São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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Mercado Aberto

MARIA CRISTINA FRIAS - cristina.frias@uol.com.br

Lucro das siderúrgicas cai 60% no 1º semestre, afirma Serasa

A receita e o lucro líquido das companhias siderúrgicas brasileiras encolheram 28% e 61%, respectivamente, no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2008. É o que revela um estudo da Serasa Experian, com base no balanço das maiores empresas do país.
Segundo Marcos Abreu, economista da Serasa, o resultado é reflexo da queda na demanda global por aço provocada pela crise econômica.
O vice-presidente-executivo do Instituto Aço Brasil, Marco Polo Lopes, diz que os dados refletem a realidade do setor no primeiro semestre, quando a atividade ficou 50% abaixo da capacidade de produção.
Segundo Lopes, as vendas domésticas de aço caíram até 60% no fim de 2008, o que ampliou a necessidade de exportação. As siderúrgicas vendem para o exterior, tradicionalmente, mais de 30% da produção.
"Nos voltamos para o mercado externo e vimos uma situação pior. Por isso, tomamos a decisão histórica de desligar 6 dos 14 alto-fornos do Brasil."
As siderúrgicas começaram a sentir sinais de recuperação em julho no mercado interno. Hoje, apenas dois alto-fornos estão desligados e a produção de aço está em torno de 70% da capacidade, segundo o Aço Brasil.
"Mas operar abaixo de 80% da capacidade traz perdas para o setor", diz Lopes.
Com a produção em nível fraco, o instituto prevê que as siderúrgicas segurem investimentos em expansão.
Segundo Lopes, apenas três empresas vão dar continuidade aos seus projetos de expansão em 2010 - CSA (Companhia Siderúrgica do Atlântico), Votorantim Siderurgia e Vallourec & Mannesmann.
"Com esses três projetos, a capacidade de produção de aço no Brasil sobe para 48 milhões de toneladas. É 100% acima da demanda do mercado interno."
No mundo, estima-se que o excedente de oferta de aço seja de 400 milhões de toneladas em 2010. "Não faz sentido discutir expansão neste momento."

MUDANÇA

No dia 28, a BTG, rebatizada de BTG Pactual, já deverá estar de volta ao endereço na avenida Faria Lima, em São Paulo, que já foi do Pactual e do UBS Pactual. Ao transferir-se para a nova casa, o banco chega mais leve. Anteontem, mais de 20 sócios antigos assinaram um acordo e formalizaram a sua saída do Pactual. Houve briga? "Nada de briga; mas em um banco de negócios, as pessoas gostam de negociar", afirmou um dos sócios que permanecem ao lado de André Esteves e Persio Arida.

MUDANÇA 2

Os executivos que deixam o grupo embolsarão, juntos, cerca de R$ 700 milhões. A maior parte agora (76%) e o restante em parcelas semestrais, até julho de 2011. O acordo resolve uma pendência de 2006, quando o Pactual foi comprado pelo UBS, por cerca de US$ 2,5 bilhões. Em abril, o banco foi recomprado pelo grupo de Esteves, embora com patrimônio menor. A dívida do banco suíço com os executivos do Pactual entrou como parte do negócio.

CURVA ACELERADA

A Mini Cooper, marca de veículos do Grupo BMW, dobrou a produção na fábrica da Inglaterra destinada ao mercado brasileiro para atender à demanda do país. Segundo o diretor da marca no Brasil, Martin Fritsches, dois dos três modelos disponíveis no país têm fila de espera nas concessionárias. A Mini Cooper está desviando lotes destinados a outros mercados para o Brasil. "A redução do IPI e o interesse por carros pequenos, mas de luxo, nas grandes cidades, impulsionaram as vendas", diz. A previsão inicial da Mini Cooper era vender 400 carros em 2009. A marca já atingiu essa meta e agora mira a venda de mil carros no ano. O resultado fez a Mini Cooper antecipar para a próxima semana o lançamento de um modelo conversível no Brasil, que custará R$ 114.900. A marca também vai abrir concessionárias em Porto Alegre e Belo Horizonte.

IMIGRAÇÃO
As remessas de dinheiro de estrangeiros que vivem no Brasil para suas famílias no exterior se recuperam da crise, segundo a ABMTransf (associação de empresas de serviços de microtransferência de dinheiro). Em junho, o número retomou patamares de igual período de 2008, com US$ 57 milhões, segundo dados do BC.

CARA NOVA
O site do Banco do Brasil está com um novo layout a partir de hoje. A mudança visa facilitar a localização das transações bancárias disponíveis na plataforma pelos clientes. O endereço permanece o mesmo -bb.com.br. As mudanças aplicadas foram desenvolvidas a partir de sugestões dos clientes.

"Governo não tem que compensar perdas de Estados"

O ministro Paulo Bernardo, do Planejamento, declarou ontem que não foram alocados recursos no Orçamento Geral da União para compensar as perdas dos Estados com a Lei Kandir porque "não há determinação legal para isso".
A lei, que estabelece o ressarcimento pela desoneração de ICMS nas exportações, deveria valer até o ano 2000 e foi prorrogada por lei complementar até 2006.
"O assunto terá de ser resolvido no Congresso, se este assim o desejar", diz o ministro. Anteontem, os governadores José Serra, de São Paulo, e Aécio Neves, de Minas, defenderam mobilização contra a decisão federal de não mais repassar recursos para compensar perdas dos Estados com a desoneração.
Para o jurista Ives Gandra Martins, "o governo federal está em débito com os Estados porque não calculou nem pagou corretamente aos Estados por anos".

PÓS-CRISE

O índice de confiança do consumidor paulistano, que a Fecomercio SP divulga hoje, segue em alta, com crescimento de 4,5% em setembro, ante agosto. Com 146,1 pontos, o indicador se aproxima dos altos níveis registrados em abril de 2008, quando começou a cair.


com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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