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Pescador e cortador de cana viram operários
DA AGÊNCIA FOLHA, EM IPOJUCA (PE)
A construção de um estaleiro
no litoral de Pernambuco
transformou pescadores, cortadores de cana-de-açúcar e sacoleiras da região de Ipojuca (a
57 km de Recife, PE) em operários da indústria naval.
Atraídos pelos benefícios da
carteira de trabalho assinada,
eles trocaram a informalidade
por um salário fixo e a chance
de ascensão profissional.
A remuneração, em alguns
casos, é até inferior ao que recebiam como autônomos. Mas a
incerteza sobre o futuro, dizem, pesou na escolha.
É o caso da operadora de maçaricos Mazilda de Souza, 36.
Ex-sacoleira, ela diz que ganhava mais vendendo os artigos de
cama, mesa e banho que trazia
de Sergipe. "Mudei pensando
no longo prazo."
Souza inscreveu-se para uma
vaga na empresa pensando que
trabalharia como pedreira. Foi
contratada como soldadora.
Pouco tempo depois, passou a
operar o maçarico. "Conheci
coisas que nem imaginava e
que não teria como pagar para
aprender", afirma.
A poucos metros de Souza
trabalha a soldadora Eliese
Stella da Silva, 20. Empregada
pela primeira vez, ela incentivou seu marido, Josenildo
Francisco da Silva, 22, a trocar
o trabalho no corte da cana-de-açúcar pelo de operário.
O lavrador não teve sorte no
início. Conseguiu uma vaga
apenas na quarta seleção. "É
melhor aqui, porque dá esperança de crescer na profissão",
diz Silva. "Na cana, eu trabalhava os seis meses da safra e vivia
de bico o resto do ano", afirma.
Também em busca de segurança financeira, o pescador artesanal José Marcos dos Santos, 31, deixou a atividade para
se tornar auxiliar de serviços
gerais no estaleiro.
Segundo ele, o impacto provocado pelo desenvolvimento
do complexo industrial de Suape, onde se instalou a empresa,
prejudicou a pesca na região.
Estudos feitos pela UFRPE
(Universidade Federal Rural de
Pernambuco) apontam a criação do porto como uma das
causas dos ataques de tubarão
no litoral pernambucano.
O estaleiro Atlântico Sul informou que mantém no local
um programa de preservação
ambiental e arqueológico.
A empresa, que se comprometeu com o governo do Estado a contratar e a treinar mão-de-obra regional, recebeu 20
mil pedidos de emprego. Selecionou até agora 1.400 pessoas
e treinou 1.000 funcionários,
ao custo de R$ 4.000 cada um.
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