São Paulo, quinta-feira, 17 de setembro de 2009

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ANÁLISE

Recuperação da economia se generalizou

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Se os números do PIB no 2º trimestre foram um pouco melhores do que antecipavam os analistas, o desempenho do emprego formal em agosto foi uma surpresa positiva mais nítida. O saldo global entre admissões e demissões (242 mil) foi bem maior do que se estimava e significou um aumento expressivo, de 0,5% sobre julho, do estoque de empregados formais no Brasil (pelos cálculos da LCA). Além disso, a melhora foi generalizada entre os grandes setores da economia.
A exceção, à primeira vista, seria o setor agropecuário, que em agosto demitiu mais do que contratou. Mas esse resultado esteve muito ligado à sazonalidade: feito o ajustamento dos dados, constata-se que o estoque de empregados formais do setor se estabilizou, interrompendo uma sequência de 11 meses de retração.
Na agropecuária, portanto, a melhora foi na verdade apenas um estancamento da piora precedente. Já na construção civil, agosto foi o sétimo mês consecutivo em que o estoque de empregados formais aumentou. E dessa vez o aumento foi mais expressivo (1,3% na comparação com julho).
Nos setores que têm maior peso no total de celetistas -serviços (perto de 40%), comércio (23%) e indústria (25%)-, a alta das contratações de julho para agosto foi magnificada por influências sazonais, mas, mesmo descontadas essas influências, a alta foi relevante.
No comércio, a geração líquida de postos superou a do mesmo mês de 2008; e, nos serviços, foi apenas ligeiramente menor.
A recuperação mais significativa foi aquela observada na indústria -de longe o setor em que a crise global vinha provocando uma deterioração mais relevante do emprego formal.
As razões dessa maior sensibilidade do emprego industrial são claras: as vendas do setor dependem mais da confiança, do crédito e do mercado externo.
Alguns segmentos dentro da indústria se destacaram em agosto: metalurgia, mecânica, material elétrico e de comunicações e material de transporte. Não por acaso, são segmentos que produzem bens de capital e bens de consumo duráveis e que lideraram o fechamento de vagas na virada de 2008 para 2009.
Em relação aos níveis pré-crise, é sobretudo nesses segmentos que ainda se observa uma redução importante do nível de emprego. Mas também importante é a sinalização de que começaram a se recuperar.


FERNANDO SAMPAIO , economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.


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