diz que ganhava mais vendendo os artigos de cama, mesa e banho que trazia de Sergipe. "Mudei pensando no longo prazo."
Souza inscreveu-se para uma vaga na empresa pensando que trabalharia como pedreira. Foi contratada como soldadora. Pouco tempo depois, passou a operar o maçarico. "Conheci coisas que nem imaginava e que não teria como pagar para aprender", afirma.
A poucos metros de Souza trabalha a soldadora Eliese Stella da Silva, 20. Empregada pela primeira vez, ela incentivou seu marido, Josenildo Francisco da Silva, 22, a trocar o trabalho no corte da cana-de-açúcar pelo de operário.
O lavrador não teve sorte no início. Conseguiu uma vaga apenas na quarta seleção. "É melhor aqui, porque dá esperança de crescer na profissão", diz Silva. "Na cana, eu trabalhava os seis meses da safra e vivia de bico o resto do ano", afirma.
Também em busca de segurança financeira, o pescador artesanal José Marcos dos Santos, 31, deixou a atividade para se tornar auxiliar de serviços gerais no estaleiro.
Segundo ele, o impacto provocado pelo desenvolvimento do complexo industrial de Suape, onde se instalou a empresa, prejudicou a pesca na região.
Estudos feitos pela UFRPE (Universidade Federal Rural de Pernambuco) apontam a criação do porto como uma das causas dos ataques de tubarão no litoral pernambucano.
O estaleiro Atlântico Sul informou que mantém no local um programa de preservação ambiental e arqueológico.
A empresa, que se comprometeu com o governo do Estado a contratar e a treinar mão-de-obra regional, recebeu 20 mil pedidos de emprego. Selecionou até agora 1.400 pessoas e treinou 1.000 funcionários, ao custo de R$ 4.000 cada um.


Texto Anterior: NE põe em operação maior estaleiro do hemisfério Sul
Próximo Texto: OPEP poderá cortar produção de petróleo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.