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BNDES deverá ser a principal fonte de financiamento
Com crédito mais escasso e caro, governo deve reforçar papel do banco, segundo representantes do setor industrial
Já se negocia o aumento
dos repasses do FAT e do Tesouro Nacional para financiar planos das indústrias brasileiras
DA REPORTAGEM LOCAL
O BNDES deverá ser a principal fonte de financiamento das
indústrias brasileiras -com a
escassez e o encarecimento de
crédito externo- em decorrência da crise do setor bancário
nos EUA, na avaliação de representantes do setor industrial.
E o BNDES já negocia com o
governo o aumento dos repasses do FAT (Fundo de Amparo
ao Trabalhador) e do Tesouro
Nacional para dar conta de financiar planos de investimentos das indústrias brasileiras.
Fernando Puga, chefe do departamento de Análises Econômicas do BNDES, diz que o
banco será o "colchão" que garantirá o investimento de longo
prazo das empresas, especialmente agora com a crise mais
intensa nos EUA. Neste ano, o
banco quer aprovar financiamentos de R$ 84 bilhões.
O sistema bancário doméstico está intacto "e o governo
brasileiro deve reforçar neste
momento o papel do BNDES, já
que muitas empresas não terão
alternativas de crédito lá fora",
afirma Júlio Gomes de Almeida, assessor econômico do Iedi
(Instituto de Estudos para o
Desenvolvimento Industrial).
Na sua avaliação, se a crise
nos Estados Unidos se agravar,
o que ele acredita que deve
acontecer, investimentos de
empresas brasileiras no exterior poderão até ser revistos.
Armando Monteiro, presidente da CNI (Confederação
Nacional da Indústria), diz que
a crise preocupa. "Já havia um
movimento de turbulência e
essa percepção ficou agora
mais evidente. Vamos passar
por um momento de contração
de crédito no mundo e isso vai
afetar os investimentos. Não
sentimos esse efeito, mas virá."
Para Jackson Schneider, presidente da Anfavea, associação
das montadoras de veículos, é
cedo para fazer avaliação sobre
o impacto da crise no Brasil.
"O Brasil não está fora de
sentir os efeitos da crise e é fundamental que o país acompanhe de perto quais as conseqüências que poderá ter na economia brasileira. Neste ano,
nada muda. Agora, no ano que
vem, dependendo da extensão
da crise, poderemos crescer
menos do que o previsto."
Na sua avaliação, se cair o
custo dos ativos no exterior, é
possível até que as empresas
brasileiras aproveitem essa
oportunidade para crescer no
mercado internacional.
Benjamin Steinbruch, presidente da CSN, afirma que a
conjuntura econômica favorece o crescimento do Brasil, que
está com as contas em dia em
um contexto de crise mundial.
"Tanto as empresas brasileiras quanto o sistema financeiro
e o país como um todo estão em
posição diferenciada." No 5º
Fórum de Economia da FGV
(Fundação Getúlio Vargas),
Steinbruch defendeu o aumento da oferta de crédito pelo governo como forma de sustentar
o consumo interno e garantir o
crescimento econômico.
O presidente do conselho do
grupo Ultra, Paulo Cunha,
acredita que a crise internacional vá provocar redução no ritmo de crescimento do grupo.
"Nós temos andado depressa.
Faturamos R$ 5 bilhões em
2005 e devemos faturar R$ 25
bilhões neste ano." Para ele, o
momento não é favorável à realização de investimentos.
Para Sérgio Watanabe, presidente do Sinduscon SP, a eventual escassez de crédito que
possa ocorrer no mercado internacional pode ser um problema para o setor. "Essa crise
de liquidez vai afetar o mercado
da construção civil não neste
ano, mas, sim, no ano que vem."
(AGNALDO BRITO, FÁTIMA FERNANDES e MARINA GAZZONI)
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