São Paulo, domingo, 17 de setembro de 2006

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Salário do brasileiro só é menos taxado que o do dinamarquês

DA REPORTAGEM LOCAL

A carga tributária sobre o salário do brasileiro é uma das maiores do mundo, só perdendo para a taxação do trabalhador dinamarquês. A tributação é suportada tanto pelo empregado como pelo patrão.
A forte taxação é um dos fatores que alimentam a informalidade no país, segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário), entidade que reúne profissionais do setor que se dedicam a estudos tributários de natureza institucional, setorial e empresarial.
Outro estudo do instituto mostra que, em 2005, a média da tributação sobre os salários no Brasil ficou em 42,50%. Em 2003 era de 42,15% e, um ano antes, de 41,71% (ver quadro acima). Na Dinamarca, a carga média foi de 42,9% em 2004 (último dado disponível).
O estudo do IBPT considera a tributação suportada pelos empregados (contribuição ao INSS ou aos institutos de previdência dos Estados e dos municípios e o IR da pessoa física retido mensalmente na fonte).
No caso das empresas, são considerados os encargos sobre a folha de salários, como a contribuição ao INSS e as referentes ao Sesi, Senai, Sesc, Senac, seguro de acidentes do trabalho, salário-educação etc.
O estudo é feito por faixa salarial, em número de salários mínimos. Para uma renda mensal de dois mínimos (hoje, R$ 700), o trabalhador tem o desconto apenas da contribuição ao INSS, que é de 7,65%.
Já o patrão tem de arcar com uma carga bem maior, de 39,15%. Assim, o empregado tem desconto de R$ 53,55, recebendo R$ 646,45, enquanto o patrão terá de pagar R$ 220,50 de tributos.

Riqueza adicional
Segundo Gilberto Luiz do Amaral, presidente do IBPT, com a carga tributária de 37,5% do PIB registrada em 2005, uma pessoa precisa gerar riqueza de R$ 32 mil para comprar um bem de R$ 20 mil.
Para facilitar o cálculo, ele usa a média entre os 37,82% da carga calculada pelo IBPT e os 37,37% da Receita Federal. Como a taxação é de 37,5%, é preciso ganhar R$ 32 mil (geração de riqueza) para ficar com R$ 20 mil líquidos -os restantes R$ 12 mil vão para os fiscos. Para comprar um imóvel de R$ 100 mil, será preciso gerar uma riqueza de R$ 160 mil. (MC)


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