São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2002

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BANCOS

Resultado positivo deve ficar próximo de R$ 610 mi

Caixa Econômica Federal registra o maior lucro do governo FHC

NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CEF (Caixa Econômica Federal) obteve, no primeiro semestre deste ano, o maior lucro já alcançado pela estatal durante o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso.
A melhora no resultado só foi possível graças ao socorro bilionário dado pelo Tesouro Nacional aos bancos federais -a CEF inclusive- no ano passado.
A CEF encerrou o ano de 2001 com prejuízo de R$ 4,687 bilhões -um dos piores resultados obtidos por um banco nos últimos anos. Também em 2001, o governo concedeu um pacote de ajuda à instituição cujo valor ultrapassou R$ 60 bilhões.
Graças a esse socorro, a CEF inverteu sua situação financeira no início deste ano. Apenas entre janeiro e maio, a CEF obteve lucro de R$ 610,336 milhões, segundo balancetes entregues ao Banco Central.
Desde 1995, o melhor resultado obtido pela estatal em um primeiro semestre havia ocorrido em 1997, quando obteve lucro de R$ 308,197 milhões.
Os números finais do primeiro semestre devem ser divulgados oficialmente hoje. Segundo a Folha apurou, o lucro obtido entre janeiro e junho ficou próximo dos R$ 610 milhões acumulados até maio.

Socorro bilionário
Em junho do ano passado, o governo criou o Proef (Programa de Fortalecimento das Instituições Financeiras Federais), com o objetivo de socorrer bancos federais que enfrentavam dificuldades financeiras.
Embora tenha beneficiado também os bancos do Brasil, do Nordeste e da Amazônia, a CEF era a instituição que mais precisava da ajuda do Tesouro.
O Proef injetou R$ 12,5 bilhões nos quatro bancos. Desse total, R$ 9,35 bilhões foram para a CEF. Esse dinheiro serviu para reforçar o patrimônio líquido da estatal, colocando-a no nível mínimo exigido pelo Banco Central para que mantivesse suas operações.
Além disso, o Tesouro Nacional assumiu R$ 53,5 bilhões em créditos podres. A maior parte desse dinheiro se referia a financiamentos habitacionais concedidos pela CEF e que dificilmente seriam pagos. O governo federal ficou com as dívidas e, em troca, deu à estatal o mesmo valor em títulos públicos.
Depois dessa reestruturação nas suas contas, a CEF também limitou a concessão de financiamentos habitacionais. Essas operações não são muito rentáveis aos bancos por causa das taxas de juros cobradas nos empréstimos -mais baixas do que nas outras modalidades de crédito- e da elevada inadimplência.
No final de agosto de 2001, a CEF suspendeu o financiamento de imóveis para famílias de classe média, com renda superior a 12 salários mínimos. A concessão desses empréstimos só foi retomada depois que a estatal recebeu R$ 1 bilhão do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), em janeiro deste ano.


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