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Vendas do comércio caem após quatro meses em alta
Queda em julho foi de 0,2%, sob influência da inflação e dos juros, segundo o IBGE
Em relação a julho de 2007, as vendas cresceram 11%, impulsionadas pelos aumentos do emprego,
da renda e do crédito
CIRILO JUNIOR
DA FOLHA ONLINE, NO RIO
As vendas do comércio caíram pela primeira vez após
quatro meses em alta, informou ontem o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Em julho, houve retração de 0,2% em relação ao mês
anterior, o que indica um quadro de acomodação, com tendência de desaceleração no
curto prazo, segundo o coordenador de Comércio e Serviços
do IBGE, Reinaldo Pereira.
O indicador pode ter sido influenciado, segundo o economista, pela alta da inflação naquele mês e pelo processo de
elevação da taxa de juros por
parte do Banco Central.
"A inflação e a taxa de juros
podem estar afetando o comércio. Na comparação com julho
de 2007, vários setores apresentam crescimento, mas em
ritmo menor do que em meses
anteriores", afirmou.
Pereira explicou que sinais
de desaceleração foram constatados ao se observar a média
móvel trimestral das vendas do
comércio. Na média dos últimos três meses encerrados em
julho, houve alta de 0,63% ante
o período imediatamente anterior; no mesmo índice terminado em junho, a alta chegava a
0,84%; nos últimos três meses
finalizados em maio, o crescimento alcançou 0,99%.
Na comparação com julho de
2007, as vendas cresceram 11%,
influenciadas pelo cenário positivo da economia, com aumento do emprego e da renda,
além da expansão do crédito.
No acumulado do ano, o comércio cresceu 10,6% na comparação com o período de janeiro a julho de 2007. No acumulado dos últimos 12 meses
encerrados em julho, as vendas
cresceram 10,2%.
No caso da inflação, a principal influência ocorreu sobre o
setor de hiper, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas
e fumo, que teve retração de
0,2% em relação a junho. Na
comparação com julho de
2007, houve aumento de 5,4%.
No comércio varejista ampliado, que engloba os setores
de material de construção e automobilístico, houve altas de
1% ante junho e de 16,5% em
relação a julho de 2007.
A crise externa deverá causar
algum impacto nas vendas do
comércio no fim do ano, segundo o diretor-executivo do Instituto do Desenvolvimento para
o Varejo, Emerson Kapaz. Ele
classificou o resultado de julho
como uma acomodação saudável. "É normal haver mais contenção de crédito numa situação dessa. Mas o comércio continuará crescendo. Haverá uma
desaceleração sem gravidade."
Para Luiz Góes, diretor de Inteligência de Mercado da consultoria Gouvêa e Souza MD,
deverá haver mais restrição ao
crédito a setores ligados a eletroeletrônicos e informática.
"Há um quadro que indica desaceleração. Os dados recentes
da indústria mostram que os
estoques estão aumentando."
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