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ANÁLISE
Recuperação da economia se generalizou
FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA
Se os números do PIB no 2º
trimestre foram um pouco melhores do que antecipavam os
analistas, o desempenho do
emprego formal em agosto foi
uma surpresa positiva mais nítida. O saldo global entre admissões e demissões (242 mil)
foi bem maior do que se estimava e significou um aumento expressivo, de 0,5% sobre julho,
do estoque de empregados formais no Brasil (pelos cálculos
da LCA). Além disso, a melhora
foi generalizada entre os grandes setores da economia.
A exceção, à primeira vista,
seria o setor agropecuário, que
em agosto demitiu mais do que
contratou. Mas esse resultado
esteve muito ligado à sazonalidade: feito o ajustamento dos
dados, constata-se que o estoque de empregados formais do
setor se estabilizou, interrompendo uma sequência de 11 meses de retração.
Na agropecuária, portanto, a
melhora foi na verdade apenas
um estancamento da piora precedente. Já na construção civil,
agosto foi o sétimo mês consecutivo em que o estoque de empregados formais aumentou. E
dessa vez o aumento foi mais
expressivo (1,3% na comparação com julho).
Nos setores que têm maior
peso no total de celetistas
-serviços (perto de 40%), comércio (23%) e indústria
(25%)-, a alta das contratações
de julho para agosto foi magnificada por influências sazonais,
mas, mesmo descontadas essas
influências, a alta foi relevante.
No comércio, a geração líquida
de postos superou a do mesmo
mês de 2008; e, nos serviços, foi
apenas ligeiramente menor.
A recuperação mais significativa foi aquela observada na indústria -de longe o setor em
que a crise global vinha provocando uma deterioração mais
relevante do emprego formal.
As razões dessa maior sensibilidade do emprego industrial são
claras: as vendas do setor dependem mais da confiança, do
crédito e do mercado externo.
Alguns segmentos dentro da
indústria se destacaram em
agosto: metalurgia, mecânica,
material elétrico e de comunicações e material de transporte. Não por acaso, são segmentos que produzem bens de capital e bens de consumo duráveis
e que lideraram o fechamento
de vagas na virada de 2008 para
2009.
Em relação aos níveis pré-crise, é sobretudo nesses segmentos que ainda se observa
uma redução importante do nível de emprego. Mas também
importante é a sinalização de
que começaram a se recuperar.
FERNANDO SAMPAIO , economista,
é sócio-diretor da LCA Consultores.
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